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Motoboys e empreendedores se unem para criar aplicativo que faz mais de 70 mil entregas mensais

Criada por ex-motoboys, a ÁgilGo tem 650 entregadores cadastrados, opera em quatro cidades da Baixada Santista e aposta em modelo pré-pago e gestão próxima para garantir qualidade e equilíbrio financeiro.

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Logo da ÁgilGo Entregadores, com o nome da marca em letras azuis brilhantes e um ícone de caixa estilizada acima do texto.
Foto: Reprodução/ÁgilGo

A ÁgilGo é uma plataforma de entregas na Baixada Santista, com 650 entregadores cadastrados e gerida por Anderson Mazagão, Marcel Luiz Godoy, Edson Lima Costa e Guilherme dos Santos Barbosa. Antes de abrirem o próprio negócio, alguns dos fundadores trabalhavam como motoboys e foi justamente nas ruas que perceberam as falhas do mercado e decidiram criar uma alternativa mais justa e próxima da realidade de quem vive de entrega.

A história da empresa começa em 2019, quando Mazagão e Edson trabalhavam em aplicativos de delivery e sentiam na prática as dificuldades do setor: atrasos nos pagamentos, pouca comunicação e nenhuma autonomia para os entregadores. 

Em 2020, com a pandemia e o aumento da demanda por delivery, Mazagão passou a trabalhar fixo em um restaurante e percebeu outro problema: o dono do local estava sendo processado por motoboys por causa de vínculo trabalhista.

“Foi ali que eu percebi que dava pra fazer diferente”, lembra Mazagão. “Pensei: e se existisse um aplicativo em que o comércio colocasse o saldo antes e pagasse só pelas corridas? Assim, ninguém ficava devendo e todo mundo trabalhava com mais segurança.”

Com essa ideia em mente, ele decidiu criar seu próprio sistema. Autodidata em tecnologia, aprendeu a programar sozinho e usou o conhecimento que tinha de criar códigos para jogos como GTA V para desenvolver as primeiras versões da plataforma. Com um investimento inicial de R$ 1.000, Mazagão e Edson registraram o CNPJ e começaram os testes com comércios de amigos e familiares.

“No começo, a gente fazia de tudo: entregava, atendia cliente, fazia suporte, programava de madrugada”, conta Mazagão. “Era cansativo, mas ver o negócio rodando dava mais força pra continuar.”

Reforço na gestão marca início da expansão 

O grande salto veio em 2023, quando Marcel entrou para o grupo. Com experiência de mais de uma década na área de RH e dono de uma hamburgueria na região, Marcel já conhecia os colegas das antigas plataformas e trouxe uma nova visão de gestão.

 “Quando o Anderson me chamou, eu vi que a empresa tinha muito potencial, mas precisava de estrutura. Perguntei logo: como estão as finanças, os relatórios, os pagamentos? A partir daí, organizamos tudo pra crescer com segurança”, conta.

Com a entrada de Marcel e, logo depois, de Guilherme dos Santos Barbosa, o Xarope, motoboy experiente e querido entre os entregadores, a operação deu um salto. 

De cerca de 1.000 entregas por mês, a ÁgilGo passou para 6.000 em apenas quatro meses. Hoje, a empresa ultrapassa 70 mil entregas mensais, atendendo Guarujá, Santos, São Vicente e Praia Grande.

A rotina compartilhada que faz a empresa girar

Na ÁgilGo, não há distanciamento entre fundadores e operação. Cada um dos sócios tem uma função bem definida e todos trabalham diariamente, dividindo turnos de suporte que vão das 8h da manhã à meia-noite.

Mazagão é o responsável pela parte de tecnologia, cuidando da integração com a plataforma Machine e das melhorias do sistema. “Eu gosto de fuçar, entender o que dá pra otimizar. A gente sabe o que o motoboy precisa porque já viveu isso, então cada ajuste tem um motivo real”, diz.

Edson é quem está na rua: está sempre em contato com os comércios e os entregadores, acompanhando de perto as rotinas e os desafios.

Marcel responde pelo setor financeiro e administrativo. “Eu brinco que sou o pé no chão do grupo”, comenta, rindo. “Os meninos às vezes querem fazer umas ideias mirabolantes e eu falo: calma, dá pra pagar? Dá pra sustentar? Alguém tem que pensar no caixa.”

Guilherme ‘Xarope’ faz a ponte com os entregadores, cuidando da disciplina, das escalas e da qualidade das corridas.

O modelo de trabalho da ÁgilGo se apoia em um sistema híbrido de cobrança: a maioria dos comércios usa créditos pré-pagos, enquanto grandes redes, como Habib’s, Pizza Hut, Gendai e Girafas, funcionam com pagamentos semanais ou quinzenais. Isso garante equilíbrio financeiro e previsibilidade tanto para os motoboys quanto para os lojistas.

Humanização e confiança como diferenciais

De acordo com os gestores, o segredo do sucesso da ÁgilGo está na proximidade com o cliente. Os próprios fundadores fazem questão de visitar os comércios, apresentar a plataforma e resolver pessoalmente qualquer problema. “Os comerciantes sabem quem somos. Ligam direto pra gente, não ficam falando com robô”, explica Marcel. “E o motoboy sabe que, se der algum problema, a gente vai resolver. Essa é a diferença.”

Essa atenção criou uma rede de confiança que tornou a marca referência na região. Hoje, boa parte dos novos parceiros chega por indicação boca a boca, dispensando campanhas pagas. “Quando o atendimento é humano, o próprio cliente vira o marketing”, resume Mazagão.

Mais importante que crescer é manter a qualidade

Apesar das propostas para expandir para São Paulo, São Bernardo e até o Rio de Janeiro, os sócios preferem manter o foco na Baixada Santista, onde conhecem cada rota e cada comércio. “Nosso diferencial é estar presente. Aqui a gente conhece as pessoas, o jeito de trabalhar. Se a gente expande sem controle, perde a essência”, afirma Mazagão.

A meta agora é consolidar o crescimento com qualidade, sem pressa e sem perder o DNA de empresa feita por quem veio da rua. Como diz Marcel, “a ÁgilGo é resultado de muito suor, muita entrega e muita conversa. A gente não nasceu em escritório, nasceu da experiência real de quem queria fazer o delivery funcionar de verdade.”

Num setor em que a pressa e a expansão costumam guiar as decisões, a ÁgilGo segue na contramão. Para os gestores a questão é simples: crescer só faz sentido se a qualidade vier junto.

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