Buscando aumentar seus ganhos, motoristas criam grupos de transporte para se conectarem com passageiros. Porém, a atividade pode envolver riscos.
É cada vez mais comum ouvir motoristas reclamarem das altas taxas cobradas e das pequenas tarifas oferecidas pelos grandes aplicativos de transporte.
Por isso, muitos deles optam por realizar corridas particulares. E outros vão além, se juntado em grupos no whatsapp.
Neles, motoristas e passageiros se encontram para oferecer e procurar serviços de transporte.
Paulo César Rodrigues, motorista por aplicativo com mais de 8 mil corridas realizadas, faz viagens entre o Rio de Janeiro e a Região dos Lagos através de grupos de mercados e comunidades, além de conversas privadas que mantém com passageiros.
Segundo ele, as altas taxas acabam dificultando a vida do motorista. “Muitas vezes não são boas para nós, apenas para as empresas, que conseguem clientes através de promoções”, ressaltou Paulo.
Enquanto em um corrida particular, ele fica com o valor integral do serviço, pela Uber chega a ser descontado até 40% do valor da corrida. “Estamos vivendo uma crise e os motoristas precisam se virar. Por isso, muitas vezes damos prioridades a corridas por fora”.
Para ele, profissionalismo e simpatia são essenciais nesse momento. “Eles pegam nossos números para fazer corridas de forma particular. Isso é bom para o cliente, que sabe o motorista que vai pegar e para nós motoristas, que além de termos a segurança de ter também um cliente já conhecido, podemos ganhar a totalidade do valor da corrida. A maioria dos passageiros dessa modalidade são mulheres, que se sentem mais confortáveis ao pegar carros com motoristas conhecidos”.
Já Alirpino Soares, é motorista há 6 anos, para complementar sua aposentadoria. Não demorou muito para ver que as tarifas não eram o suficiente para fazer uma renda fixa no final do mês. Por isso, criou um grupo de Whatsapp de corridas na região metropolitana de Recife.
Soares afirma que “os aplicativos são uma boa opção, mas nem sempre de forma exclusiva. O maior problema é que as taxas são abusivas, chegando a angariar cerca de 40% do valor das corridas.”
Segurança e informalidade desafiam o serviço
Embora os ganhos sejam maiores para o motorista, a questão da falta de segurança é um problema.
Segundo César, a maioria dos motoristas que morreram em serviço são os que fazem corrida por fora. “Precisamos do dinheiro e de menos taxas, mas a escolha de correr de maneira particular envolve riscos”.
Além disso, os grupos de transporte acabam caindo na informalidade, impedindo o crescimento de negócios promissores.
Segundo o Plano Nacional de Mobilidade Urbana, serviços de transporte remunerados e individual de passageiros devem ser realizados apenas por usuários previamente cadastrados em aplicativos ou outras plataformas de comunicação em rede. Dessa forma, em caso de fiscalização, os motoristas podem acabar se prejudicando.
Para o advogado Matheus Medeiro, apesar da Lei Federal não proibir especificamente o uso de aplicativos de mensagem para o transporte de passageiros, as regulamentações municipais acabam exigindo informação que esses apps não armazenam. “A não ser que uma prefeitura emita um decreto autorizando. Mas eu me arriscaria a dizer que isso é impossível, já que assim eles perderiam o controle sobre a cobrança dos impostos”.
O caminho para muitos desses grupos é se juntar para formalizar uma empresa, inclusive criando seus próprios aplicativos. “Minha dica para grupos de motoristas e empresários que queiram prestar esse serviço é, primeiramente, conhecer a legislação da sua cidade. Em seguida, trabalhe através de uma plataforma digital voltada especificamente para o transporte”.