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“Esse mês que passou, tirei quase R$ 5 mil, trabalhando de 4 a 5 horas por dia”, afirma entregador

Trabalhando entre 4 e 5 horas por dia, de segunda a sábado, o influenciador percorre pouco mais de 100 km diariamente e fatura cerca de R$ 350 por dia com as entregas..

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Entrevista
Conversas com especialistas, gestores e profissionais do setor, com perguntas conduzidas pela equipe do 55content.
Homem sorridente vestindo uniforme com detalhes em laranja e lilás, posando para uma selfie em ambiente interno.
Foto: Thiago Trindade para 55content

Thiago Trindade começou no ramo das entregas há cerca de três anos. Morador da cidade de Serra, na Grande Vitória (ES), ele decidiu deixar para trás um emprego que não lhe dava satisfação, comprar uma Fiorino e apostar na logística porta a porta com o Mercado Livre. No início, a meta era apenas garantir estabilidade financeira, mas, com o tempo, decidiu começar a produzir conteúdo também.

Conhecido nas redes sociais como “Entregador Sincero”, Thiago acumula seguidores com vídeos que mostram o dia a dia das entregas, os desafios da profissão, dicas práticas para iniciantes e histórias de superação. Entre uma rota e outra, ele aproveita para gravar, responder perguntas do público e compartilhar sua visão realista, e otimista, sobre a vida nas ruas.

Nesta entrevista, ele fala sobre rotina, ganhos, riscos, estratégias financeiras, o impacto das plataformas digitais no setor de entregas e dá conselhos sinceros para quem quer começar na profissão.

Como você começou nas entregas?

Então, meu nome é Thiago Trindade, conhecido como “entregador sincero” nas redes sociais. Eu comecei há três anos nas entregas. Eu trabalhava só que estava insatisfeito na área em que eu estava trabalhando, e resolvi comprar uma Fiorino para entrar nesse ramo de entregas. E, até então, não seria porta a porta, como hoje eu faço no Mercado Livre. Seria entrega para empresa de farmácia, empresa de logística em si, levar de uma empresa para outra empresa.

Só que aí, quando eu vi que o salário era muito baixo, eu decidi procurar o Mercado Livre e vi que o salário era um pouquinho maior. Então, assim, quando eu comecei há três anos, minha intenção não era entrar nesse ramo de porta a porta. Por quê? Porque eu queria paz, entendeu? Assim, pegar de uma empresa e levar para outra, e não no porta a porta, que é mais correria. 

Mas aí você saiu do emprego que você estava e ficou só nessas entregas? Ou você estava fazendo os dois?

Fiquei só nas entregas. É uma coisa até que eu até falo no meu canal: hoje em dia as pessoas conseguem sim conciliar os dois.
Tanto com o Mercado Livre quanto com a Shopee, você consegue ser CLT e também trabalhar com entrega. Várias pessoas trabalham, por exemplo, à noite como empregado, vigilante, e de dia fazem entrega. Então, assim, com certeza há essa possibilidade de fazer as duas coisas.

E que cidade você trabalha?

Eu sou de Vitória, Espírito Santo, mais especificamente Serra.

Mas você chega a viajar, pegar estrada para alguma região, ou fica só mais na cidade mesmo?

Então, quando eu comecei, né, há três anos, eu fazia dentro da Grande Vitória, né, os bairros, que são cidades vizinhas. Hoje eu faço o interior do Espírito Santo. Eu pego aqui na Serra mesmo, onde eu moro, e vou para o interior do Espírito Santo. Viajo cerca de 1 hora, mais ou menos.

E hoje você vive com a renda das entregas e das redes sociais?

É. A rede social hoje dá para tirar um dinheirinho bom, só que é pouco, né? É pouco. Eu fiquei monetizado há pouco tempo, mas, na verdade, o meu ganho total é 100% das entregas. 99% das entregas.

E como é que você decidiu começar a criar conteúdo? Quando é que você teve esse start aí?

Quando começou o TikTok, não lembro que ano foi, eu fiz uns três vídeos. Na época que lançou aqui no Brasil e tal, eu fiz uns três vídeos. Aí, do nada, eu peguei, cancelei a conta e deixei. Só que eu cancelei a conta assim, só desinstalei o aplicativo do meu celular. E deixei lá.

