Ser motorista de aplicativo em Maringá, Paraná, é uma atividade que vai além de dirigir pelas avenidas da cidade planejada. Muitos moradores encontram nos aplicativos de transporte uma alternativa para complementar a renda ou até mesmo como principal fonte de sustento. No entanto, a concorrência elevada, as taxas crescentes dos apps e a necessidade de planejamento tornam essa jornada mais complexa do que parece.
Nesta entrevista com Ezequiel da Silva, motorista experiente que atua na região há cinco anos, exploramos os desafios e estratégias para se destacar nesse mercado competitivo. Ele compartilha insights sobre os melhores horários para rodar, os pontos ideais da cidade para captar corridas, e dá dicas para quem está começando na profissão. Além disso, revela como os motoristas enfrentam as mudanças nas taxas dos aplicativos e como adaptam suas rotinas para manter a lucratividade.
Ezequiel, você é motorista em Maringá, correto?
Ezequiel: Sim, Maringá, no Paraná.
Há quanto tempo você trabalha como motorista?
Ezequiel: Já faz uns cinco anos.
Quais são os principais desafios de ser motorista em Maringá?
Ezequiel: O maior desafio aqui é o preço das corridas, especialmente nos aplicativos maiores, como Uber e 99. Maringá tem muitos motoristas para a quantidade de chamadas, o que causa um desbalanceamento. Tem bastante demanda porque o transporte público é ruim — aqui, só existe uma empresa que monopoliza o serviço, e a qualidade é baixa. Por isso, muitas pessoas recorrem aos aplicativos.
Você acredita que há mais motoristas do que corridas na cidade?
Ezequiel: Não exatamente. Há bastante chamadas porque muita gente usa os aplicativos, mas a quantidade de motoristas é alta. Então, para quem depende exclusivamente disso, pode ser difícil.
Como é a sua rotina de trabalho? Quantas horas e dias por semana você costuma rodar?
Ezequiel: Trabalho entre cinco e seis dias por semana, de quatro a seis horas por dia, já que uso como minha segunda fonte de renda.
E quanto você costuma fazer por dia ou por mês?
Ezequiel: Como renda extra, eu faço no mínimo R$100 por dia, mas em alguns dias consigo até R$150 ou R$200, dependendo do movimento. Isso já é o valor líquido, depois de descontar custos com manutenção e combustível.
E como você avalia a demanda por corridas em diferentes horários?
Ezequiel: Eu sempre foco nos horários de pico. De manhã, das 6h às 8h30, consigo atingir boa parte da meta. Depois disso, das 9h às 11h, a demanda cai bastante. Na parte da tarde, costumo rodar entre 12h e 14h e das 17h30 às 19h, que são os horários de maior movimento. Quando não estou nesses horários, preciso escolher bem as corridas para não sair no prejuízo.
Existem pontos específicos em Maringá onde as corridas são melhores?
Ezequiel: Sim, mas eu evito o centro da cidade por causa do trânsito intenso. Prefiro ficar na zona norte, onde há mais dinamismo e menos congestionamento. Maringá é cortada pela BR-376, que chamamos de Avenida Colombo. Gosto de trabalhar em avenidas como Alexandre Rasgulaeff, Sophia Rasgulaeff e Pedro Otávio, que são corredores importantes. Isso facilita muito, principalmente nos horários de pico.
Quais aplicativos são mais usados em Maringá? E os motoristas têm algum preferido?
Ezequiel: Os mais usados são Uber e 99, mas eles pagam menos. Aplicativos locais, como Urbano Norte, Rápido Car e inDrive, oferecem taxas menores — entre 10% e 15%. Apesar disso, muitos motoristas ainda preferem Uber e 99 pela maior demanda. Infelizmente, já teve aplicativo local que tentou entrar, mas não vingou.
Você acha que a remuneração era melhor antes?
Ezequiel: Com certeza. Antes, dava para atingir a meta diária em duas horas e meia ou três horas. Hoje, preciso trabalhar pelo menos uma hora e meia a mais para fazer o mesmo valor. Além disso, as taxas dos aplicativos aumentaram muito. No caso da 99, por exemplo, elas variam de 40% a 50%, dependendo da corrida.
Você se sente seguro dirigindo em Maringá?
Ezequiel: Em geral, sim. Maringá é uma cidade planejada, com avenidas largas e sistema binário, mas ocorrem muitos acidentes por falta de atenção. Já tive um caso em que um idoso bateu na traseira do meu carro, mas ambos tínhamos seguro, então deu tudo certo. Por isso, prefiro evitar os horários e locais mais movimentados.
Você já trabalhou em outras cidades para comparar?
Ezequiel: Não. Eu prefiro rodar em Maringá e na região metropolitana, como Sarandi. Cidades menores, como Marialva ou Mandaguaçu, não compensam, pois as taxas altas dos aplicativos acabam tornando as corridas inviáveis.
Você usa algum app ou ferramenta para ajudar no trabalho?
Ezequiel: Já usei o StopClub, mas o grupo que eu participava ficou inativo. Atualmente, uso o DSW para verificar o valor das corridas e o Reboot para me comunicar com outros motoristas.
E a relação com os passageiros? Você considera boa?
Ezequiel: Sim, considero boa. Já tive alguns problemas, mas foram poucos. No geral, os passageiros de Maringá são tranquilos.
Quais dicas você daria para quem quer começar a trabalhar como motorista em Maringá?
Ezequiel: Primeiro, pesquise muito antes de entrar. Assista a conteúdos no YouTube e converse com motoristas experientes para entender bem como funciona. Não pegue corridas de valores muito baixos, porque isso incentiva os aplicativos a mandarem mais dessas. É importante conhecer bem a cidade e os horários de maior demanda. Além disso, ter um seguro ou proteção veicular é essencial. Muitos entram sem planejamento e acabam desistindo, achando que vão ganhar muito dinheiro logo de cara, mas não é assim.
Ezequiel, para finalizar, qual aplicativo você prefere: Uber ou 99?
Ezequiel: Aqui em Maringá, a 99 está pagando um pouco melhor, mas prefiro os aplicativos locais, que têm taxas menores e pagam mais justo.