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inDriver vira inDrive para expandir seus serviços

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Aplicativos de Transporte, inDrive, Motorista
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Aplicativo de transporte conhecido pelo seu modelo de leilão agora oferece plataforma de serviços gerais.

Em outubro de 2022, o aplicativo de transporte de passageiros, conhecido anteriormente como inDriver, anunciou uma mudança global em sua marca. Para aqueles que não prestaram muita atenção, a mudança pode não parecer tão significativa, já que a empresa apenas retirou uma letra do seu nome e passou a se chamar inDrive.

No entanto, este passo representou uma nova fase para a startup nascida na Rússia, mas que atualmente possui sede, capital e estrutura baseada em Mountain View, Califórnia. A inDrive, além de oferecer serviços de transporte de passageiros e entregas, já comuns em empresas do setor, agora possui um marketplace de serviços urbanos em geral, chamado inLocal.

O modelo é o mesmo adotado no transporte por aplicativo, mas em vez de o cliente fazer uma oferta para um motorista, ele pode solicitar um profissional para uma ampla variedade de serviços.

“Agora somos mais do que um aplicativo de mobilidade urbana. Somos um superapp. Um marketplace que oferece serviços de transporte interurbano, de cargas, entregas de última milha e, por fim, serviços gerais, em que o usuário pode se conectar com um personal trainer, manicure, marceneiro, pedreiro, pintor ou qualquer outro tipo de profissional, explicando o que precisa, quanto pretende pagar e receber uma resposta positiva ou uma contraproposta”, explica Fernando Santos, gerente de desenvolvimento de negócios da inDrive Entregas.

A empresa também tem planos de entrar em novos setores estratégicos, como fintech (tecnologia financeira), entrega de alimentos e desenvolver programas sem fins lucrativos em grande escala.

Há três anos com operação da empresa, o Brasil já é um dos cinco maiores mercados da inDrive no mundo e só a operação de entregas dobrou sua capacidade entre 2021 e 2022. Já são 20 milhões de downloads nas lojas virtuais.

São mais de 8 milhões de viagens realizadas por mês, totalizando quase 200 milhões de corridas desde meados de 2018, quando o aplicativo iniciou sua jornada no Brasil. De 2021 a setembro de 2022, a plataforma alcançou mais de 7 milhões de downloads, sendo um dos aplicativos de turismo, mobilidade e lazer mais procurados nas lojas virtuais.

Entregas: segunda vertical mais importante da empresa

Além do transporte de passageiros e dos serviços gerais, a inDrive também investe no mercado de entregas, que é a segunda vertical mais importante da empresa. O inDrive Entregas atende tanto a pessoas físicas que precisam transportar pequenos objetos de um lugar para outro, quanto a empresas.

Atualmente, 70% da base de clientes da inDrive Entregas são pequenos negócios, com de 1 a 10 funcionários, e outros 10% são empreendedores individuais que não possuem funcionários.

“Antes, um pequeno empreendedor que comprasse calças jeans de um grande atacadista e revendesse nas suas próprias redes sociais precisaria ir aos Correios, despachar a mercadoria e às vezes esperar até cinco dias para a entrega ser feita. Com o inDrive Entregas, ele pode fazer as entregas em até uma hora”, explica Santos.

O modelo é o mesmo utilizado para o transporte de passageiros: a empresa fornece o preço e o entregador pode aceitá-lo ou fazer uma contraproposta. É possível realizar até quatro entregas ao mesmo tempo com o mesmo entregador, usando moto, bicicleta ou carro. Alguns dos principais mercados atendidos pela vertical de entregas da empresa incluem floriculturas.

Leilão e poucos algoritmos

A empresa afirma não ter algoritmos complexos para determinar preços ou decidir qual profissional fará o serviço. Quando uma solicitação é feita, todos os profissionais na área recebem a proposta.

“Ao contrário do uso de algoritmos por todo o setor, o modelo peer-to-peer “pessoa-a-pessoa” do inDrive não envolve algoritmos complexos. Neste sentido, a inDrive sustenta que as pessoas sempre podem negociar diretamente. Este princípio orientador de “pessoa para pessoa” permanecerá inalterado e agora está refletido no slogan da empresa: “People Driven” – corridas mais humanas”, disse a empresa em uma nota durante a mudança de nome.

