Você acredita que um passageiro me denunciou para a Uber? E o motivo? Algo extremamente idiota. E, como era de se esperar, a Uber fez o quê? Acreditou. Mandou um textão, puxou a orelha e ameaçou punição, tudo baseado na palavra do passageiro.
A história pode parecer absurda, mas levanta uma questão importantíssima: o que fazer quando o passageiro mente e a Uber simplesmente compra a versão dele como verdade?
Pediu para “jogar pra próxima”… e não gostou da resposta
A corrida era de apenas R$ 11. A passageira entrou no carro, puxou papo e perguntou: “Fernando, você joga pra próxima?”. Eu, me fazendo de desentendido, respondi: “O que é isso?”.
Mesmo depois que ela explicou que era aquele negócio de colocar para pagar na próxima corrida, eu continuei dizendo que não sabia do que se tratava: “Nunca vi no meu aplicativo alguma função, botão ou qualquer coisa escrita ‘jogar pra próxima’. Você sabe?”.
Resultado: percebi que a passageira ficou brava, chateada. Fez o pagamento por Pix, saiu do carro sem falar mais nada… e tempos depois, veio a surpresa.
A prova da acusação contra mim? Nenhuma
Dias depois, recebi uma notificação da Uber: “Seu comportamento não está de acordo com o código de conduta da comunidade Uber”. Tudo baseado em uma única reclamação da passageira, que alegou um “desentendimento verbal”.
Eu não xinguei, não briguei, não fiz nada, apenas disse que não sabia do que ela estava falando, e foi o suficiente para ser ameaçado de punição pela plataforma.
Por que não simplesmente aceitar e jogar pra próxima?
Muita gente poderia se perguntar por que eu não joguei logo pra próxima e evitei dor de cabeça? Tem momentos que eu gosto de fazer esse teste, de testar o passageiro. Me fazendo de desentendido, como um motorista iniciante, só para ver como o passageiro reage.
A Uber ensina algum motorista a usar essa função? O motorista aprende da pior forma possível. Além disso, a função tem limites, tanto para o motorista quanto para o passageiro. Em algum momento, ela para de funcionar, e aí começa a dor de cabeça para cobrar corridas que o passageiro já “jogou” para o futuro.
Essa prática, que virou moda no Brasil, sequer tem nome oficial. A Uber já soltou nota dizendo que o nome real da função é “outro valor”, uma ferramenta criada para ajudar o motorista quando ele não tem troco. Não foi feita para uso recorrente nem para atender pedidos aleatórios de passageiros.
Mas virou bagunça, passageiros exigem a função como se fosse um direito e se o motorista se recusa, vira desentendimento, vira denúncia, e adivinha quem leva a culpa?
Como se proteger quando o passageiro mente?
A grande dica é: registre tudo. Recomendo ter uma câmera veicular e, de preferência, também usar o aplicativo GigU, que transforma o celular em uma câmera secreta.
Além disso, é essencial sinalizar o carro com adesivos de que a corrida está sendo gravada e cadastrar a câmera na Uber. Isso pode fazer o passageiro pensar duas vezes antes de inventar alguma história, porque, se você não grava, é a palavra do passageiro contra a sua. E o passageiro sempre tem mais peso para a Uber do que nós, motoristas.
Se você quer atender o pedido do passageiro, tudo bem, mas faça sabendo dos riscos. A função tem limite, nem sempre funciona e, no fim das contas, quem se complica é o motorista.
E você, o que acha? Estou maluco ou tenho razão? Quero saber sua opinião.