Vereador irá se candidatar a reeleição e defende taxa fixa, valor mínimo por corrida e cadastro municipal: “Tenho projetos em tramitação”.
Marlon Luz é vereador de São Paulo. É conhecido por ser um dos primeiros motoristas de aplicativo eleito a um cargo público. Segundo o vereador, seu mandato tem trabalhado para assegurar melhores condições para os trabalhadores e promoção de uma regulamentações justa para a categoria. Sua trajetória inclui a organização de carreatas contra o PLC 28 em 2017 e a aprovação de leis relacionadas ao setor durante seu mandato.
Nesta entrevista exclusiva, Marlon Luz discute suas motivações para se candidatar a releeição ao cargo de vereador, ressaltando a importância de continuar sua luta pelos direitos dos motoristas de aplicativos em São Paulo. Ele detalha suas principais propostas, que incluem a criação de uma taxa fixa, um valor mínimo por corrida e um cadastro municipal, além de sua atuação em Brasília para ajustar o PLP 12/2024 às necessidades da categoria. Luz também aborda como pretende usar sua possível reeleição para continuar influenciando a regulamentação federal e defende seu posicionamento político como representante da classe dos motoristas de aplicativos.
Como surgiu o convite para entrar na política?
Em 2016, quando o prefeito Haddad tentou proibir o trabalho dos motoristas de aplicativos em São Paulo, fiquei apavorado. Precisava sustentar minha casa e isso me fez estudar política e nossos direitos. Comecei a fazer vídeos sobre o tema, que ganharam alcance, e virei ativista. Em 2017, fui ao Senado lutar contra o PLC 28 e organizei carreatas pelo Brasil, conseguindo modificar o projeto e assim, os motoristas não foram prejudicados. Continuei na luta, organizando manifestações contra decretos que limitavam a idade dos veículos, ampliando o limite para 8 anos. Com essa experiência, entrei na política. Em 2018, me candidatei a Deputado Federal, mas não fui eleito. Em 2020, me candidatei a vereador, fui eleito e me tornei o primeiro representante da classe dos motoristas de aplicativos eleito no Brasil. Foi assim que comecei na política, sempre lutando pelos motoristas.
E o que pesou para aceitar ser pré-candidato a vereador?
Ser eleito em 2020 foi um marco significativo, pois me permitiu apoiar motoristas que dependem do trabalho de aplicativo para sustentar suas famílias. Durante esses quatro anos, aprovamos importantes projetos de lei, construímos pontos de apoio e garantimos o reconhecimento desses profissionais na Câmara Municipal de São Paulo. Além disso, tive um papel ativo em Brasília nas discussões sobre o PLP 12/2024, o que resultou em ajustes benéficos ao projeto. Esses avanços reforçaram minha decisão de me manter na política como pré-candidato a vereador, pois desejo continuar fazendo a diferença e promovendo melhorias para nossa categoria.
Quais são suas principais propostas, caso eleito vereador?
Caso reeleito vereador, minhas principais propostas são continuar e expandir a luta pelos direitos dos motoristas de aplicativo. Já consegui aprovar leis importantes, como o direito de defesa em caso de banimento da plataforma e a obrigatoriedade de os aplicativos fornecerem recibos detalhados aos passageiros, mostrando as taxas abusivas. Isso tem gerado no passageiro a mesma indignação que o motorista sente ao ver as plataformas levando 40% das corridas. Tenho projetos em tramitação que buscam uma nova regulamentação para os motoristas de aplicativo em São Paulo, com o objetivo de profissionalizar a classe e melhorar os ganhos, hoje esse projeto já está aprovado em primeira votação. Isso inclui uma taxa fixa, um valor mínimo por corrida e um cadastro municipal. Vou continuar acompanhando de perto o desenrolar do projeto federal em Brasilia, o PLP 12/2024. O projeto passou por modificações, mas ainda precisa de ajustes para atender as necessidades dos motoristas de app. Minha reeleição permitirá que eu continue sendo a voz dos motoristas na política e que tenha mais projetos de lei aprovados para garantir melhores condições de trabalho e justiça para todos nós.
Por qual partido você irá concorrer e como definiria seu posicionamento político?
Sou do partido MDB (Movimento Democrático Brasileiro) e meu posicionamento é de centro direita. Acima de tudo, me posiciono em defesa dos valores morais e éticos, seguindo minha base cristã, que são inegociáveis na política e na minha vida.
Quando influenciadores de uma determinada categoria decidem entrar para política, é comum haver críticas que estaria se aproveitando da influência para fins próprios. Como você responderia a essas críticas?
Enfrentei muitas críticas na eleição de 2020, mas em proporção muito maior também veio o apoio daqueles que já me acompanhavam há 4 anos na internet e sabiam da minha real intenção de ajudar o motorista de aplicativo. Hoje aqui em São Paulo essa fase é superada sobre as críticas pois o nosso trabalho tem sido observado e elogiado. Fico muito feliz de poder sair na rua onde muitos motoristas param seus carros para tirar uma selfie comigo, isso é resultado de bom trabalho. Entendo que novos motoristas influencers, que são candidatos em outras cidades, também enfrentem críticas neste ano—isso faz parte do processo. Apoio todos os motoristas que se lançam como candidatos, porque nossa classe precisa de mais representatividade em todo o Brasil. Colocar sua cara na urna exige coragem, e é exatamente esse tipo de coragem que precisamos.
Como pretende usar um possível cargo de vereador para modificar a regulamentação federal?
Desde o ano passado, quando começaram a surgir os primeiros rumores sobre uma nova lei federal para aplicativos, tenho utilizado minha posição como vereador, eleito pela classe dos motoristas, para promover reuniões com ministros e deputados. Levei a eles todas as demandas dos motoristas, a realidade das ruas e os abusos das plataformas. Graças a esse trabalho, conseguimos derrubar a urgência, levar emendas e modificar o texto da regulamentação. Embora o texto final do PLP12 ainda não esteja ideal, nossa influência política como vereador é fundamental para sermos recebidos em Brasília e discutir a regulamentação federal. Sem esse esforço, a classe dos motoristas de aplicativo em todo o Brasil estaria nas mãos de políticos que não compreendem a nossa realidade. Vale lembrar que até a própria Uber apoiava a versão inicial de uma regulamentação ainda mais prejudicial para os motoristas.