“Eu comecei nesse aplicativo por curiosidade, e, desde então, tomei como uma profissão”, diz Robson Pantoja, entregador da plataforma regional Juma Entregas, em Porto Velho (RO). Em entrevista ao Clube Machine, ele compartilhou a visão que inspira sua rotina, além dos desafios e conquistas de quem trabalha com entregas em uma plataforma local.
Por curiosidade: de vendedor autônomo a entregador
Natural de Porto Velho, Robson Pantoja começou nas entregas em março de 2019, movido pela curiosidade e pela necessidade de testar novos rumos profissionais. Até então, trabalhava com vendas por conta própria, mas decidiu tentar algo novo. “Comecei numa sexta-feira, trabalhei o final de semana e falei: ‘Opa, então deu certo’.”
Assim, ele iniciou sua jornada na Juma Entregas logo no começo da operação da empresa na cidade. Apesar da presença do iFood e de outras plataformas, Robson escolheu apostar exclusivamente na Juma, especialmente por conta do momento favorável: “Veio a pandemia e a demanda explodiu. Trabalhei de segunda a segunda, quase sem folga”.
A organização de uma rotina de trabalho flexível
Hoje, Robson segue uma rotina que detalhou ser bem estruturada: trabalha todos os dias das 10h às 16h e retorna às ruas das 18h às 23h, sempre respeitando ao menos um dia de folga por semana, geralmente combinando com o horário da esposa. “Ser autônomo tem essa praticidade. Se ela folga na terça, eu folgo também”, analisou.
Ele contou também que, mesmo aos domingos e feriados, costuma estar nas ruas: “São os melhores dias para trabalhar. Às vezes até trocamos o domingo de folga por um outro dia para aproveitar o movimento”. Nesses dias de maior movimento, quando a demanda cresce, o entregador chega a rodar entre 150 e 200 km por dia pelas ruas da cidade.
Custos controlados e metas
“A gente anda muito, mas a Biz ajuda a economizar bastante”, comentou ele sobre o modelo de moto que usa. Robson ainda esclareceu como organiza seus gastos, prezando pela manutenção da motocicleta. “Guardo sempre uma parte do que recebo para manter a moto em dia. É meu instrumento de trabalho.” Segundo contou, ele abastece diariamente entre R$ 15 a R$ 20, realiza troca de óleo semanal e faz revisões a cada dois meses.
Além do gasto diário com combustível, Robson também reserva cerca de R$ 300 a R$ 400 por mês para manutenção da moto, considerando troca de óleo e revisões periódicas. A taxa semanal de uso da plataforma Juma Entregas é de R$ 75, totalizando aproximadamente R$ 300 por mês, valor que ele costuma quitar logo no primeiro ou segundo dia útil da semana, conforme narrou: “Trabalhou, tirou a taxa e o combustível, o resto da semana é lucro”.
Inclusive, em relação ao lucro, a meta diária é clara: faturar ao menos R$ 200, podendo chegar a R$ 250 ou R$ 300 nos períodos de pagamento. Ele relatou que o rendimento bruto mensal gira entre R$ 5 mil e R$ 6 mil, valor que, segundo ele, permite sustentar a casa, trocar de transporte regularmente e tirar férias. “A gente trabalha muito, mas todo ano tiro 10 dias para descansar com a família.”
Vantagens de trabalhar com uma plataforma regional
Apesar de nunca ter trabalhado com o iFood, Robson conhece colegas que atuam na plataforma e afirma que o maior diferencial do aplicativo regional com o qual trabalha é o suporte direto e eficiente: “Se preciso de ajuda, consigo falar com alguém na hora. Isso faz toda a diferença”.
Ele destacou que a Juma Entregas também mantém um espaço físico para encontros, reuniões e eventos com os entregadores, promovendo sorteios, brindes e momentos de troca. “É muito bacana. Nos sentimos parte de uma comunidade”, contou.
Para garantir a segurança nas entregas, Robson disse que a plataforma estabelece um limite de peso de até 12 kg por bag, respeitando a capacidade dos veículos, o que evita riscos tanto ao entregador quanto aos produtos transportados.
Outro destaque da plataforma para o entregador são os desafios e premiações. A cada semana, entregadores que se destacam ganham recompensas como tanque cheio, camisas, bags ou até gratuidade no uso do aplicativo. “É um incentivo a mais. Nos motiva a trabalhar ainda melhor.”
Robson participa ativamente dessas iniciativas e ressaltou que a plataforma tem cuidado com os entregadores desde o início: “A empresa prepara a gente. Ensina como agir, como não causar problema para o cliente nem para a gente mesmo”. Como narrou, eles passam por treinamento prévio e recebem orientações sobre atendimento, segurança e uso correto do aplicativo.
Segurança no trabalho e respeito como aprendizados
Durante os seis anos de atuação, Robson enfrentou um acidente causado por desatenção ao celular. Desde então, afirmou que adota uma postura mais cautelosa: “Hoje, se toca o celular, eu encosto para atender. Foi uma lição que me fez mudar”.
Ele ainda fez questão de destacar a importância do respeito e empatia. “Se eu tratar mal, não tem próxima entrega. Então sempre desejo bom apetite e agradeço. Isso fideliza o cliente”, refletiu. Essa atenção com a cordialidade deu resultado: “Tem cliente que pergunta por mim quando não apareço. Isso é sinal de que o trabalho está sendo bem feito”. Robson já trocou de moto várias vezes, mas disse que o apelido de “boy da Biz” se mantém entre os clientes.
Conselhos para quem está começando
Para quem deseja entrar na área, Robson aconselhou: “Dedique-se. Trabalhe com respeito, atenção, educação. Vista-se bem, mantenha a moto em dia e trate o cliente com simpatia”.
Segundo ele, mais do que rodar de um lado para o outro, ser entregador é representar a empresa e a si mesmo. “A entrega não vale mais que uma empatia. Às vezes o cliente só quer ser ouvido. Hoje é ele, amanhã pode ser você”, analisou.