A rotina de um motorista de aplicativo em Americana envolve longas jornadas, custos elevados e desafios que vão além da direção. Sandro Rodrigues, que migrou para a categoria após perder o emprego na área química, relata como a promessa de ganhos atrativos contrastou com a realidade do setor.
Desde o início, percebeu que os valores pagos pelas corridas eram baixos, exigindo que rodasse 12 horas por dia para atingir um faturamento bruto razoável. A conversa revela as dificuldades enfrentadas, como a instabilidade dos rendimentos, os altos gastos com combustível e manutenção, e a falta de suporte das plataformas, que aplicam bloqueios sem direito de defesa.
Sandro também destaca a relação com os passageiros, as situações de insegurança e as limitações impostas pela Uber e 99, como a penalização por recusas e cancelamentos. Sua experiência evidencia como a plataforma prioriza os clientes, deixando os motoristas sem respaldo diante de reclamações ou problemas operacionais.
Sandro, nosso objetivo hoje é entender como é a rotina de um motorista de aplicativo em Americana. Sabemos que cada motorista tem sua própria experiência e gostaríamos que você compartilhasse sua história: como entrou na categoria e há quanto tempo trabalha com isso?
Sandro: Eu trabalhava com carteira assinada, mas, como acontece com muitos motoristas, perdi o emprego. Minha área era a química, e quando fui dispensado, precisei encontrar uma maneira rápida de gerar renda. Afinal, temos compromissos e não podemos ficar parados. Foi assim que conheci a Uber e comecei a trabalhar na plataforma.
Quando a gente entra nesse ramo, chega com base em informações que escuta de outros motoristas: “dá para ganhar tanto”, “a rotina é assim”. Mas a realidade só se revela quando você está dentro. Quem está de fora tem uma visão muito diferente do que é realmente ser um motorista de aplicativo. No meu caso, comecei pegando todas as corridas que apareciam. Já estou na Uber há cinco meses, e desde o início os valores já eram baixos. Não vivi a época em que os motoristas dizem que a plataforma pagava melhor.
Mesmo assim, preciso trabalhar, e já fiz meus cálculos: para atingir um valor razoável, preciso rodar 12 horas por dia. No início, foquei em corridas dentro da cidade, mas percebi que era muita correria por valores baixos. Quando a maioria das corridas fica entre R$6,50 e R$7,00, é preciso fazer muitas viagens para chegar a um rendimento aceitável. É um choque de realidade. As expectativas que criamos antes de entrar na plataforma nem sempre se confirmam.
Por outro lado, para quem está desempregado, qualquer renda é bem-vinda. Apesar das dificuldades, ser motorista foi uma bênção para mim. A empresa oferece a oportunidade e você usa o seu próprio veículo para trabalhar. Mas, com o tempo, começamos a perceber algumas injustiças. Existem situações que não fazem sentido, e você se pergunta: “como isso é possível?” Mesmo assim, muitas pessoas dependem dessas plataformas, e a experiência com os passageiros tem sido positiva. Eles elogiam o serviço, pois é um conforto enorme ser pego na porta de casa e deixado no destino, coisa que nenhum ônibus faz. No transporte público, você precisa esperar, muitas vezes em locais sem cobertura, sujeito ao clima, e lidar com a superlotação. Já no carro de aplicativo, o passageiro tem espaço e conforto, sem ninguém empurrando.
Porém, para os motoristas, a realidade é diferente. O esforço físico e mental é todo nosso. O carro é nosso, os gastos com manutenção e combustível são nossos, e o desgaste emocional também. Trabalhar 12 horas diárias significa lidar com todo tipo de passageiro, cada um com seu temperamento. Alguns são educados, outros estão irritados por problemas pessoais e acabam descontando no motorista.
