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“R$6 mil por mês é praticamente o piso dos nossos entregadores, que faturam até R$10 mil pelo aplicativo”, diz gestor

Com taxa mínima de R$ 6,61, app mineiro de delivery já soma 30 mil entregas mensais e conecta 328 restaurantes, afirma Lucas Lopes.

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Lucas Lopes, gestor de app de delivery, posando com os braços cruzados à frente de um fundo azul geométrico. Acima, o título "Clube Machine Entrevista" em vermelho, seguido pelo nome "Lucas Lopes" em preto e, logo abaixo, a descrição "Gestor de App de Delivery" em letras grandes azuis. No canto inferior direito, o logotipo do Clube Machine.
Imagem: Acervo 55content

Fundado em 2023 na cidade mineira de Divinópolis, o aplicativo Chamei Chegou nasceu da experiência de Lucas Lopes como entregador e da percepção de um problema recorrente: a dificuldade de escalar operações e garantir entregas eficientes por meio de grupos informais. O que começou como uma rede pessoal via WhatsApp evoluiu para uma plataforma estruturada que realiza cerca de 30 mil entregas mensais, com operação própria, modelo de ganhos acima da média e foco na valorização dos entregadores. Hoje, o aplicativo está presente em cidades como Nova Serrana e Pará de Minas, com planos de expansão e o lançamento de um marketplace próprio. Confira abaixo a entrevista completa:

Como surgiu a ideia de criar o Chame Chegou? Você já estava envolvido com o setor de entregas?

Na verdade, a criação do Chame Chegou foi por causa de um problema que eu tinha com entrega. Quando eu era entregador, já fazia o que o Chame Chegou faz hoje, mas sem tecnologia. Eu tinha grupo de WhatsApp com clientes e lojistas, e organizava as entregas por lá. Com o tempo, montei um delivery e surgiram outros problemas. Foi então que surgiu a necessidade de criar o aplicativo para resolver essas questões.

Então, o Chame Chegou já existia, mesmo antes do aplicativo?

Sim, o que eu faço hoje com o aplicativo, eu já fazia antes de forma manual. O aplicativo veio para escalar o que já era feito, mas que estava estagnado. Hoje, inclusive, opero com um dos maiores deliveries dentro do Chame Chegou.

Quais eram os principais desafios que você enfrentava antes de estruturar o Chame Chegou como empresa?

A procura por entregas era muito grande, e eu recebia mensagens o dia inteiro. Tinha que direcionar para outros entregadores, gastava muito tempo para resolver uma única entrega. Percebi que isso não tinha escala. Quando montei um restaurante, enfrentei as dores do lojista também. Ao conhecer a plataforma Machine, vi a oportunidade de formalizar tudo isso e oferecer soluções para os entregadores e lojistas.

Como funciona a taxa cobrada e o repasse para os entregadores?

A taxa administrativa é de 14% sobre o valor da entrega. A loja solicita a entrega, e quando ela é direcionada ao entregador, já vem com esse desconto aplicado.

Quanto um entregador costuma faturar na plataforma?

Quando eu era entregador, meu sonho era faturar R$6 mil por mês. Hoje, isso é praticamente o piso. Temos entregadores que faturam até R$10 mil mensais. Tudo isso é possível graças a uma gestão de precificação e financeiro bem feita desde o início, trabalhamos com o conceito de ganha-ganha: entregador satisfeito, lojista atendido com qualidade, e empresa estruturada.

Qual a taxa mínima que o entregador recebe?

R$6,61.

Vocês têm alguma estratégia para manter a renda dos entregadores estável?

Sim, trabalhamos com qualidade, não quantidade. Selecionamos entregadores comprometidos e mantemos uma relação transparente, com reuniões semanais. Desenvolvemos a mentalidade dos entregadores para que vejam a si mesmos como empresários. Eles são PJs e precisam entender o valor da responsabilidade.

Os entregadores precisam ser 100% dedicados à plataforma?

Exigimos CNPJ para emissão de notas fiscais. Temos os entregadores “elite”, que são cerca de 45, com dedicação integral. Também temos os “nuvens”, que rodam em horários alternativos. No total, são cerca de 138 entregadores ativos em Divinópolis.

Como foi o início da operação em relação à captação de restaurantes e entregadores?

Minha loja já tinha grande demanda, cerca de 150 pedidos por dia. Os entregadores da cidade me conheciam, e muitos vieram por indicação. Criamos uma estratégia de bonificação de R$20 por loja cadastrada. Isso acelerou o crescimento. Em seis meses, já tínhamos 70 lojas na plataforma.

Vocês oferecem incentivos para os entregadores?

Sim. Pagamos R$150 por loja cadastrada, temos ranking semanal com premiações, sistema de pontos para trocar por dinheiro, dinâmica de chuva com taxas mais altas, entre outros.

Vocês têm concorrência local?

O iFood era dominante, mas havia muita insatisfação. Trazemos atendimento de qualidade e valorização do entregador. Isso ajudou a quebrar o monopólio.

