Não vale a pena trabalhar no Carnaval; Uber irá mandar viagens de 8 km por R$ 20, mesmo valor de dias normais

No Carnaval de 2017, a tarifa dinâmica da Uber era de 4.0, 4.5 ou até 5.0; hoje o ganho não será diferente de um dia normal.

Retrato de um homem de meia-idade com barba grisalha e óculos, vestindo uma camisa preta. Ele está em um ambiente interno bem iluminado, com um fundo levemente desfocado.
Foto: Cláudio Sena para 55content

Em que cidade você trabalha como motorista por aplicativo? Vale a pena, nesse período de Carnaval, abrir mão até de, quem sabe, curtir a folia, estar com a família ou, se for religioso, ir para um retiro espiritual para trabalhar oito, dez, doze ou mais horas por dia ou por noite, levando e trazendo foliões?

Eu começo este texto fazendo essa pergunta e gostaria da sua opinião, como sempre, inteligente, nos comentários logo abaixo. Para o Claudião aqui, não vale a pena, e eu vou te explicar por quê.

Salvador tem um dos Carnavais mais disputados do país. Os circuitos, principalmente o tradicional Barra-Ondina, estão lotados. O acesso a veículos é proibido para motoristas de aplicativo.

Aqueles que trabalham com Uber, 99 ou InDrive precisam pegar ou deixar os passageiros muito distantes de onde ocorre a festa. Isso atrapalha. Mas, mesmo que fosse permitido chegar até a área mais privilegiada, o engarrafamento ainda seria enorme.

Além disso, a Uber não aplica tarifa dinâmica para a ida e, às vezes, nem para a volta. Para você ter uma ideia, na chegada e na saída do principal circuito ali em Ondina, em Salvador, no local conhecido como “As Gordinhas”, você pode levar até uma hora para entrar e sair no horário de pico.

Agora, imagine que você enfrenta esse engarrafamento e, ao chegar lá, a Uber te manda uma viagem para o bairro vizinho da Pituba, ali, cerca de 8 quilômetros, por 20 reais. Esse é o mesmo valor que a plataforma cobra por essa viagem em qualquer outro dia. Sinceramente, não vale a pena.

Eu entendo perfeitamente o sacrifício feito por muitos motoristas, principalmente os novatos que estão chegando agora. E eu digo a você: vá, experimente e veja.

Mas o ganho não será diferente de um dia normal razoável com tarifa dinâmica. Bem diferente do que acontecia em 2017, o primeiro ano dos aplicativos no Carnaval, ou em 2018, 2019 e até 2020, antes da pandemia.

Naquela época, mesmo enfrentando o engarrafamento para buscar ou deixar um passageiro nas áreas permitidas – que já ficavam muito distantes –, ao sair de lá, você conseguia uma viagem com tarifa dinâmica de 4.0, 4.5 ou até 5.0. Você ia e voltava vazio, mas compensava.

Hoje, isso não acontece mais. Por isso, já faz tempo que eu decidi não trabalhar no Carnaval. E, neste ano, graças a Deus, eu consegui. Vou descansar e nem em Salvador eu vou ficar.

Mas desejo a você, que vai trabalhar, seja no Carnaval de Salvador, do Rio, de São Paulo, de Recife, ou onde quer que seja, que depois olhe para esta matéria do Claudião e diga: “Olha, Claudião, você queimou a língua, o Carnaval foi super top, como antigamente.”

Esse é meu sincero desejo. Mas, pelo que já vivi aqui, meu amigo, não vale a pena.

Um forte abraço e até o próximo encontro. Fui!

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Cláudio Sena

Cláudio Sena iniciou sua trajetória como motorista de aplicativo em 2016, quando começou a trabalhar com a Uber.

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