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“O mototaxista que mais trabalha, fatura entre R$ 9 mil a R$ 9.800 “, conta gestor de app regional de RO

Gestor de app regional explica sistema de cobrança: mensalidade varia de R$300 a R$ 350 para carro e R$500 para moto, com desconto de R$90 para quem faz 60 corridas aos domingos.

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Homem de óculos com barba curta e camiseta preta com logo "dn" aparece ao lado de um banner escrito "Clube Machine Entrevista: Adriano Siqueira, Gestor de App de Transporte", com o logo do Clube Machine ao fundo.
Imagem: Acervo 55content

Com uma história marcada por superação e propósito, Adriano Siqueira transformou um convite despretensioso em um aplicativos de mobilidade urbana em Rondônia. Gestor da Du Norte, com sede em Cacoal (RO), ele começou a operação com um empréstimo de R$10 mil, enfrentou a pandemia com apenas 17 dias de paralisação e estruturou o negócio, como explica, com base em valores como fé, justiça e valorização dos condutores. Hoje, a plataforma já atingiu picos de 60 mil corridas mensais, possui franqueados em diversas cidades do estado e segue em expansão com um modelo que aposta em atendimento humanizado, incentivo à fidelização e presença ativa do gestor nas operações. Em entrevista ao Clube Machine, Adriano compartilhou os desafios do início, a importância de estar ao lado dos motoristas, sua visão sobre concorrência e a meta de cobrir todo o estado até o final do ano. Confira abaixo a entrevista completa:

Qual foi o seu insight inicial para criar um aplicativo regional de mobilidade?

Eu era gerente de posto de combustível e um amigo me chamou para abrir um aplicativo de mobilidade urbana na categoria moto. Na época, eu trabalhava muito, com jornadas longas, e via muitos motoristas de app abastecendo no posto. Comecei a perguntar como funcionava, surgiu a curiosidade. Em 2019, o setor estava em crescimento. Recusei a ideia três vezes, mas insatisfeito com o trabalho, acabei aceitando. Criamos o Moto Norte, e depois mudamos o nome para Du Norte.

Como foi iniciar o aplicativo no período da pandemia?

Foi um desafio enorme. Peguei dinheiro emprestado para montar a plataforma pela Tax Machine. Pouco tempo depois, meu sócio me ofereceu a parte dele e fiquei sozinho. Um mês depois veio a pandemia. Ficamos 17 dias parados e sem nenhum recurso financeiro. Recomecei praticamente do zero. Aos poucos, as coisas foram melhorando. Fomos um dos últimos aplicativos de moto a conseguir alvará e, com trabalho constante, nos destacamos.

Qual o volume atual de corridas do aplicativo?

Chegamos a atingir 60 mil corridas por mês em dezembro. Hoje, a média gira entre 44 mil e 45 mil, devido às mudanças de nome e introdução de carros, que impactaram um pouco a base de clientes.

Quanto você precisou investir no início e em quanto tempo esse investimento se pagou?

Peguei R$3 mil inicialmente e, 15 dias depois, mais R$7 mil no nome da minha esposa, um total de R$10 mil. Consegui pagar a primeira parte até junho de 2020. O restante, que foi financiado, paguei em 36 meses. Fiz mais dívidas ao comprar outros aplicativos para agregar condutores, porque a prefeitura tinha limitação de vagas. Para atender 25 mil clientes por mês, eu precisava de mais condutores.

Qual a média de ganho dos condutores?

Para condutores de moto, que são o foco principal do aplicativo, a média dos que mais ganham é de R$9 mil, R$9.800. Os que trabalham dia sim, dia não, ganham entre R$3 mil e R$4 mil.

Quanto tempo levou para a população aceitar o aplicativo?

Foi um processo de vestir a camisa e ir para cima. Ter colocado uma central ajudou muito, porque o atendimento dos concorrentes era ruim. Hoje, mesmo com boa demanda, deixamos de atender cerca de 5 mil corridas por mês, porque priorizamos não cadastrar condutores acima da demanda e preservar a renda dos que já estão na plataforma.

Como funciona o modelo de cobrança dos condutores?

Trabalhamos com mensalidade. No carro, R$300 a R$350 e, na moto, R$500. Quem faz acima de 60 corridas nos quatro domingos do mês ganha R$90 de desconto no boleto. Com cinco domingos, precisa fazer 70 corridas para o desconto. Essa estratégia funcionou muito bem para ter condutores ativos aos domingos.

Você oferece outros incentivos aos motoristas?

Sim, para os motoristas de carro que colocam adesivo do aplicativo nas portas e no vidro traseiro, oferecemos R$100 de desconto na mensalidade.

Quais foram os principais desafios para atrair motoristas e passageiros?

Ficar 24 horas na rua no início. Era estar presente mesmo, na chuva, no frio, nas madrugadas. Isso mostra ao condutor e ao passageiro que o serviço é sério e veio para ficar. Parei de atuar nas ruas só em dezembro de 2024.

