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Motorista ganha R$ 40 rodando 40 km enquanto Uber lucra bilhões 

A culpa é da Uber, que paga pouco, ou do motorista que aceita corridas ruins?

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Opinião
Textos assinados que refletem o ponto de vista do autor, não necessariamente da equipe do 55content.
Homem de barba e boné preto com a inscrição “NYC” fala sério dentro de um carro.
Foto: Fernando Floripa para 55content

A Uber acabou de divulgar um lucro de quase 2 bilhões de dólares em apenas 90 dias. Enquanto isso, no dia a dia, tem motorista rodando 40 quilômetros para ganhar R$40,00 bruto — e olhe lá. Descontando combustível, manutenção e outras despesas, sobra menos da metade disso no bolso do motorista.

Fala aí, motorista! Aqui é o Floripa, direto do portal 55content. Desde o início, a Uber vendia a ideia de parceria: ganhava quem dirigia, ganhava quem usava o app como passageiro, ganhava a empresa. O discurso era bonito. Mas, com o passar dos anos, a realidade mudou.

Hoje, a cada novo aumento de tarifa para o passageiro, a maior parte da receita fica com a Uber. Para o motorista, sobram migalhas. Aquela parceria idealizada ficou no papel. Agora, o foco da empresa é no lucro e nos acionistas.

Vamos a um exemplo prático. Rodar 40 km para ganhar R$40,00 bruto, com um carro que faz 10 km por litro, exige cerca de 4 litros de combustível. Considerando o litro entre R$5,00 e R$6,00, lá se vão mais de R$20,00 só com gasolina. Sobra menos de R$20,00 — e isso sem contar desgaste de pneus, troca de óleo, seguro e outros custos. E ainda tem gente que roda nessa condição achando que está tudo certo.

Aí surge a pergunta inevitável: a culpa é da Uber, que paga pouco, ou do motorista que aceita corridas ruins? O que você acha? Deixe sua opinião nos comentários. Essa é uma reflexão que todos precisamos fazer.

Mais importante do que encontrar culpados é pensar em soluções. Focar apenas no problema não resolve. Se você, motorista, está insatisfeito com seus ganhos — porque há quem esteja satisfeito —, é hora de se perguntar: o que dá para fazer para mudar essa história?

Aqui vão algumas dicas:

1. Fique atento aos custos

Não se guie apenas pelo valor bruto exibido no aplicativo. É fundamental saber quanto você gasta para calcular o que realmente sobra.

2. Use ferramentas inteligentes

Aplicativos de cálculo de ganhos ajudam muito quem tem dificuldade para escolher corridas. Eu, por exemplo, uso o Gigo, Copiloto Inteligente. Gosto bastante, pois ele me ajuda a rodar com mais consciência.

3. Diversifique as plataformas

Não dependa de um único app ou só de passageiros. Avalie também a opção de trabalhar com entregas, que em muitos momentos pagam igual ou até melhor — especialmente em épocas de movimento fraco, como segunda quinzena do mês.

4. Trabalhe com estratégia

Entenda os horários, as regiões e como sua cidade funciona. Rodar no automático não é uma boa ideia. Avalie bem cada corrida. Toda corrida precisa te levar à próxima — e tem que dar lucro. Rodar no prejuízo não dá mais.

5. Invista em qualificação

Aprenda sobre finanças, atendimento ao cliente, estratégias de ganhos. Conhecimento é lucro. Inclusive, pense em diversificar sua renda. Aprender um novo ofício ou buscar outras formas de trabalho pode ser essencial.

Você precisa agir. Ficar parado esperando que a Uber mude sua política por pena dos motoristas não vai acontecer. Não acredito nisso. Quem precisa mudar de postura somos nós.

Tudo começa com pequenas decisões: recusar migalhas, rodar com estratégia, usar as ferramentas certas e, principalmente, valorizar o nosso trabalho. Porque se a gente não valoriza o que faz, ninguém vai valorizar por nós.

Concorda comigo ou acha que estou viajando? Deixe sua opinião nos comentários. Quero muito saber o que você pensa!

Foto de Fernando Floripa
Fernando Floripa

Fernando Dutra, conhecido como Fernando Floripa, é motorista de aplicativo em Florianópolis e referência nacional para motoristas. Desde 2016, ele compartilha dicas e conteúdos nas redes sociais, alcançando quase 1 milhão de seguidores no YouTube, Facebook, Instagram e TikTok. Casado e pai de três filhos, com formação em Ciências da Computação e Administração, ele trabalha ativamente como motorista e incentiva a união da categoria, consolidando-se como um influenciador na área de mobilidade.

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