Erike Sousa, fundador da Muralha Entregas, compartilhou em entrevista ao Clube Machine os bastidores da empresa de delivery que vem crescendo em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. De ex-dono de tabacaria a operador de uma plataforma com mais de 500 entregadores ativos e cerca de 20 mil entregas mensais, ele relata como transformou desafios em diferenciais operacionais.
A ideia da Muralha Entregas surgiu a partir da experiência de Erike como comerciante. Ao depender de uma plataforma de entregas para atender clientes da sua tabacaria, identificou falhas frequentes, como atrasos, problemas de comunicação e suporte ineficiente. Com a desistência do sócio, decidiu seguir sozinho, estudou concorrentes, ouviu entregadores e desenvolveu um modelo de negócio com base em melhorias percebidas.
Desde o início, a empresa adotou estratégias para atrair entregadores e estabelecimentos. Foram utilizados recursos como bonificações semanais, personalização de equipamentos, publicidade em ônibus e parcerias com sites locais. Também foram criadas campanhas de indicação, adaptação de taxas e tabelas de preços conforme o perfil de cada empresa, com o objetivo de competir com plataformas maiores. “No inicinho, eu tive que fazer muito incentivo. Quem indicasse cliente ganhava 10 reais, por exemplo”, lembra o gestor.
Para manter o engajamento dos entregadores, a Muralha implementou incentivos contínuos, como premiações por desempenho e antecipação de pagamentos em datas específicas. Atualmente, a plataforma cobra uma porcentagem de 10% sobre as entregas, modelo considerado viável tanto para o empreendedor quanto para os entregadores. “Achei mais viável tanto pra mim quanto para os entregadores. Porque, se eu cobrasse valor fixo, eles não iam querer pagar. Assim, eu cresço junto com eles”, afirma o empreendedor. Também foi estabelecida uma política de desativação de entregadores inativos e uma taxa simbólica de R$ 30,00 para cadastro, como forma de compromisso com o serviço.
Erike também atua diretamente no suporte da empresa, mesmo contando com um responsável pelas finanças. Ele afirma que acompanhar o atendimento diariamente contribui para melhorias na experiência de usuários e entregadores. “Quando o dono olha melhor, o negócio melhora. Quando comecei a mexer no suporte, deslanchou o negócio. Mais clientes, mais entregas”, avalia o gestor. O controle de demanda e oferta é feito com base na quantidade de entregadores online e pedidos pendentes, principalmente no fim do mês, quando a procura por trabalho costuma aumentar. Em determinados períodos, há limitação de novas entradas.
Além das motos, a empresa conta com uma frota de carros, incluindo um veículo do próprio fundador, para atender diferentes segmentos. São cerca de 10 entregadores fixos nessa modalidade. Entre os setores atendidos estão padarias, farmácias e lojas de autopeças. “É um diferencial, aqui na cidade ninguém tinha isso. Já atendemos padaria, farmácia, autopeça”, relata Erike. Segundo ele, o volume de entregas de autopeças supera o de alimentos, o que gerou contratos relevantes para a empresa.
A Muralha também tentou entrar no segmento de e-commerce, mas encontrou dificuldades com a lógica de remuneração adotada por marketplaces, que é baseada em entrega, e não em quilometragem, como na plataforma. Apesar disso, Erike segue avaliando alternativas para atuar nesse mercado. “Mas queria abraçar esse mercado também, então, estou estudando alguma forma de dar um jeito, não está descartado ainda”.
Mesmo com a presença consolidada do iFood em Campo Grande, o objetivo é tornar a Muralha o principal aplicativo de entregas da cidade. A estratégia inclui integração com marketplaces e oferta de serviços terceirizados com custo reduzido para lojistas. “Minha meta é ser o aplicativo número um aqui de Campo Grande. Ou bater o iFood ou passar o iFood. Não sei quando vou conseguir, mas essa é a meta”, reflete ele. Para os próximos meses, o plano é expandir para outras cidades, com o apoio de parceiros locais.