Quantos restaurantes e entregadores ativos vocês têm hoje?

Temos 328 restaurantes cadastrados, com cerca de 180 a 190 ativos. Entregadores cadastrados são mais de mil, mas ativos temos entre 180 e 190 também.

Vocês têm dados sobre os consumidores?

Não diretamente. Nosso cliente é o lojista, então consideramos os 30 mil pedidos mensais como uma estimativa, como se fossem 30 mil clientes então.

Qual foi o momento mais difícil na sua jornada com o Chame Chegou?

Quando um grupo de entregadores tentou barrar o crescimento, não queriam novos cadastrados. Liberamos cadastro para CPF, depois voltamos ao CNPJ. Foi uma reviravolta importante.

Vocês fazem entregas apenas de comida?

Não, atendemos farmácias, pet shops, lojas de autopeças, roupas, entre outros. Mas, o foco principal ainda é comida, por ser mais leve e com alta demanda.

Qual o maior desafio hoje como gestor?

O desenvolvimento pessoal dos entregadores. Ajudá-los a entender o que eles têm nas mãos, como agir como empresários e crescer profissionalmente.

Como é feito o contato e suporte com os entregadores?

Temos uma comunidade no WhatsApp, mandamos avisos e organizamos reuniões on-line ou presenciais, conforme a necessidade.

Vocês perceberam mudança no perfil dos entregadores ao longo do tempo?

Sim, hoje temos mais entregadores fixos, fidelizados pela qualidade e resultados da plataforma. Isso diminuiu a necessidade de rodar por vários aplicativos.

Como lidam com cancelamentos de pedidos ou corridas?

Cancelamento de corrida gera punição para o entregador. Se o problema é nosso, arcamos com o prejuízo. Se for do entregador, é dele. Prezamos por um serviço confiável.

Vocês atuam apenas em Divinópolis?

Atuamos também em Nova Serrana e Pará de Minas. É tudo gerido pela sede, mas com representantes locais.

Você cuida das redes sociais?

Sim, em parceria com o diretor comercial e a esposa dele. Temos um designer, mas as publicações são feitas por nós. Pretendemos ter uma pessoa exclusiva futuramente.

Como foi a entrada em novas cidades?

Em Pará de Minas foi mais difícil, por ser uma cidade com cultura de grupo de WhatsApp. Fizemos um evento para mostrar soluções aos lojistas e entregadores. Deu certo.

Vocês têm planos de crescimento?

Sim, atuar em mais duas cidades até o final do ano, totalizando quatro além de Divinópolis.

Qual é seu papel no dia a dia da empresa?

Hoje sou mais estratégico. Temos o Thiago para entregadores, o André para lojistas, e o Robson como diretor comercial. Em dias críticos, todos atuam juntos.

Qual o maior diferencial do Chame Chegou em relação ao iFood?

Para o lojista, é o suporte, menor taxa, e controle total sobre as entregas. Para o entregador, são as condições melhores, benefícios e suporte humanizado.

Como vocês monitoram a qualidade da operação?

A principal métrica é o tempo de entrega. Monitoramos a rota, atrasos e a satisfação dos clientes. Entregar rápido é essencial para fidelização.

Qual indicador você mais acompanha?

Tempo de entrega. Nosso nome é Chame Chegou, então a entrega precisa ser rápida e eficiente para manter a satisfação.

Vocês pretendem atuar com marketplaces como Mercado Livre ou Amazon?

Sim. Já fizemos contato com o Mercado Livre. Além disso, vamos lançar nosso próprio marketplace em agosto, abrangendo diversos segmentos.

Como funciona a cobrança de clientes PJ?

Por recarga de crédito. O cliente, seja PJ ou físico, adiciona saldo e utiliza nas entregas.

Vocês têm contrato com os clientes?

Sim, todos assinam um termo de uso com regras e condições da plataforma.

Como conquistar motoboys de outras plataformas?

Com resultado: mostramos, na prática, que eles vão ganhar mais e ter benefícios reais. Fidelizamos pela experiência e ganhos.

Como lidam com erros de endereço?

Se for erro da loja, ela arca com o custo extra. Se for erro do sistema ou nosso, o prejuízo é nosso. Se for do entregador, ele assume.

Qual é o sonho da Chame Chegou para este ano?

Consolidar a atuação em quatro cidades além de Divinópolis.

Você já pensou em desistir?

Sim, mas não desisti. O sonho de resolver os problemas que eu mesmo vivi sempre falou mais alto.

O que você diria ao Lucas do começo da operação?

“Não desista dos seus objetivos e sonhos. Você vai viver muito mais do que imagina.”

Qual dica você daria para quem quer criar um aplicativo?

Entenda as dores reais do seu público, resolva problemas. Ninguém ganha dinheiro sem solucionar algo. Encontre as dores, crie estratégias e entregue soluções reais.

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Redação 55content

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