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Motorista lança campanha nacional contra bloqueios abusivos na Uber

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Marcelo Tavares teve sua conta bloqueada e não conseguiu informações sobre o motivo. Uber já desbloqueou o motorista.

Marcelo Tavares, motorista de aplicativo com sete anos de experiência e mais de 15 mil corridas completadas, recentemente enfrentou um obstáculo que vem se tornando cada vez mais comum entre os trabalhadores dessa indústria: o bloqueio de conta. Tavares, que também administra o canal do YouTube “Uber Mestre” com 24 mil inscritos, agora lidera uma campanha nacional contra essa prática, a qual considera injusta e prejudicial para os motoristas.

Depois de ficar desempregado em 2015, Tavares viu uma oportunidade de renda imediata ao se tornar motorista de aplicativo. Apesar dos desafios da profissão, incluindo situações estressantes com passageiros, ele manteve altas notas de avaliação ao longo dos anos, usando estratégias para manter a calma e tratar todos os clientes da melhor maneira possível.

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Segundo ele, o problema surgiu de repente. Sem motivo aparente, a conta de Tavares foi bloqueada, sem que a empresa fornecesse detalhes sobre a razão. O bloqueio ocorreu após um período particularmente intenso de trabalho, com mais de 50 corridas realizadas entre o primeiro e o terceiro dia do mês. Ao buscar explicações, Tavares foi aconselhado a “buscar seus direitos”, sem receber nenhuma informação adicional.

Em um vídeo publicado em seu canal, Tavares mostra uma mensagem que a Uber encaminhou para seu aplicativo informando o bloqueio e que ele deveria compartilhar informações de viagens que ocorreram entre os dia 1 e 3 junho, mas sem especificar o ocorrido.

Em sua resposta ao aplicativo, Tavares disse que precisava de mais informações para se defender e a Uber afirmou que não poderia fornecer dados adicionais de acordo com a política de privacidade da empresa.

No dia seguinte, o motorista foi até a sede da empresa, conversou com funcionários do suporte que novamente afirmaram que não poderiam passar mais informações, mesmo o motorista alegando que a Lei Geral de Proteção de Dados dava a ele o direito de solicitar a revisão de decisões tomadas a partir de tratamento automatizado de dados. Marcelo chegou a chamar uma viatura até o local mas, segundo ele, ela demorou e o local já estava fechado quando a polícia chegou.

“Três dias parados, eu perdi pelo menos R$ 1.200, porque eu sempre trabalho por R$ 400, no mínimo. Então, de R$ 1.200 a R$ 1.300, eu perdi fora o dano moral, o nervoso que você passa, a preocupação”. Tavares diz que o bloqueio de contas é um problema recorrente, não apenas na Uber, mas também em outras plataformas, como a 99.

Bloqueado, Marcelo abriu cada corrida que realizou nos dias citados e recordou-se de uma viagem em que os passageiros inseriram o endereço de destino errado e ele não poderia realizar a viagem em questão. Os passageiro então pediram para ele cancelar e saíram batendo a porta do veículo.

“Entrei em contato com o Duda, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo do Estado de São Paulo, relatei o ocorrido e ele encaminhou a questão para a Uber”. Dias depois a empresa realizou o desbloqueio do motorista.

A experiência o motivou a iniciar uma campanha para combater esses bloqueios. Através de seu canal no YouTube e de suas redes sociais, Tavares está incentivando outros motoristas de todo o Brasil a compartilhar suas experiências com bloqueios de conta e a questionar por que um relato falso pode ter mais peso do que anos de trabalho duro e dedicado.

Tavares espera que essa campanha sirva como um ponto de virada, onde a prática de bloqueios indiscriminados pare de acontecer, ou ao menos seja acompanhada por um processo de defesa mais justo e transparente para os motoristas.

“Bloqueio vai acontecer? Vai, mas que temos o direito de defesa de saber o que aconteceu. Porque se eles me dissessem assim, olha, foi no dia tal, preservando o cliente, foi no dia tal, horário tal, você sabe de alguma coisa? Não teria tanto estresse, eu iria no meu aplicativo, acharia aquele horário, falaria, ah, foi assim que aconteceu. Fariam ali uma comparação e liberariam minha conta”.

Procurada, a Uber não respondeu sobre o assunto até a publicação da matéria.

Vinícius Guahy

Vinícius Guahy é jornalista formado pela Universidade Federal Fluminense e coordenador de conteúdo do 55content.

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