A Uber e a 99 não cobram mais taxas fixas por viagem. Os aplicativos agora ficam com a diferença do que o passageiro paga e o motorista recebe, gerando uma taxa variável. Segundo a Uber, sua taxa varia entre 1% e 40%, mas sem impactar nos ganhos do motorista, que recebe sempre por tempo rodado e distância percorrida.
Publicado em 15/08/2019 – Atualizado em 01/08/2022
Quando os aplicativos de transporte chegaram no Brasil, a gente ouvia falar muito da taxa de serviço.
Ela era um valor fixo que Uber e 99 cobravam direto do valor final da corrida.
A empresa norte-americana cobrava 25% nas corridas UberX e 20% nas corridas da categoria Uber Black.
Então, por exemplo, quando o passageiro pagava R$ 20 em uma corrida UberX, R$ 15 iam para o bolso do motorista e R$ 5 direto para a empresa.
Já a 99 buscava ser competitiva com uma taxa bem menor. O app brasileiro já chegou a cobrar 12,99% em cada corrida.
No entanto, como você já deve saber, isso mudou.
Quanto a Uber cobra dos motoristas hoje?
Segundo o diretor de relações governamentais da Uber, Ricardo Leite Ribeiro, em depoimento para a CPI dos aplicativos, essa taxa varia entre 1% e 40%.
A diretora-geral da empresa no país, Silvia Penna, falou também em depoimento da CPI dos Aplicativos, que a taxa média da empresa na cidade de São Paulo é de 15%.
Ou seja, como nós já falamos, a Uber não cobra mais taxa fixa por viagem. O aplicativo agora fica com a diferença do que o passageiro paga e o motorista recebe, gerando uma taxa variável.
Desde 2018, a Uber oferece essa taxa variável para o motorista.
Em um vídeo no site oficial da empresa, a Uber explica que essa taxa variável serve para manter o preço estimado para o passageiro e pagar para o motorista o que de fato ele rodou.
Eles até dão um exemplo no vídeo. Imagina um motorista que recebeu uma corrida no Rio de Janeiro. A corrida estava estimada para custar R$ 100, mas o motorista pegou um trânsito.
Para não incomodar o passageiro, a Uber mantém os R$ 100 e paga a mais para o motorista. Então, no exemplo que eles dão, o motorista recebia R$ 83, ou seja, a taxa da Uber seria de 17%.
“(…) um motorista aceita uma viagem e demora mais do que o previsto, pois ele pegou um mega trânsito no caminho. Nesse caso, o valor estimado para o passageiro, antes do início da viagem, pode ficar abaixo do valor final da viagem. Aí, para garantir o valor para o passageiro e o ganho real por tempo e distância do motorista parceiro, a Uber acaba compensando essa variação”
Quanto a 99 cobra dos motoristas?
Segundo o diretor de políticas públicas da 99, Diogo Santos, também em depoimento para a CPI dos Aplicativos, a taxa da 99 varia entre 10% e 40%, mantendo uma média de 14%.
Durante a CPI, foram apresentados prints de tela que mostravam algumas corridas com taxas maiores do que 40%.
Em nota, a empresa explicou que os prints, incluíam tanto o valor da viagem atual quanto débitos anteriores do passageiro, quando utilizava dinheiro em espécie como forma de pagamento.
Esses débitos podem se referir, a taxas por cancelamento, saldo devedor de corridas prévias e a compra de pacotes de desconto como o Economiza99.
Assim, essa diferença é cobrada do passageiro na próxima viagem, aumentando o valor final pago a 99, o que pode dar a falsa impressão de haver maior repasse à empresa naquela viagem.
Então, por exemplo, se a corrida custou R$ 60, mas o passageiro estava devendo R$ 10 de uma corrida anterior, o app mostrava que o repasse para a 99 era maior do que o de fato ocorreu.
Outra forma de pesquisar a porcentagem que fica com a 99, é fazendo uma simulação de corrida.