Como você mede e aumenta a fidelidade dos passageiros?

Como o aplicativo não mostra o nome do passageiro, é difícil fidelizar de forma direta, mas o bom atendimento, estar presente, fazer cortesia eventualmente, isso tudo ajuda. Condutores também percebem os clientes frequentes.

Como você lida com a concorrência?

Vejo concorrentes como parceiros. O sol brilha para todos. Ajudei muitos que vieram abrir aplicativo, inclusive orientando na documentação. O único que me incomodou foi a 99, porque baixaram demais os valores das corridas.

Como é o processo de expansão por franquias?

Analisamos o perfil populacional da cidade e a capacidade de investimento do interessado. Precisamos que ele invista em publicidade e tenha perfil para o trabalho. Ajudamos por cerca de um ano, dando suporte total.

Vocês trabalham com corridas agendadas?

Sim, pelo aplicativo é possível agendar. A IA “Nortinho” funciona por mensagem no WhatsApp, então não permite agendamento. Mas os agendamentos são ótimos para clientes com rotina fixa.

Você já tentou abrir em cidades que não deram certo?

Sim, Canindé, no Ceará. A cultura era totalmente diferente: motos antigas, condutores de bermuda e chinelo, passageiros sem capacete. O modelo de lá não se adequava aos nossos padrões.

Quais são as exigências para condutores?

Para moto: sem antecedentes, CNH com mais de 2 anos, curso de mototáxi, atividade remunerada (EAR), moto acima de 2020, entre 125cc e 160cc. Para carro: acima de 2010, ar-condicionado funcionando, bom estado, com adesivo do aplicativo. Moto tem que estar no nome do condutor.

Vocês pretendem expandir para a capital, Porto Velho?

Sim, estamos em conversa com interessados em Porto Velho e Ariquemes. Também temos contatos em outros estados como Pará e Minas Gerais.

Vocês utilizam influenciadores digitais e redes sociais?

Sim, nosso principal canal é o Instagram. Também usamos TV e rádio, dependendo da cidade. Cada lugar exige uma estratégia específica.

Como vocês equilibram tarifas para motoristas e preços para passageiros?

Cobramos por quilômetro, não por tempo. Buscamos manter preços justos, sem leilão de preços. Motociclistas, por exemplo, têm valores acessíveis, mas sustentáveis.

Vocês aplicam tarifa dinâmica? Qual é a tarifa mínima?

Sim, de forma gradativa: das 5h30 às 21h, tarifa de R$7 até 3,5km; das 21h às 22h, R$8 até 2km; das 22h às 0h, R$8 com 0km; de 0h às 5h30, R$10 com 0km e R$1,75 por km. Durante o dia, R$1 por km após a média.

Como vocês escolhem novas cidades para expandir?

Esperamos os interessados nos procurarem. A partir disso, fazemos reunião, mostramos nosso modelo e analisamos o perfil da cidade e da pessoa.

Vocês fazem parcerias locais para aumentar a visibilidade?

Sim, todas as publicidades no Instagram são voltadas para o estado. Quando fecharmos toda a região da BR 364, faremos campanha de TV aberta para todo o estado.

Vocês utilizam botão de pânico?

Sim, mas em muitas cidades retiramos porque os motoristas acionavam sem querer. Nosso estado é tranquilo, com pouquíssimos casos de insegurança.

Como garantem a segurança nas corridas?

Pelo WhatsApp e aplicativo, o cliente recebe dados do condutor: nome, placa, cor do veículo. Temos suporte para problemas de pagamento ou objetos perdidos. Se ocorrer algo grave, orientamos que o cliente procure a delegacia.

Como lidam com cancelamentos?

O cliente tem 8 minutos para cancelar sem taxa. Após isso, é gerada uma taxa que vai para o próximo condutor que atender. Na IA “Nortinho”, não cobramos taxa de cancelamento devido às dificuldades de atendimento em certos horários ou bairros.

Como lidam com inadimplência?

Bloqueamos clientes que somem sem pagar. Se é um erro pontual, o condutor tenta cobrar depois. Se persistir, é passado ao suporte para bloqueio.

Vocês usam a IA Iago?

Não, usamos uma IA conveniada com a Tax Machine, possivelmente da Fish, do Álvaro. Consideramos a Iago muito cara.

Qual a grande meta da Du Norte para este ano?

Cobrir todo o estado de Rondônia até dezembro. Queremos consolidar a presença estadual e, futuramente, expandir para outros estados.

Considera que ser táxi dificulta o crescimento do aplicativo?

Não, pode ser uma questão de abordagem ou precificação. Cooperativas têm muitos gestores e pode faltar alinhamento. Se precisar de ajuda, estou aberto para conversar e trocar experiências.

Qual conselho você daria para quem quer lançar um aplicativo de mobilidade?

Seja justo, não queira derrubar o próximo. Tenha foco e clareza nos objetivos. Para quem está começando, vale adquirir uma franquia existente para aprender com os erros e acertos de quem já trilhou o caminho.

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Redação 55content

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