Segundo a Uber, a cada R$ 100 ganhos em corridas, R$ 15 são daquelas que começam ou terminam em aeroportos.
Em 2019, a Uber enviou ao SEC, que é a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, um documento de entrada na Bolsa de Valores.
Este documento é muito interessante e de tempos em tempos a gente fala sobre ele no Conecta.
Apesar de já ter se passado 3 anos da divulgação deste documento e uma pandemia no meio, ele continua sendo extremamente útil para quem quer entender o mercado do transporte por aplicativo.
Entre os dados divulgados pela empresa, um chama muito atenção. O papel dos aeroportos neste mercado.
E este é o nosso tema de hoje do Machine Explica.
Neste documento, a Uber cita a palavra aeroporto 23 vezes.
Já nos tópicos iniciais, ela fala o seguinte: Geramos um percentual significativo de nossas Reservas Brutas de viagens em grandes áreas metropolitanas e viagens de e para aeroportos, e essas operações podem ser afetadas negativamente.
Vamos pular aqui algumas páginas, para eles explicarem melhor o que isso significa.
No mesmo período, geramos 15% de nossas Reservas Brutas de Ridesharing de viagens que começaram ou foram concluídas em um aeroporto, e esperamos que esse percentual aumente no futuro.
Então, olha que interessante. Em 2018, que é o período analisado pela Uber, a cada R$ 100 em corridas, R$ 15 vinham de corridas que começavam ou terminavam em um aeroporto.
Isso ilustra bem a importância dos aeroportos para o mercado do transporte por aplicativo.
Mas a Uber vai falar que nem tudo são flores, olha.
Como resultado dessa concentração, nossos resultados operacionais são suscetíveis a regulamentações e mudanças regulatórias existentes que afetam a capacidade dos motoristas que utilizam nossa plataforma para realizar viagens de e para aeroportos. Certos aeroportos atualmente regulamentam o compartilhamento de caronas dentro dos limites do aeroporto, inclusive ordenando que os provedores de serviços de carona obtenham licenças específicas do aeroporto, e alguns aeroportos, particularmente aqueles fora dos Estados Unidos, baniram completamente as operações de carona.
Então o que a Uber está falando neste trecho. Ao redor do mundo, aqui até eles tiram os EUA desta realidade, muitos administradores de aeroportos, por n motivos, fecharam ali o cerco contra os aplicativos de transporte, colocando diversas exigências para que os motoristas operassem. Inclusive, em alguns aeroportos, eles falaram que os apps até foram proibidos. No final deste documento, a Uber ainda fala que, em 2 anos, a empresa pagou US$ 149 milhões de taxas aeroportuárias e governamentais.
Seguindo a leitura.
Apesar dessas proibições, alguns Motoristas continuam a fornecer serviços de Ridesharing, incluindo viagens de e para aeroportos, apesar de não possuírem as licenças necessárias. Tais ações podem resultar na imposição de multas ou sanções, incluindo outras proibições de nossa capacidade de operar dentro dos limites do aeroporto, contra nós ou Motoristas. Proibições adicionais em nossas operações aeroportuárias, ou quaisquer requisitos de permissão ou casos de não conformidade por parte dos Motoristas, interromperiam significativamente nossas operações.
Além disso, se as áreas de desembarques ou retiradas de passageiros se tornarem inconvenientes devido às regras ou regulamentos do aeroporto, ou mais caros devido às taxas impostas pelo aeroporto, o número de motoristas ou consumidores poderá diminuir, o que afetaria adversamente nossos negócios, condição financeira e resultados operacionais.
Até aqui, o que a Uber está falando. Existe uma demanda gigantesca de corridas nas regiões de aeroportos. Corridas com um bom ticket médio, afinal, elas representam 15% dos valores movimentados em viagens. O que pega, quando a gente fala da operação em aeroportos, é a fiscalização e as regras impostas. Então, como os aeroportos têm um papel significativo na operação da empresa, qualquer problema que dê, vai impactar significativamente a empresa como um todo.
A Uber finaliza este trecho assim.
Embora tenhamos celebrado acordos com a maioria dos principais aeroportos dos Estados Unidos, bem como certos aeroportos fora dos Estados Unidos para permitir o uso de nossa plataforma dentro dos limites aeroportuários, não podemos garantir que seremos capazes de renovar tais acordos e podemos não ser bem sucedidos na negociação de acordos semelhantes com aeroportos em todas as jurisdições.
O que eu queria chamar a sua atenção neste documento, é a importância dos aeroportos no mercado. Apesar desses desafios, que acontecem principalmente nos grandes aeroportos, há uma demanda gigantesca nessas áreas.
E, por isso, você que tem ou quer criar um aplicativo de transporte, deve ficar de olho em cidades do Brasil que são atendidas por aeroportos.
Baseado nos nossos estudos, falamos quais são os modelos de cidade em que os apps regionais alcançam os melhores resultados.
A nossa equipe fez um levantamento utilizando dados da Infraero e do Google Flights para identificar 21 cidades neste modelo que são atendidas diretamente por aeroportos.
Neste nosso levantamento, a gente só levou em conta aeroportos que sejam atendidos regularmente por voos comerciais.
- Montes Claros – MG
- Bauru – SP
- Passo Fundo – RS
- Santo Ângelo – RS
- Pelotas – RS
- Caldas Novas – GO
- Rio Branco – AC
- Tefé – AM
- Ilhéus – BA
- Acaraú – CE
- Vitória – ES
- Três Lagoas – MS
- Foz do Iguaçu – PR
- Toledo – PR
- Cabo Frio – RJ
- Macaé – RJ
- Rio das Ostras – RJ
- Itajaí – SC
- Chapecó – SC
- Tubarão – SC
E você? Já pensou em levar o seu aplicativo para alguma destas cidades?
Se você quiser quais são todas as cidades do Brasil diretamente atendidas por aeroportos comerciais, vai lá em machine.global/aeroportos-no-brasil
