A Uber anunciou que motoristas e entregadores poderão pedir o banimento de passageiros que fizerem denúncias falsas. A medida foi confirmada pelo CEO da empresa, Dara Khosrowshahi, e divulgada recentemente. A iniciativa promete mais justiça nas avaliações e punições aplicadas aos motoristas, mas, na prática, quem está no volante ainda enfrenta o peso da burocracia e a falta de transparência da plataforma.
A partir de agora, motoristas de aplicativo também podem dar ban em passageiros, segundo a nova política da Uber. A promessa é boa, mas não é tão simples quanto parece. Não vai achando que é fácil dar ban no passageiro, não. Pro nosso lado, o mais fraco da corda, tudo é mais difícil.
Quem roda nas plataformas sabe: basta o passageiro fazer uma denúncia, mesmo que seja mentira, e o motorista pode ser banido. A Uber não está dentro do carro, e qualquer relato pode virar punição. Por causa disso, a declaração do CEO foi vista como um avanço.
Se você receber uma denúncia falsa e conseguir provar isso, com gravação de áudio ou vídeo, a Uber tomará providências — podendo até remover o passageiro permanentemente da plataforma.
Ou seja, a empresa agora reconhece que existem passageiros de má-fé e promete punir quem inventar histórias. Mas há um porém importante: o motorista precisa provar a inocência. É ele quem tem que reunir as provas — e é aí que a dificuldade começa.
O CEO cita que a gravação pode ser feita dentro do próprio aplicativo, por áudio ou vídeo. Mesmo assim, a recomendação entre motoristas é clara: se você não tem câmera veicular, tenha. É muito importante justamente para se proteger dessas situações. Se a gravação for feita pelo sistema da Uber, só a empresa tem acesso ao arquivo. O motorista não pode baixar nem usar o vídeo em sua defesa, a não ser por ordem judicial. Ou seja, quem quer se garantir precisa ter sua própria câmera, ou usar aplicativos gratuitos que gravam o trajeto.
Mas há um outro problema sério. Mesmo com a nova política, a Uber não informa qual corrida gerou a denúncia.
Eles me mandaram mensagem dizendo que eu tive problema com um passageiro e pediram pra enviar provas. Mas não disseram nem qual foi a corrida. Como eu vou provar o que não aconteceu?. Isso significa que o motorista teria que gravar todas as corridas — 20, 30 por dia, 250 por semana — só pra ter chance de se defender.
Apesar disso, o reconhecimento da Uber de que existem passageiros de má-fé é um passo importante. É bom que a Uber finalmente entenda que tem passageiro que viaja pra prejudicar o motorista. Mas, do jeito que ela trabalha hoje, continua difícil pra gente se defender.
A ideia é boa: agora o motorista também pode pedir o banimento do passageiro em caso de denúncia falsa. Mas o sistema ainda é desigual. É uma iniciativa que precisa evoluir muito. A Uber entendeu que não está dentro do carro — e, finalmente, a gente pode reverter o ban pra quem inventa história. Mas provar isso ainda é o grande desafio.
E você, motorista? Já passou por alguma denúncia falsa?