O portal de notícias de Mobilidade e Delivery do Brasil

Pesquisar

Ministério defende participação das plataformas no financiamento da Previdência de trabalhadores por app

Diretor do Ministério da Previdência alerta que modelo de contribuição sem cota patronal rompe o pacto constitucional de financiamento tripartite.

ponto de exclamacao .png
Notícia
Informações objetivas sobre fatos relevantes para o mercado de mobilidade, com apuração direta da redação.
Eduardo Pereira, representante do Ministério da Previdência Social, fala ao microfone durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados sobre a proteção previdenciária e securitária do trabalhador plataformizado. Ele usa terno escuro, camisa branca e óculos, sentado à mesa com um crachá visível no paletó.
Eduardo Pereira Foto: Reprodução/YouTube

Eduardo Pereira, diretor do Ministério da Previdência Social, afirmou que a discussão sobre a regulamentação do trabalho por aplicativos deve considerar o impacto do modelo de financiamento da seguridade social. A declaração foi feita durante a audiência pública desta terça-feira (4), que debateu as formas de inclusão previdenciária de motoristas e entregadores vinculados a plataformas digitais.

Segundo Pereira, a expansão do trabalho intermediado por aplicativos é resultado da informatização e da automação, que modificaram as formas tradicionais de prestação de serviço. Ele explicou que essas novas modalidades têm gerado “individualização do trabalho e desresponsabilização do empregador”, uma vez que as plataformas se colocam como intermediadoras de mão de obra, transferindo o ônus da proteção social para o trabalhador e para o Estado.

O diretor destacou que essa mudança traz desafios à estrutura da Previdência Social e exige debate sobre o papel das empresas na contribuição previdenciária. “A Previdência é um seguro social, portanto contributivo. As pessoas precisam contribuir para ter direito ao benefício, e ela protege os trabalhadores contra riscos sociais como morte, invalidez, doença e maternidade”, afirmou.

Pereira reforçou que, segundo a Constituição, o financiamento da seguridade social é tripartite, com participação de trabalhadores, empregadores e governo. “Quando se cria uma forma de contribuição em que não há participação do empregador ou do intermediador, o custo da proteção social recai exclusivamente sobre o trabalhador e sobre o Estado. Somos contrários a isso”, declarou.

Ele acrescentou que, mesmo no caso do trabalhador autônomo que presta serviços a uma empresa, há cota patronal de contribuição, justamente para tornar o sistema mais equilibrado em relação ao modelo do empregado formal. Pereira defendeu que, para preservar o pacto constitucional, as plataformas ou tomadores de serviço devem assumir a parte patronal da contribuição previdenciária.

O diretor também alertou que o financiamento do sistema deve ser suficiente para sustentar os benefícios previdenciários ao longo dos anos. “Não podemos criar alíquotas ínfimas que não gerem receita suficiente para pagar benefícios durante 10, 20 ou 30 anos”, disse. Ele lembrou que o governo já arca com uma contribuição estimada em R$ 300 bilhões em 2025, valor que cobre parte do déficit previdenciário.

Pereira destacou ainda que o envelhecimento populacional tende a pressionar as contas da Previdência nas próximas décadas. Segundo ele, em cerca de sete anos, a população em idade ativa começará a diminuir em termos absolutos, o que exigirá maior responsabilidade nas propostas de formalização dos trabalhadores por aplicativo.

“O que precisamos é garantir a inclusão previdenciária desses trabalhadores, com alíquotas proporcionais aos seus ganhos, e uma contribuição patronal equivalente à que os empregadores já pagam hoje”, afirmou. Para ele, a definição de quem deve arcar com essa cota — se as plataformas, o usuário final ou o tomador de serviço — deve ser objeto de discussão no texto do projeto.

Pereira concluiu suas considerações reforçando a necessidade de responsabilidade fiscal e atuarial nas decisões sobre o tema. “Temos liberdade de escolher o que fazer, mas não temos liberdade de escolher as consequências. O sistema previdenciário brasileiro já está bastante tensionado e qualquer decisão precisa considerar seus impactos de longo prazo”, alertou.

Foto de Redação 55content
Redação 55content

O 55content é o maior portal de jornalismo sobre aplicativos de transporte e entregas do Brasil.

55 branco Logo.png

Receba a principal newsletter da mobilidade e delivery do Brasil

Ao se inscrever você concorda com a nossa Politica de Privacidade e Termos de Uso

Pesquisar