Por incrível que pareça, depois que eu instalei de novo, tinha um vídeo que tinha 1 milhão de visualizações, outro tinha 500 e poucos mil e outro tinha 50 mil. Três vídeos que foram feitos na época. Aí já tinha mais ou menos umas 3.500 pessoas me seguindo, né? Só que eu não usava. Aí eu falei assim: “Ah, beleza.” Aí eu continuei fazendo os vídeos, mas vídeos aleatórios, tipo, bobeira, não na área de entrega.

Até que um dia eu falei assim: “Por que não fazer sobre o meu trabalho?” Uma coisa que eu falo é: essa área mudou a minha vida, para te falar a verdade. Na época que eu era criança, eu passava em frente a uma escola e sempre quis estudar nessa escola, uma escola particular. E hoje minha filha estuda nessa escola, que sempre foi o meu sonho. Entendeu?

Então, assim, quando eu falo de entrega, dependendo da região que a pessoa mora, entrega não é para todo mundo. Não é para todo mundo. Às vezes a pessoa mora longe do galpão, não tem um sistema de logística na cidade dela. Então, assim, a entrega, o Mercado Livre em si, a Shopee, esse ramo de entrega, mudou a minha vida.

Eu tenho dois carros, minha filha estuda num colégio que era o meu sonho, uma escola muito boa aqui da minha cidade. Então, assim, literalmente, a entrega mudou a minha vida, entendeu?

Então, eu queria passar isso para as pessoas. Às vezes as pessoas até não acreditam nos valores que, dependendo, você consegue alcançar. Dependendo da região, da semana, da época do ano, entendeu? E dependendo do quanto a pessoa está disposta também, né?

Por exemplo, hoje eu não faço mais duas rotas por dia. Só que antes de eu ter minha casa própria e as minhas coisas, eu fazia duas rotas por dia, três dias. Por exemplo, começava de manhã e chegava em casa 9 horas, 10 horas da noite.

Hoje, como estou com minha vida estabilizada, tudo certinho, e também porque folgo um pouco com a rede social, né? Então, hoje eu não faço mais. Mas vários amigos meus fazem duas, três rotas por dia, tranquilo.

E você faz entrega do Mercado Livre só? Você também faz em algum outro app?

Então, hoje eu faço 99,9% no Mercado Livre. Tem duas modalidades no Mercado Livre: Envios Extra, que é um aplicativo que a pessoa baixa, um aplicativo diretamente do Mercado Livre. Ele “toca” como se fosse um Uber. Ele toca, aparece o local para você retirar, o horário, e é a quantidade de horas, não é a quantidade de pacotes, né?

Esse é o Envios Extra. E também tem pela transportadora. Hoje eu trabalho para uma transportadora, porque a transportadora atende essa área do interior. Ela paga um pouquinho mais e, assim, é uma área mais tranquila de se trabalhar, né?

O ideal é a pessoa ter sempre dois, três cadastros, entendeu?
Exemplo: Shopee, Mercado Livre, Lalamove ou outras plataformas. Não depender só de uma. Por exemplo, eu tenho Mercado Livre pela transportadora, tenho o Envios Extra, tenho Shopee, tenho Nalog. Então, eu tenho quatro opções. Se uma falhar, se acontecer qualquer coisa, um imprevisto, eu tenho outra opção, entendeu?

Você falou que faz uma rota por dia, né? Mas que horas que você sai, mais ou menos? Ou depende? Você trabalha mais de dia, de noite?

Eu vou te falar como é que é. E como é que eu concilio também com a produção de conteúdo, pode incluir aí.

Na verdade, você trabalha como estagiário e ganha salário de engenheiro, dependendo, entendeu?

Por exemplo, eu saio hoje para trabalhar 9 horas da manhã, 8:30, 9 horas mais ou menos. Vou lá no galpão, pego a carga. Saio de casa 9 horas, 9:30 eu saio do galpão. O meu trabalho em si de entregas dura em torno de 2 a 3 horas no máximo no dia. Então, quer dizer, 1:30, como eu faço interior, é um pouquinho longe, né?