Nesses cinco meses, percebi que ser motorista de aplicativo é mais uma questão psicológica do que qualquer outra coisa. Passageiros desabafam, contam suas histórias, e alguns ficam nervosos por situações que não têm nada a ver com a gente. Além disso, temos que lidar com crianças comendo dentro do carro e sujando tudo. Se falamos algo, corremos o risco de receber uma avaliação negativa. Qualquer reclamação do passageiro é aceita sem questionamento pela plataforma, que não se preocupa em ouvir o lado do motorista. Ninguém nos chama para esclarecer uma queixa. Isso é frustrante, porque quem está ali para ganhar dinheiro não vai tratar mal um cliente. Não faz sentido prejudicar quem nos garante renda.
Outro problema é a falta de informação dos passageiros sobre os diferentes serviços da Uber. Por exemplo, eu não optei pelo Uber Pet, então não sou obrigado a aceitar animais no meu carro. Se um passageiro chama um UberX e insiste em levar um pet, está ignorando a opção correta. O mesmo vale para o ar-condicionado: antigamente, no UberX, ele não era obrigatório. Agora, se o passageiro solicitar, precisamos ligar. Muitas dessas mudanças pegam tanto motoristas quanto passageiros de surpresa e geram conflitos desnecessários.
Além disso, nem todos os motoristas têm boa dicção ou sabem se comunicar bem. Algumas pessoas são mais rústicas, e isso pode soar agressivo para passageiros que interpretam a maneira de falar como rudeza. A falta de conhecimento e a maneira como cada um foi criado também influenciam muito nessas interações.
Apesar dos desafios, continuar como motorista de aplicativo ainda é melhor do que ficar sem trabalho. Não é um trabalho que traz riqueza, mas permite pagar as contas e sobreviver nos dias de hoje.
Você mencionou que teve um choque de realidade ao entrar no ramo de motorista de aplicativo. O que exatamente lhe prometeram antes de começar? Como era a visão que você tinha antes de vivenciar o dia a dia da profissão?
Sandro: Sempre ouvi que ser motorista de aplicativo era uma forma excelente de ganhar dinheiro. Muitos falavam: “Se quer ganhar bem, vire motorista de aplicativo!” Ouvi relatos de pessoas dizendo que tiravam R$7.000, R$8.000 por mês. Aquilo me chamou a atenção, pois nunca tinha ganhado nem 50% disso em um emprego CLT. Comecei a pensar: “Se tantas pessoas dizem isso, deve ser verdade”.
Mas ao entrar na realidade do trabalho, percebi que não era bem assim. Acredito que muitos motoristas não falam a verdade sobre seus ganhos por orgulho. Talvez não queiram admitir que ganham menos do que dizem. Quando faço minhas contas, trabalhando 12 horas por dia, percebo que esses valores altos não se confirmam. Pergunto para outros motoristas sobre seus gastos diários com combustível, e alguns dizem que gastam apenas R$70 em gasolina. Fico intrigado: “Que carro é esse que consome tão pouco rodando 12 horas?” Ao olhar os veículos deles, percebo que não estão sendo sinceros. Então, muitas informações que ouvimos antes de entrar na profissão não condizem com a realidade.
Entendi. Você mencionou que trabalha 12 horas por dia. Como você organiza sua jornada? Você tem dias de folga? Define uma meta de ganhos diários?
Sandro: Minha meta é faturar R$400 por dia, bruto. Se eu falar isso para um motorista que trabalha apenas dentro da cidade, ele vai duvidar. Muitos não acreditam, a não ser que eu mande um print para provar. Já cheguei a fazer R$600 em um dia, mas depende de vários fatores: o dia da semana, as corridas realizadas, a região onde estou e os horários de pico. Não é algo fixo.
Dentro dessas 12 horas, eu praticamente não paro. Faço uma pausa de no máximo 30 minutos para comer e já volto para o trabalho. Sempre optei por rodar de manhã e à tarde, sem trabalhar à noite. Meu horário era das 6h às 18h. Além disso, a plataforma impõe um limite de horas de trabalho, então mesmo que eu quisesse estender, não poderia. Mas sempre foquei na meta financeira, e não nas horas trabalhadas.
