De uns tempos pra cá virou moda dizer que carro elétrico resolve a vida do motorista de aplicativo. Montadora, concessionária e até empresa de app fazem de tudo: desconto, financiamento fácil, brinde, cashback… tudo pra convencer a gente a trocar de carro.
Só que quase ninguém pergunta o principal: você deve? você pode?
Carro elétrico realmente tem vantagem: gasta pouco por quilômetro e quase não quebra. Pra quem roda muito — 4, 5, 6 mil km no mês — isso parece perfeito. Aí vem aquela conta simples:
“Se eu gastava 3 ou 4 mil de gasolina, posso pagar 3 ou 4 mil de parcela.”
E é aqui que muita gente cai numa cilada. Porque carro elétrico não tem só parcela. Tem outras contas que continuam existindo, e algumas são até maiores.
Abaixo estão as 5 coisas que você precisa avaliar antes de entrar num financiamento:
1. Parcela tem que caber no seu pior mês
O erro número 1 é se emocionar. “Não vou mais pagar gasolina, então dá pra pagar uma parcela alta.” Não dá.
Você não pode calcular a parcela pelo seu melhor mês. Tem que calcular pelo pior. Se no mês ruim você faz 3 mil, não existe lógica em assumir parcela de 3 mil. Aí chega o mês fraco e você escolhe: paga o carro ou compra comida. A conta quebra rapidinho.
2. Além da parcela, tem seguro, IPVA, e outros custos
Mesmo com elétrico, você ainda paga:
- seguro
- IPVA
- revisão (mesmo que pouca)
- pneu, freio, suspensão
- eventuais consertos
E esses custos não aparecem na empolgação inicial. Ou seja: parcela não pode “comer” todo o seu ganho porque as outras contas vêm junto.
3. Carro sem seguro é rissco de falência
Tem gente que compra o elétrico e depois fala: “Agora não sobra pra fazer seguro, vou ver isso mais pra frente.”
Isso é perigoso demais. Peça de elétrico é cara. Um simples amasso pode virar milhares de reais. Se você não consegue pagar parcela + seguro, a compra já começou errada.
Sem seguro, qualquer batida pequena vira dívida grande — e quem roda na rua todo dia sabe que risco existe.
4. Veja se o carro entra em todas asa categorias
Outro erro clássico: comprar caro e ficar preso só no X.
Se na sua cidade tem Comfort e Black, pense num carro que te dê opção de subir categoria. Porque quando o movimento tá bom, quem tem Black/Comfort fatura mais. E quando tá ruim, ele ainda tem o X pra segurar o mês.
Quem só tem X fica sem saída.
5. Recarga é ideal em casa
O melhor cenário pro elétrico é carregar em casa.
- mais barato
- mais prático
- você dorme e acorda com o carro cheio
Na rua, o custo pode dobrar e ainda tem fila, carregador quebrado, espera. Se você mora em apartamento e depende de recarga pública, precisa mapear:
- onde carrega
- quanto custa
- quanto tempo perde
- se isso encaixa na sua rotina
Sem essa conta, o barato vira estresse diário.
Bônus: Revender depois é fácil ou não?
Se você pensa em trocar daqui a 2, 3 anos, avalie o modelo e a marca. Tem carro que desvaloriza rápido, tem marca que some do mercado, e depois ninguém quer comprar.
Se o seu plano é revenda, isso pesa muito.
Conclusão
Carro elétrico pode ser ótimo, sim. Mas só se você fizer as contas direito antes.
Resumo simples:
- não se empolgue com economia de gasolina
- parcela tem que caber no pior mês
- seguro é obrigatório na prática
- olhe categoria e recarga
- pense na revenda
Se você respeitar esses pontos, o elétrico vira ferramenta. Se ignorar, vira dívida com roda.