Thiago Silva lamenta a falta de representatividade com os motoristas de app e dá detalhes de sua entrada na política.
Thiago Silva, mais conhecido como Professor Thiago, é pré-candidato a vereador em Recife, capital de Pernambuco, na qual, planeja auxiliar e representar os motoristas de aplicativo na política. O pré-candidato trabalha com corridas desde 2016, depois que perdeu sua principal fonte de renda e aderiu aos apps de transporte.
Em suas redes sociais, o também professor universitário compartilha suas ideias de governo e sua trajetória como motorista, defendendo uma tarifa de R$2 por km rodado: “A tarifa mínima, hoje no Brasil, deveria ser de no mínimo R$10. Os sindicatos que não nos representam, deveriam ter pensado em um projeto que de fato atendesse o interesse dos motoristas de aplicativos de todo o Brasil”.
Para explicar seus ideais e propostas como pré-candidato a vereador em Recife, o Professor Thiago conversou com o 55Content e detalha:
Como surgiu o convite para entrar na política?
Eu estava realizando um protesto no aeroporto do Recife quando o ex-deputado federal, Daniel Coelho, chegou. Hoje, ele é nosso pré-candidato a prefeito do Recife. Naquela ocasião, em 2017, o Congresso Nacional discutia a regulamentação da atividade, e Daniel era o relator do projeto.
Com os acessos ao aeroporto fechados, ele teve que sair andando e, por acaso, nos encontramos. Ele me pediu para entrar em contato mais tarde, e assim fiz. Foi então que Daniel me convidou para me filiar ao Cidadania, que na época estava mudando de posicionamento e se alinhando com nossos ideais.
E o que pesou para aceitar ser pré-candidato a vereador?
O que pesou foi a falta de representatividade. Hoje, nós só temos um vereador no país e precisamos de muito mais. Além disso, somos contra os sindicatos e o PLP-12/2024, bem como a reforma tributária, entendendo que um mandato legislativo, ainda que municipal, fortalece a luta da categoria em todo o país, contra todos estes absurdos.
Quais são suas principais propostas, caso eleito vereador?
Quero aumentar a idade veicular no Recife, para 10 anos, a princípio, com a possibilidade de estudo de viabilidade e discussão com os motoristas da capital, a depender da necessidade da região. Além disso, planejo criar áreas de embarque e desembarque em toda a cidade, criar pontos de apoio na Zona Norte, Zona Sul e Zona Oeste da cidade e, finalmente, resolver o problema das autuações indevidas no aeroporto e em toda a cidade.
Além disso, utilizar as câmeras de videomonitoramento, que hoje só servem para multar o cidadão, para localizar veículos roubados, através da leitura das placas, trazendo mais segurança para a população.
Também faz parte das nossas propostas abrir uma CPI para investigar a autarquia de trânsito do Recife, que somente este ano já arrecadou mais de R$30 milhões com multas de trânsito.
Por qual partido você irá concorrer e como definiria seu posicionamento político?
Iremos disputar a eleição pelo Partido Social Democrático (PSD) e nosso posicionamento político é de defesa da liberdade, sejam elas individuais ou econômicas. Sou totalmente contrário a essa polarização de esquerda e direita, que acaba não trazendo solução para os problemas das pessoas, a exemplo da mobilidade, já que Recife tem o pior trânsito do país e o décimo oitavo pior trânsito do mundo.
Atualmente, apenas o vereador Marlon Luz está eleito com a bandeira da representação dos motoristas de aplicativo. Nas últimas eleições, outros motoristas de app tentaram e não conseguiram. O que faz você acreditar que será diferente em 2024?
A urgente necessidade de representação. O motorista já entendeu que precisa de alguém no parlamento para representar, tanto a nível municipal, estadual e federal. Se nós tivéssemos um deputado federal eleito, por exemplo, nesse contexto da PLP-12/2024, iríamos ter um parlamentar atuando ativamente para não deixar este projeto absurdo ser aprovado.
Quando influenciadores de uma determinada categoria decidem entrar para política, é comum haver críticas de que estariam se aproveitando da influência para fins próprios. Como você responderia a essas críticas?
A atividade política, de representar, legislar e fiscalizar, é direito de todo cidadão. No meu caso, saí da indignação e fui para a ação. Saí de dentro do carro e decidi enfrentar os desafios de ter uma vida exposta e pública. Em vez de criticar, estas pessoas deveriam agradecer pela coragem de muitos, de colocar a cara na urna e buscar pensar no coletivo.
Como pretende usar um possível cargo de vereador para modificar a regulamentação federal?
À medida que tenhamos representações em todo o país ocupando casas legislativas, teremos força política para buscar apoio de deputados federais dos nossos estados e mostrar que o projeto que está sendo debatido em Brasília é ruim para os motoristas de aplicativos.
Aliás, só interessa para sindicatos, plataformas e para o próprio governo. Vale lembrar que no lançamento do PLP-12/2024, quem tirou foto abraçado com o governo e com as plataformas foram os supostos sindicalistas, muitos destes que nunca sequer dirigiram ou têm conta nas plataformas.