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CEO da Uber já confirmou: motorista, seu trabalho pode acabar em 10 anos por causa dos carros autônomos

Com 300 milhões de dólares investidos em viagens sem motoristas, empresa promete cortar humanos da equação.

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Opinião
Textos assinados que refletem o ponto de vista do autor, não necessariamente da equipe do 55content.
Ian Rocha para o 55content.
Foto: Reprodução/Acervo 55content.

O nosso trabalho de motorista de aplicativo vai acabar, literalmente acabar, nos próximos 10 anos. E não sou eu que estou dizendo, é o próprio Dara, CEO da Uber. Ele declarou que, dentro de uma década, a empresa pretende transformar todos os carros em autônomos. Parece filme de ficção científica, mas não é, isso é o médio prazo que já está sendo colocado em prática.

Entenda a aposta da Uber em carros autônomos

Nos últimos anos, a Uber investiu 300 milhões de dólares no desenvolvimento de softwares e parcerias com fabricantes de veículos para acelerar a chegada da direção autônoma. Nos Estados Unidos, já existem carros rodando sem motorista, transportando passageiros do mesmo jeito que a gente faz hoje.

Hoje, a Uber fica com 20%, 30%, às vezes, até 40% das corridas, enquanto nós arcamos com combustível, manutenção, financiamento e todos os custos do carro. Agora imagina o seguinte: se ela tiver a frota própria de carros autônomos, fica com 100% da corrida e só arca com o custo do carro. Para a empresa, é o melhor dos mundos. Para nós, motoristas, é um prenúncio de desemprego em massa.

Os carros autônomos podem fazer tudo que os motoristas fazem?

Atualmente, estima-se que mais de 9 milhões de motoristas rodem pelo mundo todo na plataforma da Uber, sendo 1,4 milhão só no Brasil. E já existe uma cidade, nos Estados Unidos, onde a própria Uber opera táxis autônomos que realizam em torno de 300 mil corridas por semana. É isso mesmo, 300 mil corridas sem motorista humano. Se hoje já é assim, imagina daqui 5 ou 10 anos?

Muita gente responde: “Ah, Ian, aqui no Brasil isso não vai colar, quero ver carro autônomo subir favela, andar nas ruas esburacadas”. Eu entendo esse raciocínio, mas é preciso lembrar: inteligência artificial é, na minha visão, a maior revolução desde a internet. E ela evolui numa velocidade absurda.

Se hoje já temos IA escrevendo, desenhando e até tomando decisões complexas, por que não imaginar que daqui a alguns anos um carro vai ter sensores e softwares capazes de rodar em qualquer tipo de rua?

Mesmo que, num primeiro momento, esses veículos fiquem restritos às áreas mais centrais e asfaltadas, isso já vai reduzir drasticamente a quantidade de chamadas para motoristas de aplicativo. Aí, a situação começa a apertar, nós ficamos com as sobras, enquanto a maior fatia da demanda vai direto para a frota autônoma.

Qual vai ser o resultado disso para os motoristas?

Se o cenário realmente caminhar para esse lado, três coisas podem acontecer. Primeiro, o trabalho pode simplesmente acabar para a maioria, já que os carros autônomos vão dominar o mercado. Segundo, pode sobrar apenas para uma pequena parcela de motoristas, que vão atuar em áreas onde os carros não chegam ou em situações específicas. Terceiro, pode se tornar inviável financeiramente continuar na pista, porque a preferência de chamada será sempre dos carros da Uber.

A declaração do CEO da Uber não é boato, não é especulação: é plano. Já existe cidade onde isso está funcionando, já existem números expressivos e já existe investimento pesado. A questão que fica é pensar em como nós, motoristas, vamos nos preparar para um futuro em que talvez o nosso trabalho nem exista mais?

Pode ser que demore um pouco mais no Brasil, pode ser que as favelas e as ruas mal feitas atrasem esse processo. Mas a verdade é que, se a Uber ganha mais dinheiro sem motorista humano, é para esse lado que ela vai correr. E, se não nos prepararmos desde já, corremos o risco de ficar de fora da corrida.

Tamo junto. Abração!

Foto de Ian Rocha
Ian Rocha

Ian Rocha começou a trabalhar como motorista de aplicativo em busca de uma nova oportunidade e logo percebeu a importância de entender melhor a dinâmica do setor. Estudou estratégias, analisou os melhores horários e locais para otimizar seus ganhos e passou a compartilhar suas descobertas com outros motoristas. Ao notar a falta de conteúdo informativo sobre a profissão, criou um canal no YouTube para dividir suas experiências. Com o tempo, tornou-se uma referência no segmento, ajudando motoristas a trabalharem de forma mais eficiente e informada.

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