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Nova função da Uber deixa passageiras escolherem motoristas mulheres, mas tem uma pegadinha: 90% dos motoristas são homens

Passageiras agora podem escolher andar só com motoristas mulheres, e motorista homem que lute.

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Opinião
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Foto: Fernando Floripa para 55content

Fala aí, motorista! Polêmica: mais uma daquelas novidades do aplicativo que, como sempre, vem cheia de pegadinha. A Uber anunciou nos últimos dias uma nova função. Agora, passageiras mulheres vão poder escolher se querem ser atendidas por motoristas mulheres. Vem comigo que eu quero te contar tudo agora.

A ideia da Uber é permitir que passageiras mulheres escolham se um motorista que vai vir atendê-las vai ser homem ou vai ser mulher. Da mesma forma que, hoje, as motoristas mulheres já podem escolher, podem entrar no seu aplicativo de motorista e colocar: “Quero só passageira mulher”. Mas nós, motoristas homens, corremos o risco de ver as corridas diminuírem, e o ganho cair junto.

E essa nova função é enganação. A Uber, na verdade, não tá querendo resolver o problema, só tá querendo “tirar o dela da reta”. Primeiro, ela tá prometendo algo que ela não vai poder entregar.

A Uber vai mesmo atender às mulheres?

Vamos analisar os números. Hoje, quando a gente olha passageiros, da Uber e 99, as pesquisas falam: metade dos passageiros são homens e metade são mulheres. Mas, no meu dia a dia, pelo menos na minha percepção, a maioria é mulher, mais da metade. Não sei se você tem essa percepção. Por outro lado, a minoria são motoristas mulheres. Segundo estatísticas, 90% dos motoristas são homens. Só 10% são mulheres. Como é que a Uber quer prometer pra passageira que ela vai conseguir uma mulher pra cada corrida?

Mas não para por aí. Essa função, na real, é pra proteger a própria Uber. Se acontecer algum problema, sabe o que o aplicativo vai dizer? “Ué, mas você não ativou a opção? Você que escolheu andar com motorista homem.”
Ou seja, a responsabilidade sai do colo da plataforma e vai direto pro da passageira. E, por tabela, cai no nosso colo também.

Se o aplicativo realmente estivesse preocupado com segurança, ele investiria em qualificação, em treinamento, em filtro de entrada. A Uber deveria cuidar pra que todo motorista novo que entra na plataforma estivesse preparado pra atender bem, com profissionalismo. Mas o que a Uber faz? Cadastra, cadastra, cadastra. Sem critério nenhum. Não dá orientação, não dá curso, não faz triagem. Depois, se o passageiro reclama, aí é que o motorista descobre que “fez algo errado”.

E aí, quando o problema estoura, o que eles fazem? Criam um botão, um “liga/desliga”. E a culpa, agora, é sua.

Uber não quer assumir responsabilidade

Aí só por causa de uma reclamação a Uber cria uma função para as passageiras escolherem se querem motoristas mulheres. Mas quem vai perder corrida? A gente. Quem vai ganhar menos? A gente. E por causa de quê? Da empresa que não resolve o problema na raiz.

Por enquanto, é uma função só de preferência: quando a passageira ativa a opção, o aplicativo vai tentar mandar a corrida primeiro pra uma motorista mulher. Se não tiver, aí ela pode acabar caindo com um homem. Mas e se a Uber resolver mudar isso lá na frente? E se virar obrigatória?

Pra mim, é um passo errado, dado na direção errada. E você, concorda comigo? Sou maluco ou tenho razão Deixa nos comentários, quero saber sua opinião, porque a discussão começou aqui, mas continua nos comentários!

Foto de Fernando Floripa
Fernando Floripa

Fernando Dutra, conhecido como Fernando Floripa, é motorista de aplicativo em Florianópolis e referência nacional para motoristas. Desde 2016, ele compartilha dicas e conteúdos nas redes sociais, alcançando quase 1 milhão de seguidores no YouTube, Facebook, Instagram e TikTok. Casado e pai de três filhos, com formação em Ciências da Computação e Administração, ele trabalha ativamente como motorista e incentiva a união da categoria, consolidando-se como um influenciador na área de mobilidade.

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