Uai Motorista, como conhecido nas redes, compartilha detalhes de sua carreira e a transição para corridas corporativas: “Já transportei o Gusttavo Lima”.
Marcelo Castro iniciou suas atividades como motorista de aplicativo em 2016, e desde então, planejava produzir conteúdo para as redes sociais. O rumo das viagens mudaram, quando em 2021, ele decide investir em corridas corporativas.
Hoje, conhecido como “Uai Motorista”, acumula mais de 30 mil seguidores em seu Instagram, e já transportou figuras como Gustavo Lima e Paul McCartney.
Ele conta que a maior diferença de um serviço exclusivo das corridas por app é a organização e responsabilidade: “O cliente confia em mim e espera que eu seja pontual”.
Em seu quadro criado para o seguidores “Business com carinho”, o mineiro de BH conta o seu dia a dia como motorista particular, mas sem esquecer os grandes apps: “Para me transportar de uma região para outra ou quando estou com a agenda mais livre, ligo os aplicativos e aproveito para produzir conteúdo”, diz.
Ele detalha também o seu atendimento: “O contato com o cliente inclui pequenos gestos de atenção, como receber o cliente com uma garrafinha de água gelada ou um chiclete. É um cuidado que faz a diferença”.
Através de seu trabalho com as corridas, roda com o seu segundo carro comprado, um Chevrolet Cruze, e comemora: “Posso dizer tranquilamente que meu faturamento dobrou, meus ganhos dobraram – e isso estou jogando por baixo”.
E continua: “Muitos motoristas falam sobre faturamento, dizendo coisas como ‘Esse mês eu fiz 10 mil reais’. Mas poucos realmente fazem as contas de quanto, de fato, eles ganham.
Entrou R$10 mil no aplicativo, sim, mas qual foi o custo disso? Considerando os gastos do dia a dia, como gasolina e alimentação, a história muda. Suponha que um motorista gastou 3 mil reais em despesas deste tipo, sendo um motorista que consegue otimizar o consumo, gastando um terço do faturamento em combustível. Ainda assim, muitos gastam até metade.
Então, se ele fez R$10 mil e gastou R$5 mil só com gasolina e alimentação, no fim do mês, restam R$5 mil.E ele ainda precisa tirar a prestação do carro, se houver, e outras despesas pessoais. No meu caso, consigo ver tranquilamente um saldo positivo, mas é claro que isso foi um processo longo. Estou nessa jornada há quase cinco anos, então ainda estou no início, mas é uma construção constante.”
Como funcionam as corridas e os clientes? Há algum tipo de organização para atender a demanda de passageiros?
“Nós, do transporte executivo, operamos como uma espécie de cooperativa. Cada motorista tem a sua própria empresa, com CNPJ e todas as documentações. Quando surge um serviço maior, que demanda mais motoristas, um dos motoristas contrata os outros, garantindo assim o mesmo padrão de carro e atendimento.
Basicamente, nós temos um grupo no WhatsApp. Por exemplo, hoje estou viajando, a quase 400 quilômetros de casa. Se um cliente meu me chama para um serviço que não posso fazer, eu entro em contato com outro motorista do grupo para que ele faça o atendimento no meu lugar. Dessa forma, sempre temos serviço, e o cliente é bem atendido. Assim, acabamos criando uma verdadeira comunidade entre nós.”
Mesmo trabalhando com transporte executivo, você ainda participa de lutas da classe, como o PL/ 12?
“Sim. Eu acho importante. Imagino que você conheça o Ian. Ele é um grande amigo meu. Dentro do mundo dos motoristas, o Ian foi o melhor amigo que fiz, uma pessoa que se tornou verdadeiramente próxima. Ele é muito empenhado nessas questões, inclusive chegou a se candidatar.
Eu estive ao lado dele em Belo Horizonte durante os momentos mais importantes. Onde ele ia em BH, eu estava junto. Eu tenho que lembrar de onde eu vim. Comecei como motorista de aplicativo, e o que aprendi sobre atendimento ao público foi com os aplicativos. Sou eternamente grato por isso. Então, tudo o que for benéfico para os motoristas, eu apoio.
Não acredito mais em manifestações de rua, mas vejo a importância de comparecer a reuniões em Câmaras Municipais ou assembleias. Eu participo dessas reuniões sempre que posso. E também uso meu Instagram para incentivar outros a fazerem o mesmo. Quando as pessoas veem que estou lá, elas pensam: “Poxa, o Marcelo está apoiando, vou também.” Então, eu posto o máximo possível para incentivar”.
Quais são os seus planos para o futuro? Tanto para seus conteúdos, quanto para o transporte executivo?
“O meu sonho é continuar crescendo no transporte executivo e ajudar mais motoristas que querem migrar para esse setor. Meu foco é trazer informações que sejam úteis, não só para quem quer mudar de setor, mas também para quem quer melhorar seu atendimento no aplicativo mesmo. Para mim, uma realização seria ver motoristas fazendo um serviço diferenciado, oferecendo aquele “Business com Carinho”.
Talvez, quem sabe, até criar uma plataforma para apoiar motoristas executivos. Eu penso em um aplicativo de suporte, algo que ajude na organização e no atendimento ao cliente. Mas é uma ideia que ainda estou maturando e que, para acontecer, eu teria que encontrar um investidor. Meu sonho mesmo é poder fazer a diferença na vida dos motoristas”.