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“Faturo até R$3500 por semana, busco ser o melhor motorista de app possível”: como é ser motorista de app em Contagem 

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Perfil de usuário com nome "Celton" e status "Diamante". A foto mostra um homem sorridente em fundo claro, sobre um design com losangos e círculos em tons neutros.
Foto: Celton Chagas para 55content

Celton Chagas é motorista de aplicativo em Contagem, Minas Gerais.

Ele trabalhava como gerente de restaurante, mas as mudanças trazidas pela pandemia afetaram sua antiga ocupação. Com a queda no movimento e o encerramento das atividades do estabelecimento, Celton decidiu conhecer o mercado de transporte por aplicativo, mesmo enfrentando incertezas sobre o momento.

Desde então, aprendeu a estruturar sua rotina e definir estratégias para alcançar seus objetivos financeiros.

Com quase quatro anos de experiência, ele ajustou seu modo de trabalho para priorizar ganhos consistentes e organização.

Em sua visão, comunicação e planejamento são elementos centrais para quem deseja seguir nesse caminho.

Celton, você é motorista em Contagem, Minas Gerais, certo?

Celton: Certo, Contagem em Minas Gerais.

E eu queria saber como você se tornou motorista de app, há quanto tempo?

Celton: Olha, já vai fazer quase quatro anos. Eu era gerente de restaurante, e o restaurante atendia muita empresa, muitas empresas. Aí, com a pandemia, as empresas começaram a colocar o pessoal em home office. O movimento do restaurante caiu, e os funcionários foram sendo mandados embora. Foi aí que eu procurei saber como funcionava o negócio de motorista de aplicativo, né? Conversei com algumas pessoas, inclusive, elas me disseram que, se eu fosse entrar, ia ser numa época ruim, que era na época de pandemia e férias. Aí pensei: “Puxa vida, e agora? O que eu vou fazer?” Como não podia mais trabalhar no restaurante, decidi entrar nisso aí.

Como foi no início?

Celton: Comecei para ver como funcionava. Na primeira corrida, fui gostando. No início, eu não sabia como funcionavam os aplicativos: Uber, 99 e Cabify. Eu deixava tudo ligado porque não sabia como funcionava. Recebia muitas corridas, achando que o sistema sincronizava todas, uma depois da outra. Depois um colega me explicou que eu precisava ter uma meta de R$250 por dia. Pensei: “R$250? Mole!” Então, acordei às cinco da manhã, saí de casa às seis, animado. Só que, ao meio-dia, tinha feito só R$70. Fiquei pensando: “Seis horas de trabalho e R$70? Quantas horas vou precisar para fazer R$250?”

E como lidou com isso?

Celton: Vi que tinha um limite de 12 horas por dia antes de o aplicativo bloquear. Então, no dia seguinte, acordei às sete, saí às oito, sem pensar em metas. No final do dia, tinha feito R$370. Foi aí que percebi que ficar pensando em meta me atrapalhava. Depois, comecei a entender como ganhar mais, como me tornar diamante. Hoje, sou diamante desde que comecei.

Como é a sua rotina de trabalho?

Celton: Como sou diamante, sempre tem corrida. Eu sou cadastrado em Contagem, mas rodo na região metropolitana de Belo Horizonte. Se um passageiro vai para Belo Horizonte, Nova Lima ou o aeroporto, eu vou. Não limito meu trabalho a uma região específica.

Então você não tem horários fixos de trabalho?

Celton: Não, porque priorizo ficar com meu filho. Escolho horários flexíveis. Se quero rodar à noite, rodo à noite; se quero rodar de manhã, rodo de manhã. Tanto de dia quanto de noite, os ganhos são praticamente os mesmos.

Desde que você decidiu ser motorista diamante, quanto tempo levou para alcançar esse status?

Celton: Um a dois meses. Alguns motoristas reclamam que, para ser diamante, é preciso aceitar todas as corridas, mas não é bem assim. Às vezes, uma corrida menor leva a uma oportunidade maior.

Quantas horas por dia você trabalha e quantos dias por semana?

Celton: Trabalho de 10 a 11 horas por dia, sendo 9 horas na Uber e 1 hora em outros aplicativos. Às vezes, trabalho sete dias na semana, mas, em outros fins de semana, descanso sábado e domingo. Se não completo as 10 horas num dia, compenso no dia seguinte.

E quanto você costuma ganhar por dia ou por mês?

Celton: Em média, ganho R$500 por dia. Descontando R$130 a R$150 de combustível, meu lucro líquido fica em torno de R$350. Nos fins de semana, ganho mais, porque não tem trânsito e consigo ir mais rápido aos pontos de embarque e desembarque.

Você mencionou que já trabalha há quase quatro anos. Sente diferença na remuneração ao longo do tempo?

Celton: Sim, hoje em dia é muito melhor.

Você prefere trabalhar com algum aplicativo específico?

Celton: A Uber. É como a Coca-Cola entre os aplicativos: quando falam de aplicativo, as pessoas dizem “Uber”. Além disso, como sou diamante, recebo muitas promoções, como bônus por corridas e pagamento pelo deslocamento até passageiros distantes.

Você se sente seguro dirigindo na região metropolitana de Belo Horizonte?

Celton: Vou a qualquer lugar, inclusive às áreas de risco indicadas no aplicativo. Minha segurança vem de aceitar apenas corridas pagas via cartão, que já estão cadastradas no aplicativo.

Por que você acha que consegue ganhar mais do que a média de outros motoristas?

Celton: Acredito que é pela minha dedicação. Muitos motoristas reclamam que está ruim, mas eu mostro meus ganhos e explico como trabalho. Sempre passo minhas experiências para quem pede.Se eu entrei para trabalhar de aplicativo, eu entrei para ser o melho, então eu vou procurar ser o melhor.

Qual dica você daria para quem está começando?

Celton: Trabalhe com vontade e flexibilidade. Não precisa ser escravo de horários fixos. Faça seu próprio ritmo e, se não trabalhar um dia, compense no seguinte.

Você tem ideia de quanto ganha por semana?

Celton: De R$2.500 a R$3.500 por semana.

Algo mais que gostaria de acrescentar?

Celton: Quem quiser trabalhar com isso precisa ter vontade e saber lidar com pessoas. Comunicação é essencial, mas deve ser feita com cuidado para evitar mal-entendidos.

Foto de Giulia Lang
Giulia Lang

Giulia Lang é líder de conteúdo do 55content e graduada em jornalismo pela Fundação Cásper Líbero.

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