Hoje, eu quero abrir os olhos sobre uma das maiores armadilhas do nosso trabalho: o dinheiro rápido, o dinheiro instantâneo. Muita gente entra nos aplicativos, coloca gasolina, bota dinheiro no bolso e pensa: “Tô ganhando bem: faturando R$ 400, gastando R$ 100, está sobrando R$ 300 no bolso”. Só que o que eu vejo é motorista confundindo o dinheiro que entra com o dinheiro que sobra.
E aí, esquece dos custos invisíveis. Você roda, faz R$ 350, R$ 400, R$ 500 por dia e não considera a manutenção, o IPVA, a multa, o seguro. Muitos começam com um carro quitado ou simples e acham que estão ganhando bem. Outros, na empolgação, já assumem a parcela alta de um carro novo, só que não têm noção de quanto isso vai custar em um, dois, três anos de aplicativo.
Dá pra aumentar o custo de vida trabalhando com apps?
Outro erro comum é aumentar o custo de vida junto com o faturamento. Faz R$ 450, gasta R$ 100 de combustível, leva marmita, acha que o resto é lucro. Aí vai no shopping, compra televisão de 50 polegadas, celular novo, presente para a esposa… E esquece de fazer o básico: reservar para o carro, que é o que coloca dinheiro no bolso.
E eu tenho certeza que muita gente não vai concordar, mas você é responsável pela gestão do seu negócio. Tem que tratar o carro como empresa.
As plataformas vão sempre tentar te vender corrida ruim como se fosse boa. Só que se você não souber fazer conta, vai acabar aceitando. A corrida pode até parecer interessante, mas leva para uma região sem retorno. Você roda muito, ganha pouco e, no final, paga para trabalhar.
Vou dar dois exemplos que vejo na minha cidade. O motorista que roda nas quebradas, pega vias ruins, cheias de buracos e lombadas, gasta suspensão, bate a frente do carro. Esse desgaste vai aparecer na manutenção. E tem o motorista que roda nos bairros centrais, enfrenta menos buracos, mas corre mais risco de multa, porque a fiscalização é maior. No fim, de um lado ou de outro, o custo aparece.
Sabe qual é o dinheiro mais precioso do motorista? E não é papo de coach
Quando eu falo em reserva de emergência, não é papo de classe média alta ou de coach, é necessidade. Imprevistos vão acontecer, você vai ter gasto com manutenção, pode tomar multa, pode bater o carro. Não importa se o carro é zero quilômetro, guarda, pelo menos, R$ 100 por semana.
Se passar seis meses sem gastar nada, quando precisar, o dinheiro vai estar lá. Só que a maioria não faz isso, a galera só considera a gasolina e ainda aumenta o custo de vida com compras, cartão de crédito, dívidas. Aí, quando chega a hora de pagar manutenção ou licenciamento, não tem dinheiro. É nesse ponto que muito motorista quebra, começa com um carro quitado e sai devendo mais do que quando entrou no aplicativo.
O que você fatura hoje, 40% a 55% vai ficar no carro. Combustível, manutenção, seguro, aluguel ou prestação… Isso, para quem fatura no mínimo R$ 400 por dia. Se faturar menos, a margem cai ainda mais.
Tem gente que diz: “Eu faturo R$ 3 mil por semana, ganho R$ 12 mil no mês”. Não, isso é faturamento. O lucro real vai ser R$ 5 mil, R$ 6 mil, às vezes, menos. É mais fácil acreditar nessa realidade do que dar um passo maior que a perna, se endividar e acabar pior do que quando começou.
O dinheiro mais precioso que você tem não é o faturamento, é a reserva, o valor que separa para a manutenção. Esse é o dinheiro que vai te salvar quando o carro quebrar, quando você ficar doente, quando aparecer um imprevisto. Então, guarde. Se roda no UberX, guarda R$ 100 por semana. No Comfort, de R$ 100 a R$ 150. No Black, de R$ 150 a R$ 200. Parece muito, mas é o que vai manter seu carro rodando e o seu negócio vivo.
No fim das contas, saiba que o seu salário não é o que entra, é o que sobra. Quem entende isso sobrevive no aplicativo. Quem ignora, quebra.
Quero saber a sua opinião: você guarda uma parte do que fatura para o carro ou ainda cai na ilusão do dinheiro rápido? Deixe seu comentário.