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Quem são os idosos que recorrem aos apps de transporte para complementar renda?

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Idosos recorrem aos aplicativos de transporte para complementar renda e voltar ao mercado de trabalho.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem aproximadamente 7 milhões de trabalhadores com mais de 60 anos.

Essa quantidade é parte de uma tendência crescente de envelhecimento da força de trabalho, conforme evidenciado por uma projeção da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que estima que, em 2040, mais da metade dos trabalhadores brasileiros (57%) terão mais de 45 anos.

A profissão de motorista de aplicativo é frequentemente escolhida por idosos que desejam continuar trabalhando após a aposentadoria. Um estudo feito pelas pesquisadoras Luana de Barros e Taiuani Marquine Raymundo, da Universidade Federal do Paraná, com motoristas de app entre 50 e 63 anos, mostrou que os motivos mais comumente apontados por eles para escolher esse tipo de trabalho são a flexibilidade de horários, a facilidade de acesso ao mercado e o retorno financeiro.

“Neste estudo foi possível evidenciar a importância do trabalho com aplicativos móveis de transporte na vida de indivíduos que estavam afastados do mercado de trabalho devido à discriminação etária existente em diversas empresas, somada ao cenário de crise econômica, o que causava necessidade financeira de contribuir com a renda familiar e dificuldade na obtenção de recolocação profissional”, dizem as pesquisadoras. No entanto, alertam para os riscos para a saúde dos trabalhadores, tendo em vista as longas horas de trabalho rotineiramente desempenhadas. 

A adaptação à tecnologia surge como um obstáculo para esse tipo de trabalho. Segundo o Pew Research Center, um instituto de pesquisa em Washington, EUA, dos 29 milhões de idosos no Brasil, apenas 5 milhões utilizam a internet. Isso significa que mais de 80% dos idosos brasileiros não acessam os benefícios do mundo digital.

Marco Túlio Macedo, de 65 anos, trabalha como motorista de aplicativo desde 2019 e afirma que a atividade exige habilidade com a tecnologia, algo que muitos idosos não têm: “Você tem que ser ágil mesmo, senão não funciona. E muitos idosos, eu sei, enfrentam esse problema. Gente com idade mais avançada que a minha, ou com a minha idade mesmo, não consegue. Não é fácil.”

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Marco destaca a importância dos grupos de WhatsApp formados por outros motoristas na sua adaptação à tecnologia dos aplicativos, que lhe ofereceram suporte: “Eu entrei para um grupo de motoristas, e o pessoal me deu muitas dicas; aí ficou fácil usar as funcionalidades dos aplicativos, principalmente da Uber.”

A idade avançada dos motoristas também influencia as escolhas que fazem em relação às suas condições de trabalho. Carlos Verdi, que tem 68 anos e trabalha como motorista de aplicativo há quase 9 anos, afirma que evita certos tipos de corrida: “Não faço mais jornadas longas e evito trabalhar à noite; já fiz muito isso, não compensa, pelo menos para mim.”

Já Marco afirma que dirigir é uma de suas atividades preferidas e nunca teve problemas em relação à sua saúde ou segurança. Mas reitera que é importante cuidar-se e monitorar questões relacionadas à idade, como nível de colesterol e pressão arterial.

O trabalho de motorista de aplicativo tem sido responsável pela reinserção de idosos no mercado de trabalho de forma independente, questão destacada por ambos os motoristas: “É uma área onde você faz seu próprio horário, você trabalha quando quer, começa a entender direitinho os horários bons para você trabalhar, e dá para faturar uma boa grana. Dá para se virar”, afirma Marco. Carlos enfatiza que a falta de superiores é uma das vantagens do trabalho: “Benefícios de trabalhar quando quiser, sem ninguém te cobrando isso ou aquilo.”

Embora existam soluções para passageiros idosos, como serviços telefônicos da Uber para idosos que não possuem smartphones nos EUA, ou a empresa brasileira Eu Vô, especializada em transporte de pessoas de idade avançada, os motoristas idosos não possuem o mesmo suporte.

Ambos os motoristas entrevistados afirmam que as plataformas não oferecem nenhum tipo de auxílio especial por serem idosos, seja em ajuda tecnológica ou financeira.

A equipe do 55content buscou representantes da Uber e 99 sobre essa questão, mas, até o momento de publicação dessa matéria, não houve retorno.

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