A principal motivação é a reivindicação por melhores condições de trabalho, como aumento nos repasses ganhos pelas corridas e garantias de seguro de vida e saúde.
No dia 15 de maio, motoristas de aplicativo prometem paralisar suas atividades em diversas cidades do Brasil.
O objetivo principal da paralisação é exigir melhores condições de trabalho para os motoristas, que frequentemente enfrentam dificuldades para garantir uma remuneração justa e segurança no exercício de suas atividades.
As principais demandas incluem o aumento da tarifa mínima, a diminuição da comissão cobrada pelas plataformas, a disponibilização de seguro de vida e saúde, e a melhoria da proteção contra assaltos e violência nas áreas urbanas. Outro ponto é a cobrança de um adicional por cada parada solicitada durante a corrida.
Simone Almeida, presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos que Utilizam Aplicativos do Estado de Minas Gerais (Sicovapp), informou, para a reportagem do jornal O TEMPO, que o movimento será pacífico e ordeiro. “A orientação é para que os motoristas desliguem os aplicativos. É uma forma de chamar a atenção das empresas, reivindicando o pagamento de taxas e melhores valores das corridas, que estão baixos”, explica.
O movimento que deve ocorrer a nível nacional será apoiado por influenciadores digitais. “De norte a sul, queremos valores dignos com mínima a 10 reais e viagens a 2 reais o km de forma que o motorista não apenas sobreviva, mas que ele viva do seu trabalho”, escreveu o influencer e motorista de Uber, Fernando Floripa, em uma publicação no Instagram. “Somos motoristas parceiros da Uber, correto? Mas até o momento não há nenhuma parceria, pois só quem ganha é a Uber”, afirmou o influencer em seu canal de YouTube.
“O objetivo da paralisação são dois: gerar transtorno para os passageiros, que são os clientes principais da Uber, e fazer com que nossa voz seja ouvida nas redes sociais até que chegue na mídia, porque querendo ou não, a Uber tem uma representatividade muito grande no mundo inteiro. Se um bom número de motoristas deixarem de ligar o aplicativo a nível nacional, e nós estamos falando de milhares de motoristas espalhados pelo país, isso vai gerar transtornos para os passageiros e esse tipo de transtorno pode fazer com que a Uber ouça o nosso apelo. Pedimos para que os motoristas não liguem o aplicativo e a gente consiga levar nossa mensagem. De forma inteligente e organizada, nossas demandas serão atendidas, mas isso só irá dar certo se os motoristas toparem: a união faz a força”, afirmou um motorista de Uber não identificado, da cidade de Goiânia, em vídeo do canal de YouTube de Fernando Floripa.
A Fembraap – Federação dos Motoristas por Aplicativos do Brasil – declarou, no dia 5 de maio, que manifesta total apoio à iniciativa dos motoristas. A entidade defende a paralisação como um meio legítimo de protesto e destaca que as empresas de aplicativos têm a responsabilidade de assegurar boas condições de trabalho e remuneração justa aos motoristas.
“É inaceitável que os motoristas continuem a trabalhar recebendo valores tão baixos como os ofertados atualmente. Por isso, a FEMBRAAP convoca a todos a se juntarem à causa e desligarem os aplicativos no dia da paralisação. Juntos, os motoristas podem fazer a diferença na defesa de seus direitos e interesses”, disse, em nota, a entidade para a equipe da 55 Content. “A FEMBRAAP acredita que a luta pela valorização do trabalho dos motoristas é uma questão justa e necessária, e reforça o compromisso em buscar melhorias para a categoria”, completa.
A maioria dos trabalhadores que atuam em plataformas de aplicativos é considerada autônoma, o que significa que eles não têm acesso a benefícios trabalhistas, como férias remuneradas, licença médica remunerada e pensão. Além disso, esses trabalhadores reivindicam tarifas justas que lhes permitam obter uma renda sustentável. Eles também exigem maior transparência nas decisões algorítmicas das empresas em relação à definição de tarifas e à alocação de viagens. Por fim, muitos desses profissionais enfrentam riscos à saúde e segurança no trabalho, como agressões por parte dos passageiros, acidentes de trânsito e outras ameaças à sua integridade física.
Leia mais em: Lula cria grupo para regulamentar trabalho por aplicativo
Vale destacar que, no dia 1 de maio, o presidente Lula instituiu um grupo de trabalho para criar uma proposta de regulamentação do trabalho dos motoristas de aplicativo. O grupo de trabalho será formado por quinze representantes do Governo Federal, quinze representantes dos trabalhadores, todos indicados pelas centrais sindicais, e quinze representantes das empresas do setor.