Esses R$400 diários são valores brutos. Mas após descontar os custos, quanto você consegue tirar líquido por mês?
Sandro: R$2.000 dá para fazer, mas R$4.000, não. Os custos são altos e acabam reduzindo bastante o que sobra no fim do mês.
Você mencionou que faz R$400 por dia, o que daria cerca de R$8.000 por mês. Mas, considerando os custos, quanto disso realmente sobra para você?
Sandro: Os custos são altos. Só de gasolina, gasto mais de R$4.000 por mês. Aí ainda tem a porcentagem da plataforma, e, se houver manutenção, praticamente todo o dinheiro vai para isso. Quando o carro quebra, você percebe que, na verdade, trabalhou mais para o carro do que para você mesmo. Mas, se não houver nenhum problema mecânico, o que sobra líquido é entre R$2.000 e R$2.500. E isso já considerando os descontos.
Se compararmos com um emprego CLT, pode até ser que você ganhe algo semelhante, mas com direitos como convênio médico. No aplicativo, não temos esses benefícios e ainda precisamos pagar o INSS por conta própria. Se retirarmos essa contribuição, sobra ainda menos. Algumas pessoas podem ter lucrado bem no início das plataformas, mas hoje a realidade é bem diferente.
E outra questão importante: se você não tem um carro novo ou semi-novo, é melhor nem começar. Um carro usado começa a quebrar uma coisa após a outra. Primeiro é uma peça, depois outra, e quando você percebe, está gastando tudo em manutenção. Isso desanima, porque o que se ganha mal cobre os reparos.
Outro ponto que me incomoda é a porcentagem cobrada pelas plataformas. Elas são bilionárias e poderiam reduzir essa taxa sem prejuízo. Não vejo parceria nenhuma da parte delas com os motoristas. Onde está essa parceria? Que benefícios temos? Nenhum. Além disso, também não temos proteção alguma.
Na 99, por exemplo, se você recusa muitas corridas, pode ser bloqueado. Eu entendo o lado do passageiro, que tem um compromisso e espera que a corrida seja cumprida. Mas e o lado do motorista? Se estamos indo buscar um passageiro e percebemos uma situação de risco, não podemos recusar? Muitas regiões são perigosas, e o número de motoristas roubados é enorme, mas isso não é divulgado. Não se trata de preconceito, mas de segurança. Se um motorista sente que um local é arriscado, deveria poder recusar a corrida sem penalização.
As plataformas dizem que o motorista pode gravar a corrida para segurança, mas isso não impede um assalto ou algo pior. E se roubarem o carro? A plataforma não vai repô-lo. Nunca vi um motorista que teve o carro roubado e recebeu um novo da Uber ou 99.
Também vejo como injusto o fato de o motorista ser penalizado por cancelar uma corrida, enquanto o passageiro pode cancelar quantas quiser. Já andei 13 km para buscar um passageiro que cancelou a corrida na última hora, e a plataforma me deu uma bonificação de R$6,00. Isso não cobre nem o combustível gasto. Se as plataformas fossem realmente parceiras, deveriam pagar o motorista pelo deslocamento quando o passageiro cancela.
Do mesmo jeito, se o motorista cancela, o passageiro deveria ser compensado. Mas o ideal seria que, ao aceitar uma corrida, nenhuma outra tocasse para o motorista até ele concluí-la. Isso evitaria cancelamentos e garantiria mais justiça para ambas as partes.
Atualmente, vejo que a plataforma se preocupa mais com o passageiro do que com o motorista. Para exemplificar, eu mesmo fui bloqueado pela Uber.
Por que você foi bloqueado pela Uber?
