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Baixo custo por km não paga parcela alta sozinho. Se o seguro, IPVA e recarga não cabem no seu pior mês, o “sonho do carro elétrico” vira pesadelo

Carro elétrico pode economizar combustível, mas virar armadilha: 5 contas que o motorista precisa fazer antes de financiar.

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Opinião
Textos assinados que refletem o ponto de vista do autor, não necessariamente da equipe do 55content.
Fernando Floripa para o 55content.
Fernando Floripa para o 55content. (Foto: Acervo pessoal)

De uns tempos pra cá virou moda dizer que carro elétrico resolve a vida do motorista de aplicativo. Montadora, concessionária e até empresa de app fazem de tudo: desconto, financiamento fácil, brinde, cashback… tudo pra convencer a gente a trocar de carro.

Só que quase ninguém pergunta o principal: você deve? você pode?

Carro elétrico realmente tem vantagem: gasta pouco por quilômetro e quase não quebra. Pra quem roda muito — 4, 5, 6 mil km no mês — isso parece perfeito. Aí vem aquela conta simples:
“Se eu gastava 3 ou 4 mil de gasolina, posso pagar 3 ou 4 mil de parcela.”

E é aqui que muita gente cai numa cilada. Porque carro elétrico não tem só parcela. Tem outras contas que continuam existindo, e algumas são até maiores.

Abaixo estão as 5 coisas que você precisa avaliar antes de entrar num financiamento:

1. Parcela tem que caber no seu pior mês

O erro número 1 é se emocionar. “Não vou mais pagar gasolina, então dá pra pagar uma parcela alta.” Não dá.

Você não pode calcular a parcela pelo seu melhor mês. Tem que calcular pelo pior. Se no mês ruim você faz 3 mil, não existe lógica em assumir parcela de 3 mil. Aí chega o mês fraco e você escolhe: paga o carro ou compra comida. A conta quebra rapidinho.

2. Além da parcela, tem seguro, IPVA, e outros custos

Mesmo com elétrico, você ainda paga:

  • seguro
  • IPVA
  • revisão (mesmo que pouca)
  • pneu, freio, suspensão
  • eventuais consertos

E esses custos não aparecem na empolgação inicial. Ou seja: parcela não pode “comer” todo o seu ganho porque as outras contas vêm junto.

3. Carro sem seguro é rissco de falência

Tem gente que compra o elétrico e depois fala: “Agora não sobra pra fazer seguro, vou ver isso mais pra frente.”

Isso é perigoso demais. Peça de elétrico é cara. Um simples amasso pode virar milhares de reais. Se você não consegue pagar parcela + seguro, a compra já começou errada.

Sem seguro, qualquer batida pequena vira dívida grande — e quem roda na rua todo dia sabe que risco existe.

4. Veja se o carro entra em todas asa categorias

Outro erro clássico: comprar caro e ficar preso só no X.

    Se na sua cidade tem Comfort e Black, pense num carro que te dê opção de subir categoria. Porque quando o movimento tá bom, quem tem Black/Comfort fatura mais. E quando tá ruim, ele ainda tem o X pra segurar o mês.

    Quem só tem X fica sem saída.

    5. Recarga é ideal em casa

    O melhor cenário pro elétrico é carregar em casa.

    • mais barato
    • mais prático
    • você dorme e acorda com o carro cheio

    Na rua, o custo pode dobrar e ainda tem fila, carregador quebrado, espera. Se você mora em apartamento e depende de recarga pública, precisa mapear:

    • onde carrega
    • quanto custa
    • quanto tempo perde
    • se isso encaixa na sua rotina

    Sem essa conta, o barato vira estresse diário.

    Bônus: Revender depois é fácil ou não?

    Se você pensa em trocar daqui a 2, 3 anos, avalie o modelo e a marca. Tem carro que desvaloriza rápido, tem marca que some do mercado, e depois ninguém quer comprar.

    Se o seu plano é revenda, isso pesa muito.

    Conclusão

    Carro elétrico pode ser ótimo, sim. Mas só se você fizer as contas direito antes.

    Resumo simples:

    • não se empolgue com economia de gasolina
    • parcela tem que caber no pior mês
    • seguro é obrigatório na prática
    • olhe categoria e recarga
    • pense na revenda

    Se você respeitar esses pontos, o elétrico vira ferramenta. Se ignorar, vira dívida com roda.

    Foto de Fernando Floripa
    Fernando Floripa

    Fernando Dutra, conhecido como Fernando Floripa, é motorista de aplicativo em Florianópolis e referência nacional para motoristas. Desde 2016, ele compartilha dicas e conteúdos nas redes sociais, alcançando quase 1 milhão de seguidores no YouTube, Facebook, Instagram e TikTok. Casado e pai de três filhos, com formação em Ciências da Computação e Administração, ele trabalha ativamente como motorista e incentiva a união da categoria, consolidando-se como um influenciador na área de mobilidade.

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