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Ação da Cidadania rompe parceria de 8 anos com iFood

Movimento de combate à fome mantinha parceria com a plataforma de entregas desde 2017, mas, diante da falta de retorno efetivo por parte da empresa, mesmo após sucessivas tentativas de diálogo, a relação foi reavaliada.

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Notícia
Informações objetivas sobre fatos relevantes para o mercado de mobilidade, com apuração direta da redação.
Entregador de moto com mochila térmica vermelha da empresa iFood presa às costas, parado em uma rua da cidade.
Foto: Reprodução/Internet/iFood

A Ação da Cidadania anunciou, em comunicado publicado no dia 30 de maio, o encerramento de sua parceria institucional com o iFood. De acordo com a organização, a decisão foi motivada pela ausência de retorno efetivo por parte da empresa, mesmo após sucessivas tentativas de diálogo. A ONG também cita a recusa da plataforma em participar de uma audiência pública que discutiu o cenário de fome vivido por entregadores de aplicativo no Rio de Janeiro como um dos fatores que levaram à reavaliação da relação.

A parceria entre as duas instituições teve início em 2017, com o objetivo de contribuir para o combate à fome no país e aprofundar estudos sobre a qualidade de vida dos entregadores de app. Ao longo da colaboração, o iFood apoiou campanhas promovidas pela Ação da Cidadania, incluindo o desenvolvimento, por iniciativa da ONG, de uma ferramenta de doações dentro do próprio aplicativo, que se consolidou como referência no setor e viabilizou milhões de contribuições destinadas a famílias em situação de vulnerabilidade, beneficiando diversas entidades.

A organização também afirma ter incentivado a criação de uma área interna voltada à segurança alimentar dentro do iFood, com a expectativa de que, como maior plataforma de entrega de alimentos do país, a empresa liderasse mecanismos voltados à proteção alimentar de restaurantes, fornecedores, clientes e, sobretudo, seus entregadores. No entanto, segundo a Ação da Cidadania, não houve continuidade nas conversas sobre as iniciativas e a área foi totalmente descontinuada em 2023.

Dados levantados pela entidade apontam que um em cada três entregadores de aplicativo vive em situação de insegurança alimentar. “São dezenas de milhares de brasileiros em jornadas exaustivas, sem direitos assegurados, arriscando a vida diariamente — muitos sem ter o que comer”, diz o comunicado. “Esse dado, por si só, deveria mobilizar qualquer empresa comprometida com responsabilidade social.”

Resposta do iFood

O iFood se manifestou por meio de nota, na qual afirmou ter recebido com surpresa o anúncio do rompimento da parceria e lamentou o ocorrido:

“O iFood recebeu a notícia do rompimento da parceria com surpresa e lamenta o ocorrido. A cooperação com a Ação da Cidadania começou em 2017 e, desde então, temos apoiado a ONG em vários projetos como, por exemplo, o ‘Natal Sem Fome’. Durante estes oito anos de trabalho conjunto, sempre buscamos manter uma colaboração construtiva, além da participação da instituição no programa de arrecadação de doações de clientes no aplicativo. O iFood continua aberto ao diálogo com a Ação da Cidadania e reafirma seu compromisso em proativamente buscar soluções para contribuir com o combate a desigualdades sistêmicas do país, como falta de acesso à educação e insegurança alimentar.”

Lucro e responsabilidade social

Para a Ação da Cidadania, modelos de negócio que priorizam o lucro, negligenciando as condições básicas de quem sustenta suas operações, precisam ser repensados. “O crescimento econômico deve caminhar junto com a responsabilidade social. O sucesso de uma empresa também se mede pelo impacto que gera na vida de seus trabalhadores”, declara a entidade.

A organização finaliza o comunicado afirmando que a decisão de romper a parceria foi pautada por princípios. “A fome — onde quer que ela exista — precisa ser reconhecida, enfrentada e colocada no centro do debate.”

A entidade reforça que permanece aberta ao diálogo com todos os setores comprometidos em construir soluções justas e sustentáveis, mantendo como pilares a integridade, a responsabilidade social e o compromisso com a dignidade humana.

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