Nesta segunda-feira (30), Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, foi entrevistado pelo programa estadunidense CBS News Sunday Morning. A conversa foi marcada pela presença da mãe do executivo, Lily Kazra-Shahi, que compartilhou detalhes da história da família, que fugiu do Irã durante a Revolução de 1978. “Fomos forçados a sair. Não foi uma decisão. Aconteceu em um dia”, recordou ela, emocionada.
Conduzida pela jornalista Jo Ling Kent, a entrevista destacou a trajetória pessoal e profissional do executivo, a transformação cultural que tem feito na empresa e os desafios e inovações no setor de mobilidade urbana.
Do passado como refugiados ao comando de uma gigante da mobilidade
Khosrowshahi revelou que sua família, que vivia com boas condições no Irã, perdeu tudo ao buscar refúgio nos Estados Unidos: “Viemos de uma vida muito melhor para uma menor”. A experiência como imigrante moldou sua visão de mundo e influencia suas decisões como líder de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, como apontou.
Ele assumiu o comando da Uber em 2017, num momento crítico, quando a empresa enfrentava sérias denúncias de ambiente tóxico de trabalho e práticas agressivas de expansão. “Tive que mudar a cultura da empresa. Hoje, acertamos mais do que erramos”, avaliou.
Uber, inovação e o futuro da mobilidade urbana
Durante a entrevista, o CEO falou sobre as estratégias recentes da Uber para tornar os serviços mais acessíveis e sustentáveis. A empresa lançou novos produtos, como o Ride Pass e o Route Share, que conecta passageiros em rotas pré-definidas, como se fosse “carona tecnológica”.
“Estamos resgatando o conceito de carona, mas com inovação. O que é antigo é novo outra vez”, explicou o executivo, diante das críticas ao aumento no preço das corridas. Segundo ele, o reajuste se deve à necessidade de garantir remuneração justa aos motoristas.
Além disso, a Uber está expandindo seu serviço de táxis autônomos (robo-táxis), agora em operação também na cidade de Atlanta, em parceria com a Waymo. “A demanda por transporte sob demanda e entrega continua crescendo. Os veículos autônomos e os motoristas humanos ainda vão coexistir pelos próximos 5 a 10 anos”, afirmou Khosrowshahi.
Críticas à desigualdade e reflexões sobre imigração
Em meio a questionamentos sobre sua própria remuneração, estimada em US$ 40 milhões por ano, o CEO reconheceu que a desigualdade salarial é um problema grave: “A distância entre quem ganha mais e a classe média é grande demais. Ainda não sei como resolver, mas precisamos falar sobre isso”.
No fim da entrevista, o tom se tornou mais pessoal e emocional, ao relembrar os seis anos em que seu pai ficou impedido de deixar o Irã. Khosrowshahi, ainda jovem, teve que lidar com a ausência paterna sem poder sequer mencionar o nome do pai em casa.
Questionado sobre o atual cenário da imigração nos EUA, ele disse: “Estamos passando por uma transição. Meu desejo é que os EUA continuem sendo um país que atrai os melhores e mais brilhantes. Espero ajudar outras pessoas a viverem o mesmo sonho que vivi”.