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Motoristas de app ganham em média R$ 47 por hora em corrida, aponta Cebrap; manutenção mensal do carro chega a R$ 2,5 mil

Maioria dos motoristas de app pertence à classe C, com 63% dos entrevistados; renda familiar se concentra entre três e cinco salários mínimos.

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Notícia
Informações objetivas sobre fatos relevantes para o mercado de mobilidade, com apuração direta da redação.
Homem de óculos participa por videoconferência de audiência pública da Câmara dos Deputados sobre regulamentação dos aplicativos de transporte.
Victor Calil Foto: Reprodução/YouTube

O Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), em parceria com o Sebrae, a Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia), apresentou nesta última quarta-feira (8) na Câmara dos Deputados os resultados da pesquisa “Mobilidade urbana e logística de entregas: um panorama sobre o trabalho de motoristas e entregadores com aplicativos”.

O coordenador do estudo e sociólogo Victor Calil, do Cebrap, explicou que o levantamento teve como objetivo “entender a percepção desses trabalhadores sobre a sua atividade” e foi estruturado a partir de dados administrativos das plataformas Uber e 99, combinados com 1.500 entrevistas com motoristas em todo o território nacional. Segundo Calil, as entrevistas foram realizadas entre agosto e novembro de 2024, com margem de erro de 2,5% e nível de confiança de 95%. O relatório completo será disponibilizado no site do Sebrae.

Crescimento do número de motoristas e perfil socioeconômico

De acordo com o Cebrap, o número de motoristas de aplicativo cresceu de 1,3 milhão para 1,7 milhão entre 2022 e 2024. A maioria dos trabalhadores é composta por homens com idade média de 41 anos e ensino médio completo.

Calil destacou que 64% dos motoristas se autodeclaram pretos ou pardos, enquanto cerca de 30% se declaram brancos. Em relação à renda familiar, 31% recebem até três salários mínimos, e 32% têm renda superior a cinco salários mínimos, com predominância da classe C, que representa mais de 60% dos entrevistados.

Inserção no mercado e múltiplas fontes de renda

O estudo mostra que 31% dos motoristas estavam desempregados antes de ingressar nas plataformas, enquanto 68% já exerciam alguma atividade econômica. Apenas 1% declarou ter o trabalho com aplicativos como primeira ocupação.

Segundo o levantamento, 42% dos motoristas possuem outras fontes de renda, atuando em atividades paralelas ao transporte de passageiros. Ainda de acordo com o Cebrap, mais de 60% dos entrevistados afirmaram desejar continuar trabalhando com as plataformas, enquanto 25% a 30% manifestaram intenção de deixar a atividade.

Carga horária e ganhos médios

A partir dos registros das plataformas, o estudo identificou que os motoristas permanecem em média 85 horas por mês em viagem, o que equivale a cerca de 21 horas semanais. O tempo reduzido em relação a uma jornada tradicional é atribuído à atuação simultânea em outros trabalhos.

O levantamento estima ganho médio bruto de R$ 47 por hora em corrida, com custos mensais de manutenção do veículo em torno de R$ 2.500. A renda líquida mensal varia conforme o tempo de ociosidade — períodos sem corridas — e oscila conforme o mercado de cada cidade.

Contribuição previdenciária e benefícios sociais

O estudo aponta que 53% dos motoristas contribuem para a previdência, percentual que cai para 35% entre aqueles que trabalham exclusivamente com aplicativos. Além disso, 9% recebem algum tipo de benefício do INSS.

De acordo com o Cebrap, o relatório também inclui um módulo qualitativo sobre benefícios sociais e previdência, produzido a partir de grupos focais, e estará disponível junto à publicação completa do estudo no portal do Sebrae.

Ao encerrar sua participação, Victor Calil afirmou que os dados confirmam uma tendência de crescimento da categoria e um aumento de 5% na remuneração média por hora em viagem, que passou de R$ 44 para R$ 47. O pesquisador observou que o trabalho com aplicativos tem se consolidado como fonte complementar de renda, especialmente entre motoristas da classe média urbana.

O Cebrap informou que o estudo “busca oferecer subsídios técnicos para o debate sobre políticas públicas voltadas à regulamentação dos trabalhadores por aplicativo”, tema central da audiência realizada na Câmara dos Deputados.

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