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Corridas baratas podem ser ainda mais baratas com o Uber Moto e 99Moto

Uber Moto e 99moto: inimigos ou aliados dos motoristas de app? Menos corrida para a gente significa mais tempo de espera e aceitando corridas ruins.

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Opinião
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Homem com cabelo curto e barba, usando uma camisa branca, sentado no banco do motorista de um carro. Ele está fazendo um gesto com as mãos enquanto olha para a câmera. A palavra "UBER MOTO E" está visível na parte inferior da imagem.
Foto: Ian Rocha para 55content

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do 55content

Fala, meu parceiro de volante de BH! Às vezes parece que aquela boa demanda sumiu, né? É como um truque de mágica. E quem será que tem algo a ver com isso? Nossos parceiros de duas rodas e capacete, claro.

Vamos falar sobre o impacto da Ubermoto e 99moto na nossa demanda, especialmente agora que essas categorias chegaram de vez em São Paulo. Demorou, né? Desde que elas chegaram, muita coisa mudou no nosso trabalho. O passageiro, antes restrito ao carro, agora pode escolher uma moto, o que é inegável. É mais barato, mais rápido e, dependendo do trânsito, é até mais eficiente.

E não pense que as motos só pegaram as corridas curtas. Tem muita corrida longa, mais cara, que agora os passageiros preferem fazer de moto. Eles pagam menos e chegam mais rápido, principalmente em horários de pico, quando o trânsito está mais pesado. E quem dirige carro sente o impacto direto na demanda.

Se você é motorista de aplicativo e já trabalha onde a Ubermoto e 99moto existem, com certeza já sentiu esse impacto. Aqui em BH, já faz alguns anos que as motos estão na área, uns dois ou três anos, e a demanda por carros, especialmente na categoria X, caiu visivelmente. Com a chegada das motos em São Paulo, a maior metrópole do país, o impacto vai ser grande, pode se preparar.

Quem roda em Comfort, 99+, ou até Black, sente um impacto menor, mas ainda sente. O maior impacto está mesmo para quem trabalha na categoria X ou 99 comum. A chegada das motos forçou as plataformas a mostrar que o barato pode ser ainda mais barato, o que acaba pressionando a nossa categoria de carros a baixar os preços. Isso cria uma “guerra silenciosa”, onde o único lado que perde somos nós, motoristas de carros.

A gente luta por melhores preços, mas parece que todos os anos vemos o preço cair, nunca aumenta, ou, no melhor dos casos, estagna. Isso acontece porque a oferta e a demanda determinam as regras, e quando a demanda diminui por causa das motos, nossa remuneração também diminui. O impacto não é só na demanda, mas também nas tarifas.

Claro, existem passageiros que nunca pegariam uma moto, seja por medo, conforto ou segurança. Esses passageiros continuam preferindo o carro. Mas pense na galera que prefere moto: jovens, estudantes, trabalhadores sem vale-transporte no fim do mês, ou aqueles que estão com pressa e não têm medo de moto. Essa galera está deixando de lado os carros, principalmente em horários críticos.

Menos corridas para nós significa mais tempo parado, e para tentar compensar, acabamos aceitando corridas ruins. Isso afeta nosso bolso, nossa taxa de aceitação e até nosso psicológico, porque ninguém fala sobre o impacto emocional do motorista, né? E isso é um fator que pesa bastante, como a gente vê constantemente nos grupos e nas redes sociais.

Mas a gente também não pode ficar só reclamando. Quando entramos no mercado lá atrás, nos anos de 2014 e 2015, os taxistas também tiveram que se adaptar. Muitos ficaram para trás, mas os que entenderam o jogo continuaram, se reinventaram e seguiram em frente, ganhando o pão de cada dia.

Agora, estamos do outro lado da moeda. O mercado está mudando e, se não acompanharmos essas mudanças, vamos ser engolidos. A chegada da Ubermoto e 99moto não é uma tentativa de acabar com a gente, mas uma concorrência. E, como toda concorrência, vai mostrar quem está pronto para jogar o jogo de uma maneira diferente.

O mercado é volátil. Amanhã pode surgir outra coisa que tire nossa demanda, seja uma van ou algum outro serviço. A adaptação é a chave para a sobrevivência. O motorista que se adapta é o que vai continuar no jogo.

A chegada das motos vai mudar o cenário, sim, principalmente em São Paulo, mas também abre uma oportunidade para você se reposicionar. Já pensou nisso? Que tal focar em nichos mais rentáveis e jogar de maneira mais estratégica? Como dizem por aí, até um chute no traseiro pode ser um empurrão para a frente.

O que você acha que a chegada dessas categorias vai impactar no nosso trabalho em São Paulo? E como está impactando onde já tem, como BH? Pode se preparar, porque a prova real está começando agora. A única forma de vencer é entender o jogo e jogar melhor. Não precisamos trabalhar contra os motoqueiros, todos queremos ver o sol nascer.

Infelizmente, eles atuam num nicho que afeta nossa demanda, e isso faz parte do jogo. O que me leva a questionar o serviço de Ubermoto não é o fato de eles trabalharem, mas a falta de preparação deles. Trabalhar com motos é muito mais arriscado, e muitos motoristas não têm o preparo necessário. Eles podem até ter acabado de tirar a habilitação e já estão trabalhando, o que aumenta o risco de acidentes.

Quando a pessoa não tem experiência com garupa, é um perigo, porque ela vai tratar o passageiro como se estivesse transportando um lanche, não uma pessoa. Claro, estou falando das pessoas despreparadas, que só querem ganhar dinheiro e não se importam em se preparar ou esperar o tempo necessário para adquirir experiência.

E o impacto disso é real. Os dados já mostram que o número de acidentes aumentou desde que as motos começaram a operar, e nós, a população, é quem paga pelos hospitais públicos com nossos impostos. Enquanto isso, as plataformas faturam e não arcam com nenhuma das despesas.

Eu acredito que o que falta não é combater o serviço de Ubermoto e 99moto, mas sim preparar as pessoas para trabalhar de maneira mais segura. Mais motos circulando aumentam os acidentes, e isso é algo que, mesmo com preparo, vai continuar acontecendo. No entanto, é uma escolha do passageiro, e não podemos tirar essa escolha. O que falta mesmo é a plataforma arcar com os custos que gera para o Estado, porque, se ela implementa o serviço e isso aumenta os custos com hospitais, médicos e ambulâncias, por que nós temos que arcar com isso?

Eu acho que deveria haver uma regulamentação para garantir que esse serviço seja feito de maneira mais segura, tanto para quem usa quanto para quem leva o passageiro. O motorista deve ser preparado para essa função. Deixe seu comentário e, como sempre, estamos juntos. Abração!

Foto de Ian Rocha
Ian Rocha

Ian Rocha começou a trabalhar como motorista de aplicativo em busca de uma nova oportunidade e logo percebeu a importância de entender melhor a dinâmica do setor. Estudou estratégias, analisou os melhores horários e locais para otimizar seus ganhos e passou a compartilhar suas descobertas com outros motoristas. Ao notar a falta de conteúdo informativo sobre a profissão, criou um canal no YouTube para dividir suas experiências. Com o tempo, tornou-se uma referência no segmento, ajudando motoristas a trabalharem de forma mais eficiente e informada.

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