Prestes a inaugurar um novo espaço e integrar diversas operações de alimentação sob uma única marca, o Vilela’s Food, evolução do tradicional Vilela’s Burger, se prepara para dar um salto estrutural e tecnológico no mercado gastronômico de Imperatriz (MA).
À frente da expansão está o empreendedor Vaniel Vilela, de 30 anos, que compartilha em entrevista a trajetória do negócio, os desafios da logística de entregas e os planos para o aplicativo próprio que está em desenvolvimento.
Da advocacia à cozinha da própria garagem
A história do empreendedor no ramo da alimentação, em sociedade com a esposa Rebeca Vilela, começou de maneira inesperada, no início da pandemia. Ele, que atuou por quatro anos como advogado depois de trabalhar com vendas de equipamentos industriais, viu o cenário profissional se transformar rapidamente. “A gente teve uma ideia de montar uma hamburgueria. Acontece que não esperava pela pandemia. Então, começou na garagem de casa, compramos alguns equipamentos e trabalhamos no delivery”, conta.
Segundo o gestor, a aceitação do público foi imediata, o que impulsionou a criação do primeiro ponto físico após um ano de operação exclusivamente por entregas.
Vilela’s Food: construção da marca e expansão do negócio
O nome da empresa nasceu do próprio sobrenome da família. “Sempre a gente era conhecido como “os Vilelas”, então, colocamos no nome da empresa: Vilela’s Burger”, explica.
Hoje, o grupo já envolve três operações consolidadas, Vilela’s Burger, Vilela’s Smash (um tipo específico de hambúrguer) e a doceria Chaminé Truderia, além de dois novos lançamentos previstos para a inauguração do novo espaço: o Vilela’s Chicken, focado em frango frito, e uma pastelaria. Todos vão funcionar dentro do futuro centro gastronômico, o Vilela’s Food.
Com a ampliação, o empreendedor compartilha que o objetivo é integrar as operações e multiplicar a capacidade de atendimento. “A gente está indo para um ponto de 400 m². Agora, a gente deixa de ser apenas Vilela’s Burger.”
Desafios da logística e a busca por tecnologia própria
Apesar do crescimento, a logística sempre foi um grande obstáculo para o grupo, que atualmente opera com cerca de 10 entregadores fixos: “Para eu operar todas essas empresas, tinha que assinar um pacote para cada um dos meus estabelecimentos. Eu não conseguia integrar todas essas operações”.
A solução encontrada foi desenvolver um aplicativo próprio, voltado exclusivamente para as operações do Vilela’s Food. “Assim que a gente conheceu a plataforma, já entramos em contato. Não demorou para decidir. Demorou uns dois meses desde o primeiro contato até o fechamento”, afirma. Mesmo sem detalhar o valor exato investido, Vilela prevê que o aplicativo terá retorno imediato: “Para começar a se pagar, no primeiro mês ele se paga”.
Uma frota própria com aplicativo regional
O empreendedor conta que o modelo de entregas do Vilela’s Food foi construído levando em conta as particularidades de Imperatriz, como dificuldades de tráfego e extensões de bairro. Para garantir eficiência, a empresa estabelece métricas próprias. “O entregador não está ganhando menos do que R$ 15 para fazer duas entregas numa faixa de 2 km”, detalha Vilela.
A taxa adicional por quilômetro também já está definida: “O nosso adicional de km é R$ 3”. Além disso, o pagamento segue o padrão semanal. “O ciclo da rodada inicia quarta-feira e encerra na terça-feira para a gente fazer o pagamento na quarta”, explica.
Sobre o modelo de remuneração, ele reforça que continuará oferecendo alternativas, remunerando os trabalhadores de forma personalizada: “Tem entregadores que preferem receber um valor fixo, enquanto outros preferem ganhar por entrega. Aí eu ainda estou buscando fazer essa exceção”.
Um diferencial para os trabalhadores
Um dos elementos mais marcantes da operação é o cuidado com a infraestrutura destinada aos entregadores. Vilela destaca um ambiente organizado para os trabalhadores se concentrarem nos horários de expediente. “A gente fez uma sala bem confortável para eles: tem sempre chocolate quente, café, chá, internet, ar-condicionado. Quando eles chegam, ficam lá aguardando”, relata.
Além disso, ele conta que a empresa garante a alimentação da equipe. “A gente oferece uma janta por cortesia.”
Para além da concorrência, a integração com o iFood
Para Vilela, o iFood não é um competidor direto. “O iFood para mim não é um concorrente, é um vendedor caro. Ele é o meu maior vendedor hoje”, afirma.
Por conta disso, ele conta que o novo aplicativo será integrado à grande plataforma, a fim de centralizar todas as rotas em um único sistema.
“A gente está fazendo mais de 2 mil entregas por mês.” O gestor compartilha os resultados alcançados apenas com as duas operações de hambúrguer que atuam até então. Além disso, o faturamento, via delivery, registra uma média de R$ 150 mil por mês, conforme revela.
Com a inauguração do novo ponto e o uso do aplicativo próprio, Vilela projeta novas metas: “Eu quero em até 60 dias dobrar o faturamento. Para 6 meses, pretendo ter um aumento de 10% a 12%. E, a partir do primeiro ano, manter de 10% a 12%”.
Solução local e impacto na economia de Imperatriz
O empreendedor acredita que o aplicativo fortalecerá toda a cadeia local de delivery, tanto para clientes quanto para entregadores. “A solução é para facilitar a nossa vida, a vida do entregador e a vida do cliente. A pior coisa que tem é você gastar dinheiro com comida ruim”, determina.
Para ele, padronizar rotas e agilizar entregas deve elevar a qualidade do serviço na cidade. Vilela também destaca a importância de orientar clientes que ainda têm dificuldade com tecnologia: “Tem gente que não sabe usar o aplicativo do iFood, por exemplo. Por isso, a gente já faz vídeos informativos de como o cliente pode pedir”.
O futuro dos aplicativos regionais no Brasil na visão do gestor
“Eu acredito que esse é o futuro. Quando a gente lançar essa ferramenta, mais empresas buscarão soluções como essa”, afirma Vilela. Ao criar um ecossistema mais organizado, acessível e eficiente, ele acredita que toda a economia regional se beneficia e que o mercado tende a se tornar mais competitivo, sustentável e preparado.
Pensando nesse futuro, ele também reforça a importância da colaboração entre negócios do mesmo setor: “Empresas do mesmo ramo se ajudando acabam fortalecendo o mercado de alimentação”. Essa cooperação, explica Vilela, envolve desde o compartilhamento de boas práticas até o incentivo à cultura do delivery entre os consumidores locais.