Durante participação no evento Bloomberg Live, o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, apresentou a nova estratégia da empresa para consolidar seus serviços, ampliar o uso de inteligência artificial e impulsionar a adoção de veículos autônomos. Com foco na integração de mobilidade e delivery, a empresa busca oferecer uma experiência mais fluida, personalizada e indispensável aos usuários.
Segundo Dara, a Uber está em um momento de transformação estratégica. A principal mudança está na unificação dos serviços de mobilidade urbana (Rides) e entrega de alimentos (Eats), que historicamente funcionaram como dois negócios independentes dentro da companhia. Essa integração visa oferecer uma experiência mais coesa para o consumidor.
“Queremos oferecer uma experiência fluida, personalizada e conectada em toda a plataforma”, afirmou o CEO. Ele ressaltou que, até pouco tempo, a Uber tratava os usuários de cada serviço de forma separada, mas isso não faz mais sentido. “Historicamente, operamos como dois negócios separados: Rides e Eats, mas agora é hora de consolidar essa jornada.”
O objetivo é tratar quem pede um carro e quem pede comida como um único usuário. Como exemplo, Dara citou uma funcionalidade em desenvolvimento: “Um usuário que chama um Uber para o trabalho poderia receber uma sugestão automática para incluir um café da sua cafeteria preferida no caminho. Algo simples, mas valioso.”
Para viabilizar esse tipo de personalização, a Uber pretende utilizar dados de contexto e inteligência artificial em tempo real. A empresa aposta que a combinação entre conveniência, recomendação inteligente e personalização aumentará a retenção e a frequência de uso da plataforma.
Fidelização com o Uber One e crescimento estratégico do Eats
Outro pilar da estratégia de integração é o fortalecimento do Uber One, programa de fidelidade que já reúne mais de 30 milhões de membros ao redor do mundo. O CEO destacou a importância dos clientes multicanais, aqueles que utilizam mais de um serviço, para o desempenho da empresa.
“Clientes que usam mais de um serviço tendem a transacionar mais e a ter maior satisfação. Nossa meta é que 50% dos usuários ativos utilizem tanto o Uber Rides quanto o Eats”, afirmou Dara.
Ele também enfatizou o crescimento expressivo do Uber Eats, que hoje movimenta volume semelhante ao serviço de mobilidade em muitas regiões. Segundo o CEO, essa área tende a ganhar ainda mais relevância dentro da plataforma integrada, consolidando a Uber como uma solução completa para diversas necessidades do dia a dia.
“A ideia é que sejamos indispensáveis. Se o usuário precisar ir de um lugar a outro, comer, mandar algo ou fazer uma compra, que tudo isso possa acontecer dentro da Uber.”
Ecossistema de veículos autônomos
Em paralelo à integração de serviços, a Uber está reforçando sua aposta em veículos autônomos. Diferente de outras gigantes do setor de tecnologia, a empresa optou por não desenvolver sua própria tecnologia proprietária de AVs (autonomous vehicles). Em vez disso, está formando um ecossistema com cerca de 18 empresas especializadas, como Waymo, Aurora e outras startups e fabricantes.
“Somos grandes fãs dos AVs. Acreditamos que eles vão tornar o transporte mais seguro e acessível”, afirmou Dara. Ele destacou que, em cidades como Austin e Atlanta, já é possível solicitar carros autônomos da Waymo diretamente pelo aplicativo da Uber, enquanto em outras localidades, como São Francisco, as empresas ainda operam como concorrentes.
Para ele, esse cenário híbrido é natural e até desejável: “Essa combinação de competição e colaboração é algo que vemos com frequência. É como nossa parceria com a Starbucks. Não é uma questão de ‘ou’, e sim de ‘e’. Podemos colaborar de forma construtiva enquanto seguimos caminhos próprios.”
Futuro dos motoristas: trabalho humano segue essencial
Apesar do avanço dos veículos autônomos, Khosrowshahi tranquilizou os motoristas e entregadores parceiros ao afirmar que haverá espaço para trabalho humano por muitos anos. A crescente demanda pelos serviços da plataforma deve manter em alta a necessidade por condutores humanos, especialmente em regiões onde a tecnologia autônoma ainda levará tempo para se consolidar.
Segundo Dara, além de dirigir e entregar, é possível trabalhar rotulando mapas, avaliando respostas de IA e traduzindo textos. A Uber também pode ser vista como a maior plataforma de trabalho sob demanda do mundo, indo além do transporte.
Sugestões de usuários como motor para inovação
Durante a conversa, o CEO também comentou sobre a relação próxima com investidores e usuários da plataforma. Um exemplo foi a colaboração com o investidor Bill Ackman, que além de acionista, é usuário frequente da Uber. Segundo ele, Ackman chegou a enviar sugestões de melhorias com base em sua experiência pessoal no uso do app.
“Ele sugeriu que fosse mais fácil enviar Ubers para familiares. A funcionalidade ‘Uber para outras pessoas’ nasceu de um feedback como esse”, revelou.
Políticas públicas: isenção de impostos e imigração
Khosrowshahi também defendeu mudanças na legislação que beneficiem os trabalhadores parceiros da plataforma. Entre os pontos mencionados, destacou a importância da isenção de impostos sobre gorjetas, prática comum nos Estados Unidos, mas que hoje ainda gera encargos fiscais.
“Poderíamos economizar centenas de milhões de dólares com essa mudança”, estimou. Ele também defendeu a adoção de políticas migratórias mais inclusivas, lembrando a importância dos imigrantes no funcionamento da Uber. “Defendemos segurança nas fronteiras, mas também políticas que reconheçam que os Estados Unidos são uma nação de imigrantes.”
O CEO mencionou ainda que eventos políticos influenciam diretamente o comportamento dos usuários. Ele citou a redução no número de turistas canadenses viajando para os EUA nos últimos anos como um exemplo prático do impacto desse tipo de mudança no negócio. “Se os canadenses viajam menos para os EUA e mais para a Europa, continuamos os atendendo com a Uber em outros países”, explicou.
No encerramento do Bloomberg Live, Dara Khosrowshahi contou que a Uber estuda usar stablecoins, criptomoedas atreladas a moedas tradicionais, para simplificar e reduzir custos em pagamentos internacionais. “É uma aplicação prática da tecnologia cripto, com valor real para empresas globais como a nossa”, concluiu.
Esse texto foi produzido com auxílio de inteligência artificial.