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“Qualquer motorista já consegue um salário mínimo”, diz presidente da Fembrapp

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Paulo Xavier
Paulo Xavier

Paulo Xavier, presidente da Federação dos Motoristas por App do Brasil, defendeu a mínima de R$ 2 por quilômetro rodado e valor mínimo por corrida.

Em um pronunciamento na Câmara dos Deputados sobre a situação dos motoristas de aplicativo, Paulo Xavier, presidente da Federação Nacional dos Motoristas de App, argumentou a necessidade de mudanças significativas na maneira como esses trabalhadores são remunerados. As declarações foram feitas durante uma audiência pública sobre a situação dos trabalhadores de aplicativos.

“O cálculo do carro precisa ser através de quilômetro rodado e tempo. Nós não concordamos com essa pesquisa de hora ou salário mínimo oferecido no grupo de trabalho. Hoje qualquer motorista já parte com a garantia de ganhar esse valor. Isso precisa ser revisto”, afirmou Xavier, expressando descontentamento com a metodologia empregada por algumas pesquisas recentes.

De acordo com Xavier, os ganhos dos motoristas de aplicativos estão sendo minados por custos operacionais, enquanto as tarifas ofertadas pelas plataformas permanecem as mesmas ou até diminuem. “A média que o motorista roda por dia é 200 quilômetros. Hoje a maioria das corridas é ofertada em torno de R$ 1 a R$ 1,30 o quilômetro rodado. Já o custo do carro para o motorista é de cerca de R$ 0,90 o quilômetro rodado, considerando a despesa normal do carro mais o combustível”, explica.

Ele também apontou que a inflação e a alta dos preços dos combustíveis agravaram a situação, juntamente com a falta de transparência das plataformas em relação ao cálculo das tarifas. “A medida que os gastos vão aumentando com inflação, com a perda real de ganhos e também de combustível, os reajustes que a plataforma faz são para baixo, é um reajuste negativo”, denunciou.

No entanto, Xavier ressaltou que a remuneração não é a única questão problemática enfrentada pelos motoristas de aplicativos. Ele abordou a questão da segurança, lembrando que muitos motoristas foram vítimas de violência durante o trabalho. “Nós tivemos que enterrar um parceiro em Belo Horizonte que foi esfaqueado, infelizmente veio a óbito, e foi através de uma corrida chamada pelo aplicativo”, disse Xavier.

Para resolver essas questões, Xavier enfatizou a necessidade de uma regulamentação adequada que preserve a autonomia dos motoristas, mas garanta direitos básicos, como remuneração justa e segurança no trabalho. “A questão é manter a autonomia, mas que haja respeito, garantia, ganhos justos e segurança”, concluiu.

Vinícius Guahy

Vinícius Guahy é jornalista formado pela Universidade Federal Fluminense e coordenador de conteúdo do 55content.

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