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Motorista da Uber que tem um Virtus o registra no app como um Jetta que é aceito na categoria Black, enquanto o Virtus não

O pior são motoristas e intermediários oferecendo em grupos de WhatsApp o “serviço” de adulteração de documentos. É importante destacar que isso é crime. 

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Opinião
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Homem de cinto de segurança afivelado, sentado no banco do motorista de um carro moderno, com teto solar aberto. Ele usa um suéter vermelho e faz um gesto com a mão, como se estivesse explicando algo.
Foto: Daniel Piccinato para 55content

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do 55content

O Uber está apertando o cerco contra motoristas que têm falsificado a documentação dos veículos, rodando com carros diferentes dos cadastrados na plataforma. Esse tipo de prática vem crescendo, e o pior: os passageiros estão percebendo, denunciando para a empresa. Como resposta, a Uber anunciou que vai intensificar a fiscalização e poderá bloquear de forma definitiva tanto o carro quanto o motorista envolvido.

Essa medida atinge especialmente motoristas que já enfrentaram situações como ter o carro removido da plataforma por conta do ano de fabricação ou por exigências de regulamentações municipais. Algumas cidades possuem regras específicas sobre o tempo de uso permitido para veículos, o que impede muitos motoristas de continuar rodando com determinados carros. Diante disso, alguns buscam alternativas ilegais para continuar trabalhando, como fraudar documentos para simular que o veículo ainda atende aos critérios exigidos.

Há casos piores ainda: motoristas e intermediários oferecendo em grupos de WhatsApp o “serviço” de adulteração de documentos. Eles oferecem cadastrar um carro com ano ou modelo diferente do real, enganando o sistema da plataforma.

Um exemplo citado é o do motorista que tem um Volkswagen Virtus e o registra como um Jetta — dois carros visualmente parecidos, mas com diferenças importantes para o Uber. O Jetta é aceito na categoria Black, enquanto o Virtus não. Outro caso comum é de motoristas com HB20 dos anos 2012 ou 2013 que não poderiam mais rodar, como em São Paulo, onde há uma regulamentação que limita a circulação a carros com até nove anos de fabricação. Para burlar essa regra, adulteram os documentos, enviam para a Uber, e continuam rodando normalmente.

É importante destacar: adulterar documento é crime. Quem for pego pode responder judicialmente. Embora seja improvável que a Uber processe os motoristas, o bloqueio da conta ou do veículo é quase certo. Entende-se que muitos motoristas enfrentam dificuldades financeiras para trocar de carro, mas isso não justifica uma atitude criminosa.

Em resposta às denúncias, a Uber passou a exigir que os motoristas comprovem que estão dirigindo o carro realmente cadastrado. Isso inclui verificação do número do chassi, numeração dos vidros e envio de fotos atualizadas. A empresa está claramente sinalizando que está de olho nos relatos de passageiros que notam divergências entre o veículo solicitado e o que aparece para buscá-los.

Um exemplo clássico envolve o Citroën C3, que entra apenas na categoria Uber X, sendo cadastrado como um C4 Cactus, que pode ser aceito em categorias superiores. Para quem não entende de carros, pode parecer a mesma coisa, mas são modelos diferentes, com permissões distintas na plataforma.

Muitos motoristas argumentam que a Uber não oferece remuneração suficiente para manter um carro novo. Mas quem paga pelo serviço é o passageiro — e esse mesmo passageiro é quem está denunciando os motoristas que tentam enganar. Há passageiros que conhecem bem os veículos e sabem identificar irregularidades.

Outra prática antiga, mas ainda comum, envolve o uso de contas falsas por motoristas bloqueados. Eles continuam ativos apenas para lucrar o máximo possível, mesmo de forma irregular. Em grupos de WhatsApp, onde esses assuntos são debatidos, surgem os aliciadores oferecendo o famoso “jeitinho”: alguém que conhece quem faz a adulteração e convence motoristas honestos, mas desesperados, a aderir à fraude.

Esse tipo de abordagem sedutora tem levado muitos motoristas a entrarem no esquema. Mas o resultado é sempre o mesmo: se forem descobertos, serão banidos da plataforma, sem direito a recorrer — pois cometeram um crime.

A medida de “pente-fino” da Uber pode causar o desligamento de muitos motoristas. E se você está envolvido nesse tipo de fraude, entenda: você está cometendo um crime e corre o risco real de perder sua conta.

Agora, fica a pergunta: você é a favor que motoristas que fraudam documentação para se beneficiar de categorias superiores sejam punidos? Ou acredita que, diante da baixa remuneração e das exigências da Uber, eles estão apenas tentando se manter no trabalho?

Minha opinião é clara: quem começa errado, termina errado. Quem planta o que é errado, colhe consequência. O passageiro paga por um serviço e espera recebê-lo como prometido. Se alguém paga por um Uber Black, não quer ser atendido por um carro da categoria X.

Independente da sua satisfação com o aplicativo, lembre-se: você está prestando um serviço para a população, que paga por isso. Não é favor. Quando o motorista, por frustração ou má fé, falsifica documentos para rodar com um carro não autorizado, ele inevitavelmente será punido.

Quero saber a sua opinião. Deixe seu comentário. Tamo junto e até o próximo vídeo. Valeu!

Foto de Daniel Piccinato
Daniel Piccinato

Daniel começou a trabalhar como motorista de aplicativos em 2016, buscando maior estabilidade após sentir insegurança na empresa onde estava. Inspirado por conversas com o filho do dono, ele logo se uniu a outros motoristas em um grupo de WhatsApp, onde trocava dicas para melhorar seu desempenho. Em 2018, criou um canal no YouTube para compartilhar orientações sobre horários e estratégias de trabalho. Com o sucesso, expandiu para o Instagram em 2020, continuando a ajudar motoristas ao compartilhar sua experiência.

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