Após quebrar com seu antigo comércio, o baiano Dene Bomfim saiu de sua cidade natal, Ituberá, no sul do estado, para tentar a vida como motorista de aplicativo na capital Salvador.
Com o dinheiro que juntou, Dene montou uma pequena frota, que chegou a contar com 22 veículos. No entanto, a pandemia interrompeu o crescimento e forçou o retorno a Ituberá.
Já de volta ao interior, passou a alugar dois carros que restaram da frota. Foi nesse momento que decidiu colocar em prática a ideia de lançar seu próprio app de mobilidade.
Sem apoio de investidores, Dene pegou dinheiro emprestado e apostou todas as fichas no projeto.
No início, a ideia enfrentou resistência de taxistas locais. Muitos acreditavam que o modelo não funcionaria em cidades pequenas. A estratégia, então, foi iniciar com familiares e amigos como condutores e investir em promoções para atrair passageiros. “Oferecíamos bônus para quem baixasse o aplicativo e rodávamos com três motoristas no início. Aos poucos, a aceitação foi crescendo.”
Hoje, o Rod está presente em Ituberá, Valença, Camamu e Taperoá. A empresa também começou a operar em cidades da Zona da Mata, como Gandu, Wenceslau Guimarães, Presidente Tancredo Neves e Teolândia. A meta é expandir em breve para destinos turísticos como Itacaré e Maraú.
O aplicativo conta atualmente com 66 motoristas cadastrados. A empresa cobra uma taxa de 20% sobre o faturamento de cada condutor — percentual abaixo do praticado pelas plataformas tradicionais. Segundo Dene, o modelo regional favorece o ganho dos motoristas, principalmente por conta da distância curta entre os destinos e o menor consumo de combustível.
“A corrida mínima custa R$ 11,99, com deslocamento de até 2 km. Após o desconto da taxa, o motorista recebe cerca de R$ 9,60 por corrida mínima. A média mensal de ganhos varia entre R$ 5 mil e R$ 6 mil”.
A empresa movimenta R$ 130 mil em corridas mensalmente. “Hoje, eu acredito que já temos beirando umas 20 mil pessoas cadastradas aqui na região do Baixo Sul. Na Zona da Mata, estamos começando agora, e lá a meta é atingir 20% da população local.”
Além de motoristas, o Rod também atrai usuários das classes mais populares. Segundo Dene, cerca de 70% da base de passageiros é formada por pessoas de áreas com menor poder aquisitivo. “Antes, o transporte era inacessível para muita gente. Hoje, conseguimos oferecer uma opção acessível e segura.”
Outro fator que impulsiona o uso do Rod é o turismo. A região conta com praias, cachoeiras e atrativos naturais. Nos fins de semana e feriados, a demanda por corridas aumenta.
O próximo passo é a expansão via franquias. A expectativa é iniciar o modelo a partir de 2026, com foco em cidades do interior da Bahia e, posteriormente, outros estados. “Enquanto as grandes plataformas ignoram as cidades pequenas, nós estamos lá, nos consolidando. Nosso objetivo é crescer mantendo o atendimento próximo e o foco regional.”
Para Dene, a história do Rod vai além de empreendedorismo. Ele vê sua trajetória como inspiração para outras pessoas. “Sou filho de um pedreiro analfabeto que está fazendo 90 anos. Já fui ao fundo do poço. Hoje, consigo gerar emprego, dar exemplo para minhas filhas e mostrar que é possível recomeçar. O céu é o limite.”