Lecar 459 é um carro híbrido que promete ser a solução para motoristas de app em busca de sustentabilidade e eficiência.
Nesta entrevista exclusiva para o 55content, Rodrigo Rumi, vice-presidente de marketing, vendas, inovação e novos negócios da Lecar, revela os planos da montadora de veículos elétricos e sustentáveis para conquistar o mercado brasileiro. Ele destaca a importância de posicionar a Lecar como uma marca inovadora, comprometida com a sustentabilidade e a eficiência energética, enquanto a empresa se prepara para lançar o Lecar 459, um carro híbrido que promete redefinir os padrões de mobilidade no país. Rumi também aborda os desafios e as oportunidades que a Lecar enfrenta ao desenvolver uma infraestrutura robusta para apoiar a crescente demanda por veículos elétricos no Brasil.
Poderia nos contar um pouco sobre a sua trajetória até chegar na Lecar?
Rodrigo Rumi: Eu sou Rodrigo Rumi, mas todos me conhecem como Rumi, que é meu sobrenome. Tenho cerca de 20 anos de experiência no setor automotivo, onde passei por grandes montadoras, sempre em posições de liderança e cargos executivos. Comecei na General Motors, onde trabalhei por aproximadamente 7 ou 8 anos. Depois, fui para a Toyota do Brasil, onde atuei por cerca de 5 anos, principalmente nas áreas de marketing e comercial, que englobam vendas, pós-venda, varejo, produto, preço e planejamento. Passei também pela Caoa e pela Caoa Chery, onde fiquei quase 5 anos. Sou apaixonado por carros e, recentemente, comecei na Lecar como vice-presidente de marketing, vendas, inovação e novos negócios. Estou trabalhando diretamente com o Flávio e enfrentando grandes desafios pela frente.
Quais são os principais objetivos da sua área com sua chegada à Lecar?
Rodrigo Rumi: Meu principal objetivo é estruturar toda a área de marketing e comercial, focando no desenvolvimento do negócio. Em termos de marketing, isso inclui o posicionamento da marca, a identidade visual e a presença da Lecar no mercado automotivo, além de um trabalho forte com a imprensa e no meio digital. Queremos aumentar a visibilidade da marca e dos nossos produtos, e também focar na conversão de vendas, gerando demanda específica para a montadora. Além disso, estamos desenvolvendo a rede de concessionárias para representar a Lecar no Brasil e garantindo que o pós-venda seja uma prioridade. Queremos que nossos clientes tenham confiança na experiência de propriedade de um veículo Lecar, sabendo que podem contar com reposição de peças e manutenção adequada. Minha função cobre desde a experiência de compra até a recompra, com o objetivo de criar fãs da marca Lecar e manter nossos clientes sempre satisfeitos.
É interessante o que você mencionou sobre o pós-venda, porque isso é uma preocupação tanto do nosso público quanto das empresas com quem conversamos. Há uma certa apreensão em relação aos carros elétricos e híbridos, como a falta de infraestrutura de recarga no Brasil e a dificuldade de encontrar peças de reposição. Você poderia explicar até que ponto isso é uma realidade no mercado ou se é mais uma questão de comunicação e entendimento? Afinal, é realmente viável ter um carro elétrico sem se preocupar em ficar parado no meio da rua?
Rodrigo Rumi: Claro. O futuro da mobilidade está caminhando para os veículos híbridos e elétricos. Na Lecar, estamos vivendo essa nova era, que chamamos de empresa de inovação e mobilidade sustentável. Em termos práticos, isso significa que somos uma empresa focada em tecnologia, e nossos produtos refletem isso, tanto no design interno e externo quanto na motorização, especificamente no sistema de propulsão.
Somos comprometidos com a inovação e também com a sustentabilidade ambiental. A emissão de CO2 é uma preocupação séria no setor automotivo, e é por isso que estamos vendo quase todas as montadoras migrando para tecnologias que reduzem essas emissões, contribuindo para um mundo mais saudável e sustentável.
O produto que vamos apresentar amanhã, o Lecar 459, é um carro híbrido. Quando falamos em híbrido, estamos nos referindo a um motor flex, que pode usar gasolina e etanol, combinado com um motor elétrico. A ideia é que, quando a carga da bateria cai, o motor a combustão entra em ação, gerando energia cinética que é convertida em energia elétrica e armazenada na bateria, proporcionando mais autonomia ao motor elétrico.
Esse sistema permite que o carro funcione sem precisar ser carregado na tomada, pois o motor a combustão atua como um gerador de energia. Inicialmente, o carro tem uma autonomia de 100 km somente com o motor elétrico, mas quando combinamos os dois motores, essa autonomia chega a cerca de 1.000 km, o que é excelente. O carro oferece 163 cavalos de potência, com um torque de 26,3 kgf.m e acelera de 0 a 100 km/h em 10,9 segundos, com tração traseira 100% elétrica.
Em resumo, esse sistema híbrido oferece flexibilidade no uso da energia, permitindo que você utilize tanto energia elétrica quanto a combustão. Além disso, o uso de biocombustíveis, como o etanol, é um diferencial importante para nós. Dessa forma, ampliamos a vida útil da bateria e proporcionamos uma solução de mobilidade mais sustentável e eficiente.
