“Empresas priorizam o lucro e deixam de lado quem presta o serviço”, afirma motoboy

Homem segurando uma caixa e utilizando um celular.
Pedro Augusto, entregador, em momento de trabalho.

O entregador Pedro Augusto conta sobre sua jornada como motoboy independente, fora das plataformas tradicionais.

O entregador Pedro Augusto encontrou no setor de entregas a oportunidade para construir uma nova carreira. Hoje, ele é proprietário de uma transportadora e aposta na independência de plataformas de entrega para expandir seu negócio.  

Com uma carreira de atleta iniciada aos seis anos e encerrada por volta dos 24, Pedro atuou como jogador profissional por oito anos. Após decidir deixar o futebol, ele buscou novas qualificações, realizando um curso técnico de administração. 

No entanto, a falta de oportunidades na área o levou a trabalhar como entregador por aplicativo: “Optei pela área de entregas porque facilita as viagens e comecei a gostar. Isso me cativou. Aos poucos, fui identificando falhas no sistema e decidi investir na profissão, o que me levou a abrir minha transportadora”, explicou.  

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Pedro relata que o processo de abandono das plataformas de entrega foi gradual e motivado pelas dificuldades enfrentadas pelos profissionais do setor: “As plataformas não são justas com os entregadores, seja em entregas de fast-food ou de documentos e objetos. Foi um processo difícil, mas hoje colhemos bons frutos por não depender delas”, afirmou.  

Atuar de forma independente, segundo ele, trouxe mais autonomia e permitiu estabelecer uma relação mais justa com os clientes. Apesar disso, ele reconhece que muitos entregadores optam por permanecer nas plataformas devido à flexibilidade: “É cômodo ligar o app quando quiser. No trabalho independente, há horários e prazos a cumprir, o que exige mais disciplina”, destacou.  

Atualmente, Pedro concilia a gestão da transportadora com uma rotina de trabalho intensa: “Costumamos trabalhar, no mínimo, 14 a 15 horas por dia. Há dias em que precisamos virar a noite ou dormir tarde. Engana-se quem pensa que o empresário trabalha menos”, afirmou.  

Ele também observa um cenário desafiador para o futuro das plataformas de entrega: “Infelizmente, elas não vão melhorar. Essas empresas priorizam o lucro e deixam de lado quem presta o serviço”, avaliou.  

Apesar das críticas, Pedro mantém um bom relacionamento com outros entregadores e busca promover o senso de comunidade no setor: “Todos nós somos uma classe: entregadores. Tento mostrar que é possível e vantajoso atuar fora das plataformas”, disse.  

Com planos de expansão, Pedro pretende ampliar a atuação de sua transportadora e consolidar o negócio no mercado nacional: “Minhas expectativas são as melhores possíveis. Quero aumentar a demanda na distribuição e levar minha empresa a atuar em todo o Brasil”, afirmou.  

Ele também incentiva quem deseja ingressar no setor de logística: “O mercado de transportes é apaixonante. Minha recomendação é não depender de aplicativos ou plataformas. Confie no seu trabalho e busque entregar um serviço de qualidade”, aconselhou.  

Pedro também utiliza sua experiência para compartilhar dicas e insights sobre o mercado de transportes. Ele mantém um perfil no Instagram, onde publica conteúdos voltados para entregadores, empreendedores e interessados no setor logístico. Segundo ele, a ideia é inspirar outros profissionais a buscar independência no mercado e melhorar a qualidade dos serviços oferecidos.

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Anna Julia Paixão

Anna Julia Paixão é estagiária em jornalismo do 55content e graduanda na Escola Superior de Propaganda e Marketing.

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