Motorista diz que classe lucraria R$ 0,13/min de trabalho, mas em alguns estados leva-se mais tempo para rodar o km. “Como vamos sobreviver?”, questiona.
O motorista de aplicativo Jair Gomes de Almeida, de Brasília, defendeu a aplicação do ganho por quilômetro e minuto rodado durante sua fala em audiência na Câmara dos Deputados.
“A gente luta por isso há muito tempo e não entende como se chegou ao consenso de hora trabalhada, sendo que isso é mão de obra, e nossa ferramenta de trabalho é o quilômetro”.
Segundo Jair, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT-SP), já deixou claro em entrevistas que o governo atuou apenas para intermediar as conversas entre sindicatos e plataformas.
Jair também mencionou outra dificuldade enfrentada pelos motoristas: os bloqueios. Segundo ele, o PLP 12/2024 deixa claro que isso não acontecerá. No entanto, para o motorista, isso não significa muito, uma vez que a lei que regulamentou os aplicativos de transporte no Brasil previa o pagamento do INSS, mas o governo nunca fiscalizou a questão. “As coisas caminharam de forma desorganizada e agora temos motoristas perdidos, sem saber quanto ganham. Há motorista que diz ganhar R$ 10 mil por mês, mas ele não sabe quanto realmente sobra, sendo a média de 25% a 30% desse montante.”
Jair também diz que fez um cálculo para entender o valor previsto no PLP. Segundo ele, na capital federal, o motorista roda 1 quilômetro por minuto. “Os R$ 32,10 têm uma lógica, são os R$ 8 do salário mínimo, para ter uma base de arrecadação para a previdência. Em Brasília, isso equivaleria a R$ 0,13 por minuto de mão de obra, mais R$ 0,85 por minuto [custos do veículo]. Mas, e nos outros estados onde o motorista demora mais tempo para rodar um quilômetro? Como vamos sobreviver?”
O motorista também defendeu que os sindicatos deveriam ser mais abertos e fornecer informações para o trabalhador, independentemente da corrente ideológica. “A vida do motorista não é só do motorista, é também de todos os usuários que transportamos, pois levamos vidas.”