O trajeto é de uma hora para ir e uma hora para voltar para casa. Então, assim, meu trabalho não chega a ser 5 horas trabalhadas num dia. Tipo assim, um dia ruim é 5 horas. Então, eu acabo trabalhando na parte da manhã. Saio 9 horas de casa, 2 horas já estou em casa. Durante esse percurso também, como eu falo sobre entregas, é o horário que eu tô fazendo também os meus conteúdos.

Então, na hora que eu tô ali, eu gravo algum vídeo, alguma coisa nova que aconteceu, que eu posso passar para auxiliar uma pessoa sobre uma entrega. Porque, às vezes, não é só entregar. Muita gente acha que Mercado Livre é entrega porta a porta, é somente chegar na casa da pessoa e entregar. E não é. Tem várias coisas que têm por trás disso, entendeu?

Então, se aconteceu alguma coisa diferente nas entregas, eu vou lá e faço um vídeo mostrando, simulando algo para criar conteúdo para os nossos amigos seguidores.

Você lembra de alguma entrega que te marcou muito? Alguma coisa muito inusitada, ou positivamente ou negativamente?

Negativamente e positivamente, sim. Para falar a verdade, por eu ser um cara muito comunicativo, eu acabo criando muita amizade.
Exemplo: meu carro já quebrou na rua e as pessoas me ajudaram ali. Um senhor até de idade, ele é conhecido lá na região como Comandante, ficou ali o tempo todo me auxiliando. Por quê? Porque eu passo, dou bom dia, dou boa tarde, então você acaba criando amizade. 

Empresas, por exemplo: eu entrego Mercado Livre numa empresa, e a empresa me procura para saber se tem como fazer um frete para ela. Então, esse detalhe… Por isso que eu falo: a entrega em si, quando você vai fazer uma entrega, aquilo dali te gera uma conexão com a pessoa. Quando eu vou entregar numa empresa, vou entregar para uma pessoa, às vezes a pessoa tá levando ali um pacote para o dono de uma empresa. O cara ali pode gerar uma grande porta para ela. E eu sempre tenho isso na minha mente, independente se a pessoa é mais humilde, que vai me trazer, às vezes, uma palavra de experiência, ou uma pessoa muito grande.

Então, assim, tenho várias experiências boas nesse sentido. Agora, uma experiência ruim que eu acho que foi ruim, foi porque eu já fui mordido por um cachorro fazendo entrega.

Eu fui fazer entrega para um cliente e acabou que um cachorro de rua acabou me mordendo. Aí eu fui para o posto e tal, tomei mais de 10 vacinas contra raiva, porque era um cachorro de rua.

E outra situação é que como antigamente eu fazia muita periferia. O índice de pessoas que eu via armadas, polícia subindo o morro. Por exemplo, eu estava descendo de carro, e como você trabalha com celular aqui na mão, muitas vezes você vê carro da polícia subindo, farol todo apagado.

Então, já aconteceu isso: você tá subindo, a polícia mete o farol na sua cara, os caras querem te intimidar. Por quê? Porque você está distraído com aquela situação. Já tive a sensação de fazer entrega, passar em um beco, e as pessoas estarem armadas, vendendo droga, esse tipo de coisa, que é muito comum, muito comum, para quem faz periferia.

Aquela sensação que você fala: “Rapaz, esse cara vai achar que eu sou policial civil, vai querer me tirar”. Entendeu? Então, essa situação eu já passei. Mas, assim, eu nunca liguei por isso, porque, na minha vida, nas entregas, eu sempre tive um objetivo, entendeu? Queria realizar meu sonho, ter minha casa própria. Então, essas coisas, para mim, passavam despercebidas.

Maior. Eu sempre falo,  que tudo tem dificuldade. Mesmo quando chove você tem que entregar os pacotes. Ou você fica lá até meia-noite esperando a chuva passar, que às vezes é aquela chuva de verão que não passa também.

