Alunos do curso de logística da Faculdade de Tecnologia de São Paulo pesquisam o cenário do transporte por aplicativo na capital paulista.
A cidade de São Paulo é um dos maiores mercados para empresas de aplicativos de transporte em todo o mundo.
Assim, os estudantes do curso de logística da Faculdade de Tecnologia da Zonal Leste de São Paulo, Gabriel Kuestra, Alexandro Alves e Douglas Barros, decidiram se debruçar sobre o tema e entender melhor o funcionamento desse mercado na cidade.
O resultado foi o artigo “Cenário do transporte por aplicativo na cidade de São Paulo“, apresentado no X FATECLOG, evento realizado anualmente pela faculdade.
Alexandro conta que a ideia da pesquisa surgiu da professora Eliacy Lelis, responsável pelas aulas de mobilidade urbana do curso.
Além de professora na FATEC, Eliacy é pesquisadora e pós doutoranda em tecnologias e inteligência digital aplicadas na mobilidade urbana. Segundo ela, a influência dos apps no transporte se desdobra em vários segmentos e de forma bem diferenciada. “Tem muitos impactos de apps de transporte na mobilidade urbana. A natureza, intensidade e amplitude desses impactos depende da função, público-alvo e da região onde esse app vai atuar”.
Alexandro explica que o trabalho focou no ponto de vista do passageiro, mostrando como ele se relaciona com os aplicativos de transporte na cidade. “A ideia era entender a influência de cada aplicativo na mobilidade urbana de São Paulo”.
Disponibilidade é a principal demanda dos passageiros
Segundo Alexandro, a grande demanda por veículos na cidade de São Paulo, exige que os aplicativos tenham sempre carros disponíveis, pois essa é a principal exigência do usuário. “Nesse quesito, a Uber é a que atendeu melhor todos os grupos pesquisados”.
Além disso, o pesquisador lembra que há muitas regiões na cidade onde alguns aplicativos não chegam. “A Cabify e a Easy, por exemplo, só atendem a região central da Zona Leste e a periferia fica sem acesso aos apps, devido a periculosidade, já Uber e 99 conseguem ter uma abrangência maior”.
Já para Gabriel, o principal ponto da pesquisa é a frequência de uso dos passageiros. “Cerca de 75% dos entrevistados responderam que usam ocasionalmente. Isso é interessante, porque a gente percebe que apesar de muitas pessoas pedirem transporte por aplicativo, elas pedem poucas vezes”.
Para Alexandro esse pouco uso ainda diz respeito a questões financeiras. “Atualmente nem todo mundo tem condição para pegar um transporte com esse conforto (…) mas acredito que futuramente com essa ‘guerra’ de aplicativos a tendência é popularizar ainda mais”.
Ponto de encontro e integração com transporte público são desafios dos aplicativos
Segundo os pesquisadores, o encontro entre passageiros e motoristas é um problema que os apps precisam resolver, pois há muita dificuldade nesse momento.
Para eles, uma solução seria a instalação de um ponto físico de encontro, como existe com os táxis e nos próprios apps em alguns aeroportos – o Uber Lounge é um exemplo. Os pesquisadores apontam que essa dificuldade gera insegurança para passageiros e complicações para motoristas que acabam, inclusive, infringindo regras de trânsito e atrapalhando o fluxo.
Segundo Gabriel, a iniciativa pode partir dos próprios shoppings e centros comerciais, instalando pontos fixos para o atendimento dos aplicativos. “Acho importante os locais pensarem nisso, pois você estará ajudando seu cliente”.
Já em relação a integração com o transporte público, Gabriel aponta que pode haver mais incentivo à prática. A pesquisa Origem e Destino de 2017, realizada pelo metrô de São Paulo, aponta que muitas pessoas usam os aplicativos na chamada “última milha da viagem”. Ou seja, de casa para a estações de metrô, trem e ônibus ou vice-versa.
Assim, os pesquisadores apontam que poderia haver mais incentivo nessa integração. “A pessoa estaciona o carro no metrô e ganha um ticket (…) isso pode ser usado nos aplicativos também, por meio de uma parceria entre as empresas e o transporte público”, disse Gabriel.
Para Alexandro, deve haver também uma integração na forma de pagamento do transporte público e dos apps. “Em São Paulo temos o Bilhete Único e você poderia pagar os aplicativos com ele, integrando o transporte público com os apps, inclusive facilitando o acesso às estações”. Para eles, os aplicativos servem como suporte aos serviços públicos.
Serviço compartilhado é o futuro do mercado
Os pesquisadores entendem que a procura por fonte de renda, fez com que houvesse muita gente colocando o carro na rua para ser motorista, o que congestionou ainda mais a cidade.
No entanto, eles apontam que o caminho do transporte por aplicativo é que haja cada vez mais incentivo para o serviço compartilhado, tanto por uma questão econômica quanto ambiental. Para Gabriel, os aplicativos já estão consolidados, mas passarão por algumas mudanças para poder atingir todos os públicos.
“Ainda não é tão utilizado dessa forma, mas já temos Uber compartilhado (Juntos) e é muito melhor quatro pessoas no mesmo carro do que cada uma em um, melhor para o meio ambiente e para o bolso”.