Dentro do aplicativo da 99, simulando uma corrida e indo em detalhamento de preço, você consegue ver as tarifas cobradas dos passageiros.
Já a tabela de remuneração dos motoristas está disponível em 99app.com/legal/termos/motorista/tabela-de-remuneracao/
Em alguns municípios, a tabela está disponível apenas na versão mobile.
Por exemplo, pela 99, se você fizer uma simulação de corrida na região central de São Paulo, como passageiro, terá as seguintes tarifas:

A 99 divide as regiões de acordo com o número de passageiros e fluxo de viagens. Na cidade de São Paulo e arredores, o aplicativo divide o local em 4 áreas diferentes. Em cada uma dessas regiões, o motorista pode ser remunerado de uma forma.

Já a Tabela de Remuneração para motoristas 99, disponível na versão mobile do site da empresa, apresenta valores que foram atualizados pela última vez em 24/09/2021.
Quanto a inDriver cobra dos motoristas?
Segundo o Head de Relações Governamentais da inDriver, Carlos Nishikawa, o aplicativo desconta 9,5% do valor das corridas realizadas pelos motoristas.
O desconto é feito através de um carteira de crédito pré-pago que os motoristas recarregam para realizar as corridas na plataforma.
Segundo o executivo, o desconto é fixo, sem aumento ou diminuição a qualquer momento do dia, independente do local, hora ou destino.
Na Machine, aplicativos podem cobrar automaticamente por porcentagem ou valor fixo por corrida
Os aplicativos de transporte que usam a tecnologia da Machine tem a funcionalidade da carteira de créditos.
Dessa forma, os motoristas fazem uma recarga prévia e o sistema vai debitando automaticamente a quantia definida pelo gestor do aplicativo de acordo com as corridas realizadas por eles.
Neste caso, podem ser cobradas uma porcentagem do valor total da corrida ou um valor fixo.
A porcentagem final da corrida é aquele modelo original da Uber que falamos no início do texto, ou seja, se a corrida custou R$ 100 e você definiu uma taxa de 20%, o sistema vai debitar R$ 20 da carteira de créditos do motorista.
No caso do valor fixo, o gestor pode definir que, independentemente do preço final da corrida, o sistema sempre vá debitar um valor fixo, ou seja, se a corrida custou R$ 100 e você definiu uma taxa de R$ 1, o sistema vai debitar R$ 1 da carteira de créditos do motorista.
Também é possível mesclar as duas formas. Assim, o gestor pode definir que até um determinado valor ele cobra por porcentagem e, em seguida, por valor fixo, e vice-versa.
Muitos aplicativos também preferem cobrar mensalidade dos motoristas.
Neste caso, é importante ficar atento aos relatórios que a plataforma disponibiliza e controlar a inadimplência para não prejudicar a empresa.
Contexto do Brasil
No segundo semestre de 2021 uma crise atingiu os dois principais aplicativos de transporte do país. A insatisfação era crescente com as plataformas: tanto por parte dos passageiros, mas principalmente, por parte dos motoristas.
Os passageiros reclamavam da dificuldade em achar carros e dos constantes cancelamentos por parte dos condutores. Porém, a raiz desses problemas estava justamente na insatisfação dos que estavam atrás do volante.
Os motoristas reivindicavam a falta de ajustes das tarifas para acompanhar os crescentes custos de serviço que a categoria tinha. Além disso, as taxas dos aplicativos se mantinham as mesmas (ou cresciam), em um momento onde os preços dos combustíveis já estavam em alta.
A diminuição da lucratividade da atividade estava tornando difícil para os motoristas fecharem suas contas. Muitos optaram, inclusive, por deixar de trabalhar para as plataformas, o que agravava ainda mais as queixas dos passageiros. O portal G1 chegou a informar que, na época, 25% dos motoristas da cidade de São Paulo tinham largado o serviço.