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E você aí achando que a política tarifária da Uber é perversa só no Brasil, né? Pois pode ir repensando essa ideia. Um testemunho recente do nosso colega Guilherme Vargas, brasileiro que dirige na Inglaterra, mostra que a Uber trata os motoristas por lá do mesmo jeito que trata aqui: com descaso, espreme as tarifas até o último centavo e repassa migalhas pra quem tá nas ruas carregando passageiro dia e noite.
“Essa corrida que no mínimo era 35 e eu recusava. Eu só pegava acima de 40… hoje caiu por 28 libras.” Essa foi a primeira bomba que Guilherme compartilhou com a gente direto de Londres. E não estamos falando de um lugar qualquer, estamos falando da Inglaterra, terra da libra esterlina, uma das moedas mais fortes do mundo. Ainda assim, a Uber consegue destruir o valor das corridas: “A coisa tá feia. A Uber está cada vez mais espremendo o preço das corridas”, disse ele, com razão.
E não é só o Guilherme que tá reclamando, não. Depois dessa queda absurda nas tarifas, saiu matéria no jornal The Guardian, um dos principais da Inglaterra, falando sobre um tal de “algoritmo secreto” que teria sido introduzido pela Uber. Resultado? As tarifas despencaram. E quem sente isso na pele são os motoristas do UberX, tanto em Londres quanto aqui no Brasil.
Pra quem ainda duvida que o Claudião fala a verdade quando diz que a Uber é uma empresa perversa, aí está mais uma prova, como o Guilherme mesmo disse: “Antigamente a gente costumava pegar duas libras por milha, 2,50 por milha. Aí foi caindo pra 1,80, 1,50… hoje, o máximo que eu consigo fazer na média semanal é 1,15 por milha”. Ou seja, a mesma canibalização de preços que a gente vê por aqui, também tá rolando na terra da rainha.
A diferença é que o custo de vida lá ainda é um pouco mais viável por causa da moeda forte. Mas até quando? O que já era ruim, tá ficando insustentável. E Guilherme mandou o recado direto: “Dona Uber, por favor, vamos rever isso daí, né? Vamos ajudar quem ajuda vocês de verdade, que somos nós, os motoristas que estamos aqui na rua”. O passageiro não tem culpa. Ele paga o que aparece na tela. Mas a Uber cobra o que quer e repassa cada vez menos pra quem tá no volante. Isso é global. Isso é padrão Uber.
Agora, olha o absurdo: tem motorista brasileiro que ainda pensa em sair do país pra tentar a sorte fazendo Uber na Europa. Não é fácil se legalizar por lá, mas tem gente que tenta, e quando consegue, já pensa em abrir o aplicativo e começar a corrida. Aí eu te pergunto: vale a pena sair do Brasil pra ser refém da mesma política de vem e vem da Uber? Ou, como eu diria, da política de canibalização sem fronteiras.
Não estou dizendo pra você desistir do seu sonho de morar fora. Vá, lute, se legalize, conquiste sua cidadania. Mas pensa em fazer outra coisa, meu filho, porque ser motorista da Uber, aqui ou lá fora, vai ser sempre sinônimo de instabilidade, desvalorização e injustiça.
Não se iluda, meu amigo: a Uber é uma multinacional e, como toda grande empresa, só pensa em lucro. Ela aplica o mesmo modelo de exploração em qualquer lugar do mundo. Pode até parecer que vai ser melhor por causa da moeda… mas a perversidade é exatamente igual, não há para onde fugir.
Consegui te ajudar com as informações de hoje? Deixa aqui nos comentários: você ainda pensa em ser motorista Uber fora do Brasil ou esse relato já te fez pensar duas vezes?
Por hoje é só. Um abraço e até o próximo encontro. Fui!