Rogério Tude, presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores por Aplicativo do Estado de Sergipe (SINDMOTAPPS/SE), afirmou que as empresas de aplicativo praticam discriminação racial e defendeu que o Projeto de Lei Complementar 152/2025 inclua mecanismos de valorização da mão de obra e negociação coletiva entre motoristas e plataformas.
A declaração foi feita durante o debate sobre a regulamentação dos trabalhadores por aplicativo, realizado nesta terça-feira (07) na Câmara dos Deputados.
Denúncia de racismo estrutural nas plataformas
Segundo Tude, a maior parte dos motoristas e entregadores que atuam nas plataformas são homens e mulheres pretos e pardos, mas ainda assim enfrentam falta de valorização e desigualdade nas condições de trabalho.
“As empresas estão praticando discriminação racial. A maioria dos motoristas são homens pretos e pardos e não têm valorização na sua remuneração”, afirmou.
O presidente do sindicato fez referência à parceria firmada entre o Ministério da Igualdade Racial (MIR) e a Amobitec, associação que representa as empresas de aplicativo, e afirmou que a medida não se reflete em ações concretas para reduzir a desigualdade racial no setor.
“Mesmo com essa parceria, o racismo continua existindo nas práticas das empresas”, disse Tude.
Pedido por mecanismos de negociação coletiva
Durante sua fala, o presidente do SINDMOTAPPS/SE defendeu que a regulamentação traga instrumentos que permitam a negociação direta entre trabalhadores e empresas, visando melhorar os ganhos e garantir condições mais justas de trabalho.
“Pedimos que o PL traga mecanismos que abram espaço para negociação entre o capital e o trabalho, valorizando a força de quem está todos os dias na pista”, afirmou.
Tude destacou que os trabalhadores precisam ter voz ativa nas decisões que envolvem tarifas, repasses e regras de operação, e que a valorização da mão de obra deve estar prevista de forma clara na regulamentação.
Defesa de regras contra a precarização
Ao encerrar sua participação, o presidente do sindicato reforçou que é preciso impedir formas precárias de trabalho no setor de transporte por aplicativo e garantir proteção social e reconhecimento profissional aos motoristas.
“A minha proposta é que o projeto traga mecanismos de valorização, acordo coletivo e outras normas. E, acima de tudo, diga não a qualquer tipo de trabalho precário”, concluiu.