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“O iFood traz volume e ticket médio maior. Já a 99 traz novos clientes e alívio nas taxas”, afirma franqueado

Nos primeiros três dias após adotar a 99Food, Leandro Scripiliti registrou 53 pedidos pelo iFood (72,5%) contra 20 pelo 99Food (27,5%).

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Notícia
Informações objetivas sobre fatos relevantes para o mercado de mobilidade, com apuração direta da redação.
Leandro Scripiliti, franqueado do Nanica Brasil em Morumbi, São Paulo.
Leandro Scripiliti, franqueado do Nanica Brasil em Morumbi, São Paulo. (Foto: Acervo pessoal)

A disputa pelo delivery em São Paulo ganhou um novo capítulo quando a unidade do Nanica Brasil no Morumbi passou a operar também pelo 99Food.

Em postagens que viralizaram no LinkedIn, o franqueado Leandro Scripiliti, executivo de tecnologia e empreendedor com experiência em gestão de franquias, compartilhou abertamente os números de sua operação no primeiro dia e nas primeiras 72 horas com o aplicativo amarelo, em comparação ao iFood, atual líder do setor.

Números dos primeiros dias de operação da 99Food

Nos primeiros três dias após adotar a 99Food, Leandro registrou 53 pedidos pelo iFood (72,5%) contra 20 pelo 99Food (27,5%). A diferença mais gritante estava nas taxas: R$ 732,67 (19,8%) retidos pelo iFood contra apenas R$ 76,80 (8,5%) na 99Food.

“O iFood traz volume e ticket médio maior. Já o 99, traz novos clientes e alívio nas taxas, mas depende muito de promoções custeadas pelo restaurante”, afirma.

Apesar de a 99Food ter ajudado a aumentar as vendas totais em 3,5% no período, o ticket médio foi bem mais baixo: R$ 45,18 contra R$ 69,12 no iFood, diferença de 34%. “O baixo volume com altos descontos, ainda que tenha taxa zero, deixa a rentabilidade praticamente empatada”, analisa Leandro.

“Taxa zero que não é zero”

A 99Food anuncia isenção de comissão e mensalidade para novos parceiros, mas cobra uma taxa de 3,2% sobre pagamentos on-line e custos de logística no modelo Full Service. Além disso, muitas promoções, como frete grátis e descontos de até 40%, são subsidiadas pelos próprios restaurantes.

“Nem tudo são flores. Tenho que dar descontos que corroem a margem. Se o cliente volta outras vezes, recupero o investimento. Se compra só uma vez, é prejuízo”, observa Leandro.

O empresário conta que chegou a se surpreender negativamente ao avaliar o fechamento da primeira semana, quando boa parte do volume registrado vinha de pedidos com promoções agressivas: “Quando eu olhei para o dinheiro que realmente ia cair na conta, tomei um susto. Se eu deixasse rodar do jeito que estava, em dois ou três meses teria problema”.

Ele conta que teve que fazer ajustes para continuar testando o aplicativo amarelo. “Por isso, precisei regular as promoções para buscar equilíbrio”, relata.

O iFood como vitrine

Embora destaque as vantagens da 99Food, Leandro reforça que não vê substituição imediata. “O iFood é como um shopping premium: você paga caro, mas tem visibilidade. Não posso ficar sem ele, porque traz clientes recorrentes e ticket médio mais alto”, diz. “Já tive clientes que compraram mais de 40 vezes na minha loja. Isso é fidelização que a 99 ainda não tem.”

Ainda assim, a chegada da concorrência já mexe com a realidade de operação. Segundo ele, a 99Food trouxe em pouco tempo um percentual expressivo de novos pedidos: “Em apenas uma semana, já representava 30% do volume de vendas. Isso não é desprezível”.

Clientes: entre fidelização e caça aos descontos

Na prática, os dois aplicativos capturam públicos diferentes, conforme analisa o empresário. “No iFood, tenho clientes que já compraram mais de 40 vezes na minha loja; o aplicativo virou extensão do celular. Já a 99 traz pessoas novas, mas muito sensíveis a preço, que caçam cupons e descontos”, relata.

Leandro observa ainda que o ticket médio menor do 99Food revela um público mais abrangente: “O iFood talvez tenha se elitizado um pouco, falando mais com a classe B e A. A 99 conversa com todas as classes, de A a D, porque oferece um preço acessível”.

Embora ele reconheça que a localização influencia no desempenho de uma operação de delivery, Leandro acredita que esse não é um fator decisivo. Ele destaca que, quando a região já possui um hábito forte de consumo via aplicativos, o desempenho tende a se repetir em diferentes plataformas.

“Sou muito próximo do franqueado da Vila Mariana, e lá a loja vende absurdamente bem, está entre as três maiores da rede. Quando ele ligou o 99Food, também vendeu muito, porque o delivery vai muito bem naquela região.” E complementa: “Então, eu diria que, em média, a 99 tem conquistado 30% do público do delivery tanto em lojas mais centrais quanto nas mais afastadas”.

Um mercado em ebulição

A disputa não é isolada. Segundo pesquisa da Ilumeo, o iFood tem 75% de preferência, mas 67% dos brasileiros estão dispostos a experimentar alternativas. Além da 99Food, novos players como a Keeta, que anunciou um investimento superior a R$ 5 bilhões no país, e startups locais tentam se inserir nesse mercado.

“Monopólio nunca é bom. O iFood tem mérito por ter virado sinônimo de delivery, mas acredito que há espaço para concorrência. A 99 tem capital e gente experiente. Já incomoda e deve incomodar mais”, avalia Leandro. De acordo com a Abrasel, o setor de food service já movimenta cerca de R$ 35,5 bilhões em vendas via aplicativos, com crescimento médio de 7% ao ano.

“A saga pelo aumento da rentabilidade”

Ao falar em “saga pelo aumento da rentabilidade”, Leandro resume o dilema de quem opera franquias no setor. “A loja fica espremida: de um lado, impostos e franqueadora; do outro, aluguel, funcionários e fornecedores. O único espaço de manobra é a margem. Cada 0,5% que eu consigo economizar faz diferença”, defende.

Para ele, esse é o ponto que deve guiar qualquer empreendedor do setor: “Não adianta vender mais se não tiver margem. Precisa ajustar, regular promoções, controlar custos. É um jogo eterno”.

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