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Opinião de Leitor: motorista diz que valor justo seria 48 reais por hora de trabalho

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Dias longos, remuneração incompatível e concorrência desleal com o transporte público. Essas são apenas algumas das dificuldades enfrentadas pelos motoristas de aplicativo na região metropolitana da Grande Vitória e em todo o estado do Espírito Santo, conforme exposto por um leitor que é motorista de aplicativo, Renato Duarte. 

Jornadas exaustivas e remuneração questionáve

De acordo com o leitor que entrou em contato conosco, a dinâmica do trabalho nos aplicativos de transporte passou por mudanças significativas. “Tenho trabalhado de 8 a 12 horas por dia, todas as noites. Independente do horário que começo”, compartilha o motorista que detalha sua rotina cansativa que frequentemente o mantém afastado da família.

A concorrência com o transporte público

O motorista alega que a concorrência deixou de ser com os táxis e passou a ser com as linhas de ônibus, especialmente em relação ao preço. Ele destaca que a tarifa cobrada por corridas compartilhadas é frequentemente mais baixa do que o valor total de passagens de ônibus para o mesmo número de passageiros, um indicativo de que os aplicativos estão subvalorizando o serviço prestado pelos motoristas.

A necessidade de uma tarifação mais justa

Na opinião do leitor, é fundamental que sejam realizadas adaptações na maneira como a tarifa é calculada, de forma a refletir melhor os custos envolvidos em cada corrida. Ele sugere a implementação de um sistema que considere variáveis como o número de passageiros, a quantidade de paradas e o volume de bagagem  transportada, garantindo assim uma remuneração mais justa para os motoristas. 

“Tem que ser feito um questionário na hora de o passageiro pedir o Uber informando quantas pessoas vão, quantas paradas, e se tiver malas, quantas são e serem cobradas por isso de cada pessoa que irá ao destino”, argumenta.

A proposta do leitor, que ecoa o sentimento de outros motoristas que também se sentem desvalorizados, é clara: um valor justo por hora de trabalho seria de R$ 48. “Como já falei, eu trabalho entre 8 e 12 horas todos os dias no Uber. E posso afirmar que já ganhei 48 reais por hora todo dia. Esse seria o valor adequado”, argumenta.

Um pedido por mudanças

Neste depoimento, é palpável a frustração e o desejo por mudanças que beneficiem os motoristas, que têm enfrentado jornadas exaustivas e gastos consideráveis com a manutenção de seus veículos. Duarte critica o posicionamento das empresas de aplicativo que, segundo ele, se recusam a reconhecer a sua natureza de empresas de transporte, evitando assim responsabilidades adicionais perante os motoristas.

Na parte final de seu relato, o motorista ainda expressa uma crítica contundente ao sistema judicial, alegando que há uma falta de empatia e compreensão por parte dos juízes no que diz respeito à realidade enfrentada pelos motoristas de aplicativos. Segundo ele, as decisões judiciais frequentemente favorecem as plataformas de transporte, sustentadas justamente por argumentos que negam a natureza destas como empresas de transporte. 

Ele sugere que essa postura pode ser resultado da desconexão dos magistrados com as dificuldades práticas e financeiras vivenciadas diariamente pelos motoristas, uma classe trabalhadora que, em sua visão, luta para sustentar suas famílias através de jornadas exaustivas e remuneração inadequada. O leitor clama por uma reavaliação da legislação atual, que, segundo ele, permitiria uma divisão mais justa dos ganhos e responsabilidades entre as plataformas e os motoristas.

Ele conclui seu desabafo com um pedido por mais consideração e justiça para com os motoristas de aplicativos, que têm sido uma força vital no ecossistema de transporte urbano.

Nota da redação

Este artigo foi elaborado com base na opinião de um leitor que é motorista de aplicativo. A sua visão pode ou não representar a realidade da maioria dos motoristas de aplicativos na região metropolitana da Grande Vitória ou outras regiões. 

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Giulia Lang

Giulia Lang é líder de conteúdo do 55content e graduada em jornalismo pela Fundação Cásper Líbero.

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