Retomando o ponto sobre a estrutura de recarga, você acredita que é seguro para motoristas de aplicativo, que estão considerando migrar para veículos elétricos, confiar na infraestrutura atual? O Brasil já possui uma estrutura básica para atender essas pessoas que dependem de veículos elétricos?
Rodrigo Rumi: Nos grandes centros urbanos, já existe uma estrutura de recarga maior, embora ainda seja insuficiente para suportar uma grande demanda de veículos elétricos ou híbridos. Essa infraestrutura está crescendo, principalmente devido aos investimentos de empresas privadas em estações de carregamento. Hoje, temos mais carregadores disponíveis, especialmente nas grandes cidades e até em algumas rodovias. No entanto, ainda precisamos de uma expansão significativa dessa estrutura, para que os motoristas de veículos elétricos possam viajar com mais tranquilidade, mesmo fora dos grandes centros urbanos. É exatamente nesses locais que o investimento em infraestrutura é mais necessário.
Falando especificamente sobre o setor de transporte que cobrimos, recentemente, a Uber anunciou a chegada do Uber Green ao Brasil, e a 99 também lançou a categoria 99e para veículos elétricos. Vemos movimentos globais das plataformas de transporte em direção aos veículos elétricos. Como vocês enxergam esse movimento? Esse público é um alvo para a Lecar também?
Rodrigo Rumi: Com certeza, esse é um público-alvo para nós. Como mencionei, somos uma empresa de inovação e tecnologia. O Lecar 459, que estamos lançando, é um carro híbrido, mas isso não significa que no futuro não possamos ter um modelo 100% elétrico. Estamos atentos às tendências, e a eletrificação é, sem dúvida, uma delas. Fico muito satisfeito em ver iniciativas como as da Uber e da 99, especialmente para carros que operam em grandes centros urbanos, onde a redução de emissões de CO2 é crucial.
Dirigir um carro elétrico ou híbrido oferece um conforto diferente de um carro a combustão, tanto pela redução de ruído quanto pela dirigibilidade. Além disso, a emissão de CO2 é muito menor, ou até zero no caso dos elétricos, o que é um benefício tanto para os motoristas quanto para os passageiros. O nível de conforto dentro de um carro elétrico é excepcional, como você deve ter percebido se já andou em um. Estamos totalmente a favor e entusiasmados com esse tipo de iniciativa e felizes por fazer parte dessa transformação.
Gostaria de entender como está o estado atual da Lecar. Hoje vocês ainda não estão comercializando veículos diretamente, certo? Quando podemos esperar ver carros da Lecar nas ruas? Como está o andamento desse processo?
Rodrigo Rumi: Exatamente, ainda não estamos comercializando os veículos. Nossos carros estão em fase de concepção e desenvolvimento. Em breve, vamos anunciar um investimento em uma nova fábrica no Espírito Santo. Estimamos que o Lecar 459I, que será nosso primeiro modelo produzido em série nessa fábrica, começará a ser fabricado dentro de aproximadamente dois anos. Então, estamos falando de algo em torno de agosto de 2026, podendo variar um pouco para mais ou para menos, dependendo do andamento da construção da fábrica.
E para quem já está curioso e quer se cadastrar para uma pré-compra, como isso está sendo organizado?
Rodrigo Rumi: A partir de amanhã, nosso site, lecar.com.br, vai oferecer um cadastramento para pré-reserva. Quem quiser fazer a pré-reserva poderá acessar o site e se inscrever. Para garantir a vaga na lista, pedimos um sinal de R$ 1.000,00, que será utilizado para taxas e impostos. Esse valor também assegura que a pessoa será uma das primeiras a receber o carro, conforme a lista de espera.
Já existe um preço definido? Vocês têm alguma estimativa de valor?
Rodrigo Rumi: Sim, o carro deverá custar aproximadamente R$ 150.000,00. Acreditamos que esse valor é competitivo e faz sentido para o mercado brasileiro, considerando o tipo de motorização, design e tecnologia que oferecemos. Embora ainda seja um pouco cedo para detalhar todos os aspectos, essa é a nossa expectativa para o Lecar 459, um carro híbrido de cinco lugares, com um preço final em torno de R$ 150.000,00. E, claro, a pré-reserva de R$ 1.000,00 garante a prioridade na compra.
Para finalizar, gostaria de perguntar sobre o mercado de aplicativos de transporte. Recentemente, vimos parcerias da BioID com a 99 e com a Uber, além da Uber já ter uma parceria com a JAC. Vocês consideram, internamente, fazer parcerias com esse mercado? Como enxergam os aplicativos de transporte como um canal de vendas?
Rodrigo Rumi: Sem dúvida. Estamos considerando isso sim. Temos discutido internamente formas de comercialização e a quem nosso carro pode ser destinado. Certamente, os aplicativos de transporte estão no nosso radar como potenciais parceiros e clientes no futuro próximo.
