Valores são referentes a motoristas que trabalham 20 horas semanais (de R$ 926 a R$ 1.774) e 40 horas semanais (de R$ 2.925 a R$ 4.756). Os dados são de uma pesquisa encomendada pelas plataformas.
Cerca de 1,7 milhão de brasileiros trabalharam com aplicativos de transporte e entregas em 2022, sendo 1.274.281 motoristas e 385.742 entregadores. Eles recebem entre 1 e 6 salários mínimos e não querem deixar as plataformas. É o que diz uma pesquisa feita entre agosto e novembro de 2022 pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), encomendada pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec).
A Amobitec é formada pelos principais aplicativos de mobilidade e entregas do país e, segundo informações da coluna do jornalista Guilherme Amado, a Amobitec representará os aplicativos no grupo de trabalho criado para debater a regulamentação do setor.
Os números batem com o estudo divulgado em fevereiro pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
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Com dados fornecidos pelas plataformas 99, iFood, Uber e Zé Delivery, a pesquisa da Cebrap chegou à conclusão de que quase a totalidade dos motoristas são do sexo masculino (95% dos motoristas e 97% dos entregadores), possuem ensino médio completo (60% dos motoristas e entregadores) e se declaram pretos ou pardos (62% dos motoristas e 68% dos entregadores). Entre os entregadores e motoristas, a maioria pretende continuar trabalhando nas plataformas (80% dos entregadores e 60% dos motoristas).

Em relação à jornada de trabalho e remuneração, os motoristas trabalham mais dias por semana e chegam a ganhar de 1 a 4 salários mínimos. Os motoristas trabalham em média entre 22 e 31 horas semanais, com uma renda líquida média que varia entre R$ 2.925 e R$ 4.756. A jornada dos entregadores oscila entre 13 e 17 horas semanais, e a renda líquida varia entre R$ 1.980 e R$ 3.039.
Os motoristas têm em média 39 anos. Já os entregadores são em média 6 anos mais jovens. Aproximadamente 60% têm ensino médio completo.
Ao todo, foram entrevistados 3025 pessoas (1.507 entrevistas com entregadores e 1.518 com motoristas) por telefone entre agosto e novembro de 2022. A confiança dos dados é de 95% e o erro amostral é de 2,5%.
Carteira assinada
Segundo a pesquisa, 43% dos motoristas estavam desempregados, 57% tinham uma atividade econômica antes de iniciarem o trabalho nas plataformas, a maioria com registro em carteira. Desses, 31% continuaram as atividades e usam os aplicativos como renda extra, e 26% abandonaram essa atividade para se dedicar exclusivamente aos aplicativos.
Entre os entregadores, 67% tinham alguma atividade econômica antes de começar a trabalhar com aplicativos, sendo 52% com carteira assinada, e 31% estavam desempregados. A pesquisa ainda aponta que 27% já trabalhavam com entregas e usam as plataformas como renda extra.