A morte de motorista de app durante trabalho levanta questionamentos sobre a segurança dos motoristas e as políticas de verificação de passageiros.
A morte de Marcos Luís Silva Alves, motorista de aplicativo de Salvador, assassinado durante uma corrida solicitada via Uber, reacendeu uma questão entre os motoristas de app: a segurança.
Em um vídeo divulgado na noite desta última segunda-feira (6), o motorista e influenciador Cláudio Sena questionou as políticas de segurança das plataformas de transporte por aplicativo: “Por que os aplicativos não realizam com os passageiros as mesmas verificações que fazem com os motoristas? Um passageiro, mesmo tendo antecedentes criminais, pode usar a plataforma para solicitar viagens tranquilamente, colocando em risco a vida do motorista.”
Sena relembra que durante um evento em maio de 2018, um gestor nacional da Uber explicou que a imposição de barreiras mais fortes para os passageiros afetaria o volume de viagens e, consequentemente, a receita. A simples exigência do CPF, por exemplo, já havia reduzido as chamadas em cerca de 20%. Além disso, ele argumentou que exigências semelhantes poderiam expor a empresa a processos por constrangimento e discriminação.
Na ocasião, Sena não se conteve e expressou a preocupação compartilhada por muitos de seus colegas: “Então, quer dizer que para o passageiro, a empresa providencia perfis de motoristas que garantam segurança. Mas para o motorista pode ser qualquer um, colocando em risco nossas vidas. Você não vê a quantidade de assaltos e até de mortes que estão acontecendo todos os dias, Brasil afora?”
O gestor contra-argumentou dizendo: “são critérios diferentes, são situações bem distintas. Eu entendo a preocupação de vocês, mas a empresa precisa zelar pelo direito de todos e pela segurança do serviço que ela presta.”
No entanto, em resposta à morte de Marcos Luís, os motoristas organizaram uma grande manifestação e uma carreata até a sede da Uber.
As autoridades locais se comprometeram a aumentar o patrulhamento e melhorar a segurança.
“Você se preocuparia em ter a sua quantidade de viagens reduzida, até mesmo o seu ganho, se isso implicasse em maior nível de segurança?”, reflete Sena.
A Uber comunicou em nota que está colaborando com as investigações e que presta assistência à família do falecido, que receberá o seguro de 100 mil reais. No entanto, Sena argumenta que nenhuma compensação financeira pode substituir a vida perdida e que medidas preventivas são essenciais para evitar futuras tragédias.