Sandro: Fui acusado de adulterar o final da corrida. Mas como eu poderia adulterar isso? Eu sempre trabalho em locais que não conheço e sigo o GPS da plataforma. Antes de iniciar uma corrida, sempre pergunto ao passageiro se ele conhece um caminho mais curto ou se prefere que eu siga o GPS. A maioria responde: “Segue o GPS”.
Aí, durante a corrida, escuto: “Motorista, era para você ter entrado lá atrás”. Mas o GPS não indicou essa entrada! Como eu poderia saber? Os outros motoristas conhecem a rota, mas eu não. O valor da corrida, que começou em R$20, acabou aumentando para R$25 ou R$30 por conta do trajeto calculado pelo GPS. O passageiro reclama que ficou caro e me acusa de aumentar propositalmente o percurso. Eu mostro o Waze, explico que apenas segui as direções, mas, mesmo assim, alguns passageiros reportam o ocorrido para a plataforma.
A Uber não me deu nem a chance de me explicar. Eles não ligam para entender o outro lado. Eu reportei várias vezes, mas nunca obtive resposta. Parece que as pessoas que trabalham na moderação dessas reclamações tomam decisões arbitrárias, sem considerar a situação real.
Se houve alguma adulteracão, me mostrem onde errei! É uma questão de justiça. E ainda tem outro ponto: muitos passageiros pedem pequenas alterações na rota, como parar na casa da mãe para pegar uma chave ou em uma padaria no caminho. Não vejo problema nisso, e sempre atendi esses pedidos. Se isso for considerado adulterar uma corrida, então fui punido por tentar ser prestativo com os clientes.
Fui bloqueado em novembro do ano passado, e no meu perfil só haviam elogios: “ótimo atendimento”, “simpático”, “cuidadoso no trânsito”, “respeitoso”. Tinha uma avaliação de cinco estrelas em mais de mil corridas e ainda fui premiado pela plataforma. Como pode uma empresa me considerar um excelente profissional e, de repente, me bloquear sem justificativa real?
Isso é uma grande injustiça. Muitas pessoas dependem desse trabalho. E se eu tivesse acabado de comprar um carro e estivesse pagando as parcelas com esse dinheiro? A Uber tem o poder de bloquear quem quiser, sem peso jurídico nenhum, sem dar satisfação. Por ser uma empresa estrangeira, pode simplesmente fazer o que quer? Isso não é justo!
A empresa se diz “parceira” dos motoristas, mas como pode agir dessa forma? E os cálculos das corridas? Às vezes, dirigimos 5 km para buscar um passageiro e depois percorremos apenas 2 km até o destino final. No final, recebemos R$6,50. Faz sentido? Parece que só é calculada a distância entre passageiro e destino, ignorando o deslocamento inicial do motorista.
Estou aqui expressando minha indignação, mas também sugerindo melhorias. Muitos motoristas não conseguem se expressar ou defender sua situação. Poucos conseguem argumentar sobre as dificuldades do dia a dia e propor mudanças que beneficiariam todos os motoristas de aplicativo. Espero que essa realidade um dia mude.
Sandro, você trabalha como motorista de aplicativo há cinco meses. Desde que começou, você notou alguma melhora nos ganhos ou percebeu uma piora? Sei que dezembro é um mês movimentado por conta das festas, enquanto janeiro tende a ter uma queda. Como está sendo essa variação para você?
Sandro: Olha, melhora eu não vi. Agora estou trabalhando apenas com a 99, pois fui bloqueado na Uber. As corridas continuam com os mesmos valores. De vez em quando aparece uma corrida boa, que realmente vale a pena, mas para encontrar uma corrida que pague mais de R$1,50 por quilômetro, é um grande esforço. Se houve alguma melhora, não foi algo perceptível ou significativo.
O movimento pode até aumentar em determinadas épocas, mas não dá para avaliar uma plataforma com base em um período específico. Não faz sentido elogiar um sistema porque teve uma semana de alta demanda. Para ter uma análise realista, é preciso avaliar o rendimento ao longo de um mês inteiro. E, mesmo considerando fatores como região e demanda, não percebo nenhuma melhoria concreta nos valores das corridas.
