“Eu achei que eu ia apanhar até morrer.” Foi exatamente isso que o Bráulio pensou há 10 anos, quando sofreu a primeira emboscada contra um motorista de aplicativo em Porto Alegre. Esse caso ainda dói na memória de quem vive na rua, dirigindo, se cuidando, tentando voltar para casa em paz.
Foi por causa do caso Bráulio que eu mesmo prestei atenção e fui procurar a história. Vi aquele motorista sofrendo violência extrema no estacionamento do Carrefour, o que aconteceu ali foi uma barbaridade.
Como aconteceu isso?
Para quem não lembra, o que esses marginais faziam era chamar pelo aplicativo e levar o motorista para uma blitz armada. EPTC era conivente, sim, na época. O nome do gerente era Capelari, não esqueço. Esses sem vergonha batiam, prendiam, intimidavam. O Bráulio foi um dos primeiros a apanhar de verdade. Bateram tanto nele que ele achou que ia perder a vida naquela noite.
E algo foi resolvido?
E o pior é que 10 anos depois, só agora esses covardes vão ser julgados. São 10 anos de impunidade. É pesado falar isso, mas precisa ser dito: naquela época, teve vereador que apoiava essa prática. E muita gente fechava os olhos.
A ironia é que o marketing da Uber quem fez foram os próprios taxistas violentos. Ao tentar intimidar, eles chamaram a atenção de milhares de motoristas. Eu mesmo, se não fosse por isso, talvez nunca tivesse entrado na plataforma. Talvez nunca tivesse criado um canal, nunca tivesse dado minha cara a tapa para trazer informação.
Na época, rodar era ter medo. A gente saía sempre desconfiado, sempre se cuidando. E os covardes ainda tiravam selfie dentro do carro, mostrando a “vitória” da violência. Quebraram o carro, bateram nele, no colega, e depois foram presos em flagrante. Mas a justiça demorou uma década para se mover.
E eu digo mais, não duvido que alguns desses marginais ainda hoje dirijam em conta fake. Talvez não consigam se manter na Uber ou na 99, mas é bem do jeito que funciona no nosso país.
Esse vídeo é um chamado. Que a justiça seja feita, porque, assim como disseram na época que ele “ia apanhar até servir de exemplo”, que agora o exemplo seja outro: que eles sejam presos, punidos de forma exemplar.
Tamo junto. Grande abraço!