Cláudio defende que motoristas de app optem por outras plataformas, como 99, inDrive e apps regionais: “deixando de priorizar a Uber, ou não ligando seu aplicativo, a empresa não teria outra alternativa, a não ser oferecer incentivos.”
Por Cláudio Sena
Já é tradição entre os motoristas Uber receber incentivo da empresa no final do ano. Normalmente o anúncio da campanha é feito a partir do final de setembro, começo de outubro, o que gera expectativa na categoria.
Porém, este ano, já terminando o mês de novembro, o que era expectativa deu lugar a apreensão, pois a Uber não anunciou nada. Ou melhor, anunciou “Onde toca mais, rende mais. Aproveite as promoções deste fim de ano na Uber!”
A mensagem que chegou no aplicativo dos parceiros deixa claro que em 2024 não haverá nada especial, pois a oferta anunciada não tem nada de especial: R$ 180,00 para 70 viagens. Ou seja, um “incentivo” normal que ele recebe durante o ano.
Pode até ser que, na semana de Natal e Ano Novo a Uber faça uma oferta mais vantajosa, mas é pouco provável que isso aconteça, e lhe explico por quê: Como todos sabemos, a quantidade de motoristas em atividade é muito grande, e frequentemente vemos grupos de parceiros parados dentro de seus carros, porque não há viagens.
Isso é muito bom para Uber, pois indica que ela atingiu o ponto de equilíbrio do negócio, em que não precisa mais investir em incentivos para motoristas realizarem mais viagens, porque a oferta é maior que a procura.
Prova disso são as mudanças feitas em 2024, que castigaram o já sofrido ganho dos parceiros: redução no valor da tarifa, redução na tarifa dinâmica e mais recentemente ela mudou o “Turbo+”, que antes era por viagem, e agora o bônus é por hora.
Ao anunciar como “incentivo” de fim de ano uma promoção normal que ela manda toda semana, a Uber deixa claro que não fará investimento para incentivá-los a trabalhar mais na reta final do ano, pois já sabe que eles farão isso, mesmo sem incentivo.
Este cenário pode ser mudado, mas é muito difícil acontecer. Seria preciso que significativa parcela de motoristas optassem por outras plataformas, como 99, inDrive e aplicativos regionais. Deixando de priorizar a Uber, ou não ligando seu aplicativo, a empresa não teria outra alternativa, a não ser oferecer incentivos para que os parceiros voltassem a realizar viagens por ela.
Mas esperar que isso aconteça é utopia. Melhor “cair na real”, e, se for trabalhar com a Uber neste fim de ano, não alimente expectativa de receber incentivos. O resultado pode ser frustrante.