Entendi. Você mencionou que é difícil lucrar mais de R$4.000, mas que é possível atingir R$2.000. No seu ritmo de trabalho atual, qual é o seu lucro médio mensal?
Sandro: Se estivermos falando de valores líquidos, sem considerar gastos com gasolina e outros custos, eu diria que o máximo é R$3.000. Mas isso sendo extremamente otimista. Na realidade, a média é entre R$2.000 e R$2.700. Em meses com alta demanda, como dezembro, pode até chegar a R$3.000, mas é um pico, não uma constância. Esse rendimento não se repete todos os meses.
Então, afirmar que a plataforma está indo muito bem apenas porque um mês foi positivo é injusto. O dia a dia mostra que os valores das corridas são padronizados e não acompanham os custos do motorista.
Outro ponto é que muitos motoristas enfrentam estradas de terra e buracos no caminho até o passageiro. Isso causa um desgaste enorme no carro. Muitas vezes, rodamos 5 a 6 km em estradas ruins antes de pegar o passageiro, e o valor recebido não compensa. Além disso, manter o carro limpo é essencial. Um motorista de aplicativo que preza pelo serviço quer oferecer um veículo higienizado e confortável para o passageiro. No entanto, isso tem um custo. Uma lavagem simples custa em torno de R$50. Se um dia eu precisar entrar em uma estrada de terra, no dia seguinte já terei que lavar o carro novamente. Quem paga por isso? Sou eu.
Ou seja, se tiro R$50 em um dia e preciso gastar o mesmo valor para manter o carro limpo, é como se tivesse trabalhado apenas para isso. As plataformas poderiam melhorar muito esse cenário. Falta uma gestão que realmente enxergue os motoristas como parceiros, e não apenas como uma mão de obra descartável.
Outro problema é a facilidade com que a plataforma bloqueia motoristas. Não é justo que uma empresa possa simplesmente cortar seu meio de sustento sem justificativa adequada. Isso precisa mudar.
Outra questão que considero uma grande injustiça é que eu trabalhava a semana inteira e só fazia o saque na segunda-feira, quando a plataforma transferia os valores acumulados. Na semana em que fui bloqueado, trabalhei de segunda a sexta-feira, mas, quando chegou o dia do pagamento, a Uber não realizou o depósito. Eu tinha R$950 para receber, e a plataforma simplesmente reteve esse valor.
Ou seja, além de ter me bloqueado, também me deixou sem o dinheiro que trabalhei para ganhar. Trabalhei uma semana inteira de graça, ainda tive despesas com manutenção do meu carro, e no final não recebi nada. Isso é justo? Que tipo de parceria é essa entre a plataforma e o motorista? Eu não consigo enxergar essa parceria.
O que a Uber fez comigo é desumano, e não só comigo. Quantos motoristas já passaram por situações semelhantes? E a questão é: como recorrer? Existe algum meio de contestar essas decisões sem ser pela própria plataforma? Pelo que sei, não. A única opção é recorrer dentro do sistema deles, mas a decisão é unilateral.
Isso é como trabalhar para uma empresa CLT onde os empregadores criam regras que desrespeitam os direitos trabalhistas, mas você não tem a quem recorrer. Os motoristas de aplicativo vivem essa realidade. As plataformas fazem o que querem, quando querem, e não há uma entidade que nos proteja.
A sensação é de estar em um trabalho quase escravo, onde o motorista é obrigado a aceitar as condições impostas sem opção de defesa. Se você ganha, ótimo; se não ganha, paciência.
Isso precisa mudar. Os motoristas precisam de uma voz ativa, de uma forma de defesa contra essas arbitrariedades. Sem isso, continuaremos à mercê das plataformas, sem direitos e sem garantias.