Como é a rival americana da Uber e por que a empresa não veio para o Brasil?

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Motorista
RSH3 Lyft PressKit 23
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Entenda como a Lyft atua e o que pensam os motoristas de aplicativo que trabalham com ela por lá.

Criada em 2012, nos Estados Unidos, a Lyft está presente em mais de 350 cidades do país. No entanto, a principal rival da Uber em sua terra natal, seguiu uma estratégia bem diferente da empresa mais famosa do setor.

Enquanto a Uber apostou em uma estratégia agressiva de expansão pelo mundo, a Lyft manteve-se no “arroz e feijão”, atuando apenas nos Estados Unidos até 2017, quando expandiu sua operação para o Canadá.

Mesmo assim, a empresa tem alcançado números bem interessantes.

Em 2023, a Lyft movimentou mais de US$ 13,8 bilhões na sua plataforma, um aumento de 14% em relação ao ano anterior. A receita e a quantidade de viagens também aumentaram. A empresa alcançou US$ 4,4 bilhões em receita e realizou 709 milhões de viagens, um crescimento de 8% e 18%, respectivamente, em relação ao ano anterior.

Evidente que, quando comparada com os números da rival, a Lyft ainda está bem atrás.

No mesmo período, a Uber realizou 9,5 bilhões de viagens pelo mundo e alcançou uma receita de US$ 37,3 bilhões.

A série “A Guerra pela Uber”, inspirada no livro de mesmo nome do jornalista Mike Isaac, inclusive relata a rivalidade entre as duas empresas, que passou pela competição para quem abriria primeiro suas ações na bolsa (a Lyft venceu) e até mesmo uma tentativa de compra da empresa pela Uber.

Vicente Carvalho, conhecido nas redes sociais pelo canal “Uber Califórnia”, mora e trabalha como motorista no estado americano há 6 anos e se divide entre os apps de transporte e entregas para restaurantes.

O motorista explica que a divisão de corridas entre as rivais americanas é bem balanceada, mas nos últimos tempos a Lyft tem influenciado mais clientes com algumas estratégias: “A Lyft tem captado mais passageiros, principalmente por parcerias com cartões de crédito. Hoje, aqui nos Estados Unidos, a maioria das pessoas e dos comércios giram com cartão de crédito. Para ter o benefício, como os juros aqui são menores, eles agregam isso nesse cartão, como as milhas e descontos. Como a Lyft tem uma parceria muito grande com bandeiras de cartão de crédito, consequentemente as pessoas preferem utilizar a Lyft para acumular pontos. Mas claro que a Uber é a mais conhecida”.

Vicente ainda afirma que a rival da Uber tem se superado em vários aspectos, trazendo maior transparência para usuários e motoristas. Wilson Tkatch, também trabalha como motorista de aplicativo nos Estados Unidos, na Flórida, e comentou sobre a tendência dos drivers, em não focar apenas no transporte de passageiro, trabalhando também com o delivery de comida, sendo muito comum o “multi-app” com o uso de várias plataformas ao mesmo tempo.

Wilson comenta também sobre o dia a dia com a plataforma: “A Lyft é a plataforma, na minha opinião, mais usada aqui pelas pessoas, até porque o valor das corridas costuma ser melhor do que a Uber passageira, já que a Uber acaba tendo um valor um pouco mais alto.  Além da Lyft ter várias promoções, torna-se bastante vantajoso trabalhar nela”.

O brasileiro também explica sobre o processo de trabalhar com transporte nos EUA: “Outra coisa aqui bem interessante, é que quando você faz a sua aplicação para conseguir ser um motorista de um aplicativo, além de todos os documentos obrigatórios, eles fazem um background check, que é uma checagem dos seus antecedentes, com uma avaliação bem criteriosa, verificando todo o teu histórico, inclusive de pagamento das suas contas, se você tem alguma particularidade financeira, criminal ou qualquer coisa do gênero”.

Procurada pela nossa equipe sobre o motivo de não expandir suas operações para o Brasil, a Lyft não se pronunciou até a publicação da matéria.

Para o mestre em geografia, Diego Benegas, a competição do mercado de compartilhamento de carros no Brasil explica o comportamento da empresa. “Há várias empresas locais e internacionais estabelecidas. Entrar em um mercado saturado sempre é desafiador para novas empresas. O ambiente regulatório pode ser complexo e desafiador para empresas estrangeiras, porém, esse quesito não foi impedimento para suas concorrentes. A Lyft concentra suas operações nos Estados Unidos e no Canadá e tem feito esforços para expandir sua presença na Europa, embora nada concreto”.

O especialista ainda completa: “A Lyft tem um perfil um pouco mais focado em carros compartilhados, se comparada com a Uber, o que diversificou sua oferta de serviços com uma variedade maior de opções, incluindo serviços de luxo e opções de transporte público e como empresa, tem uma abordagem cuidadosa ao expandir para novos mercados, inclusive no Brasil”.

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