Reclamações sobre segurança, tarifas baixas e falta de cartão de crédito

O gerente da inDrive Entregas destaca que a empresa calcula uma média de preço para uma corrida, baseada na cidade, horário e distância, e apresenta ao cliente um preço recomendado. “O preço recomendado não precisa ser seguido, mas é uma forma que encontramos de mostrar ao cliente que, se ele oferecer um preço muito baixo, pode não ser atendido”.

Uma outra forma que a empresa encontrou para incentivar tarifas mais razoáveis foi estabelecer um preço mínimo por corrida.

As taxas da inDrive são fixadas em 9,99% do valor do serviço prestado e são pagas de forma antecipada, ou seja, o profissional recarrega uma carteira digital da plataforma e, conforme realiza os serviços, o crédito é reduzido. Em novos mercados, a empresa costuma não cobrar taxas nos primeiros meses.

Quanto à segurança, o gerente afirma que este é o principal foco da empresa neste ano, e que estão trabalhando para melhorar o processo de verificação de motoristas e clientes.

Sobre a falta de opção de pagamento no cartão de crédito, a empresa argumenta que o modelo de negócio inDrive nasceu da necessidade de oferecer serviços a preços justos e, para tanto, deixar que demanda e oferta (passageiro e motorista) possam realizar todo acerto de forma direta e transparente, tendo na plataforma uma base de conexão e suporte. “O cartão, até então, nos tornaria um serviço tal como o atual modelo já prega. Mas, sim, há estudos em avançado no sentido de oferecer esta opção para o Brasil também (não consigo te precisar tempo), sem que isso retire a essência do nosso serviço com premissa de preço justo e maior liberdade de escolha – desde sempre valores essenciais do modelo de negócio inDrive”, explicou a empresa.

Concorrência e regulamentação

Em relação ao recente teste da 99 em criar um modelo semelhante ao da inDrive, o gerente acredita que a concorrência é saudável e que a inDrive já é uma empresa pioneira neste modelo, atuando há 10 anos nesta forma. “É natural que outras empresas sigam nosso exemplo, mas estamos preparados e respeitamos essa competição”.

Sobre regulamentação, Santos afirma que a inDrive é uma empresa que atua de acordo com a lei em todos os municípios, trabalhando com órgãos públicos e mantendo uma equipe de relações governamentais para buscar novas regulamentações. “Se houver novas regulamentações, nós as respeitaremos e continuaremos com nosso plano de desenvolvimento de negócios. Este não é apenas um problema no Brasil, é algo com o qual estamos acostumados a lidar”.

História

A inDrive foi fundada em Yakutsk, na região da Sibéria, onde as temperaturas chegam a -60ºC.

Durante as festas de final de ano de 2012, os termômetros marcavam -45ºC e os preços dos serviços de táxi explodiram.

Um grupo de estudantes ficou insatisfeito com a situação e decidiu criar um grupo de caronas no VK, que é uma versão russa do Facebook.

Neste grupo, chamado de Independent Drivers, daí o nome inDrive, os membros colocavam os endereços para onde estavam indo e quanto estavam dispostos a pagar. Os motoristas visualizavam a proposta, aceitavam ou faziam uma contraproposta.

Em seis meses, o grupo já contava com mais de 60 mil membros. Vendendo o sucesso que o grupo se tornou, a Sinet, que é uma associação de empresas de TI, da mesma cidade onde surgiu a inDrive, decidiu abraçar o projeto e transformar o grupo em uma plataforma de mobilidade urbana. Arsen Tomskiy, CEO e fundador da Sinet, comprou o grupo e o incorporou à empresa.

Em dezembro de 2014, a inDrive saiu pela primeira vez das fronteiras da Rússia, chegando em Nova York. Atualmente, o aplicativo está disponível em mais de 700 cidades em 47 países em todos os continentes. É o segundo aplicativo de mobilidade mais baixado na Google Play e na App Store, com mais de 150 milhões de downloads. Já foram 2 bilhões de viagens realizadas.

Vinícius Guahy

Vinícius Guahy é jornalista formado pela Universidade Federal Fluminense e coordenador de conteúdo do 55content.

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