Então, já passei por situações debaixo de chuva fazendo entrega, e isso é muito comum. Sol quente, chuva. Então, para quem quer entrar nessa área, tem que entender que situações assim são muito comuns.

E agora falando de valores, quanto você consegue assim mensalmente, uma média?

Eu não gosto de falar muito quanto eu ganho. As pessoas me perguntam isso nas lives que eu faço, mas eu não gosto muito de falar de mim. Porque às vezes a pessoa se baseia no Entregador Sincero e fala assim: “Pô, o Entregador Sincero ganha bem. Se pegar e trabalhar de segunda a sábado, vezes tanto por semana, dá tanto durante o mês. Pô, é muito dinheiro”.

Exemplo, pra você aqui: esse mês que passou, tirei quase R$ 5.000, trabalhando de segunda a sábado. Eu trabalho só de segunda a sábado, né? E trabalho ali 4, 5 horas por dia. É um serviço ruim? Não, é bom. Tem a manutenção do carro, tem tudo. Mas eu gosto de falar a média que as pessoas ganham, entendeu?

Vou falar de dois cenários. A minha diária é uma diária fixa, né? Eu saio com um valor de R$ 320 e mais bonificações — bonificações de distância, bonificação de parada, de pacote. Então, além da diária ser fixa, eu ganho algumas bonificações, que chegam em torno aí de R$ 350 por dia, tá?

Você quer que eu fale também quanto que eu gasto por dia ou depois? A média que eu ganho é R$ 350 por dia, né? A média é essa.

Só que a pessoa que entra hoje no Envios Extra, que é o aplicativo do Mercado Livre, a média dela é de R$ 165 a R$ 185. Isso, com carro de passeio. Carro de passeio, o cara tem um carrinho comum lá, é essa média. Já na Shopee, o ganho é um pouquinho maior. A média da Shopee é R$ 230, com carro de passeio.

E na Fiorino, tanto no Mercado Livre quanto na Shopee, a média que pagam no Brasil é R$ 300. Tem gente que ganha um pouquinho a mais, tem gente que ganha um pouquinho a menos, só que a média é R$ 300 na Fiorino, né?

Aí você falou dos gastos, quanto desses R$ 350 por dia você gasta e quanto fica para você?

Então, eu gasto em média, de combustível, R$ 50 a R$ 55 por dia. E eu costumo tirar mais 20% da rota, é o que eu oriento todo mundo a tirar. Que no meu caso dá uns R$70.

Então, você separa esse valor como caixa. Não é que vai usar só para manutenção. Pode ser que, no decorrer de seis meses, o seu caixa de manutenção esteja cheio. Aí você pensa: “Não vou precisar disso tudo”. Pode retirar uma parte para pagar alguma despesa pessoal. Mas o ideal é tirar 20% da rota por dia.

Fiz até uma enquete recentemente no Instagram. A maioria das pessoas não separa dinheiro para manutenção do carro. Por exemplo, hoje meu carro apresentou um defeito. Levei ao mecânico, ele consertou, foi um valor baixo. Mas, se eu não tivesse esse dinheiro de reserva, o que aconteceria?

Isso é muito comum: a pessoa não guarda nada. O carro quebra, o funcionamento fica comprometido, e no dia seguinte ela não consegue trabalhar. Ou seja, perde os R$ 350 que ganharia. Muita gente reclama: “Poxa, 20% é muito”. Então guarda 10%, qualquer valor que conseguir. Não consegue separar R$ 50 ou R$ 60? Separa R$ 20.

É importante ter uma reserva. Eu sempre faço isso: gasto em média R$ 50 a R$ 55 de combustível por dia e separo 20% do que ganho para manter essa margem.

E aí, nessas horas do dia em que você roda, você percorre quantos quilômetros, mais ou menos, por dia?

Minha média, como trabalho no interior, é de 100 a 110 km por dia. Isso contando desde a hora que saio de casa, vou até o galpão, embora essa não seja a conta ideal, porque o que a empresa considera é do galpão até o fim da rota e a volta ao galpão. Mas, para efeito pessoal, eu conto desde minha casa, passo no galpão, faço a rota e retorno. Dá essa média, 100 a 110 km por dia, de forma geral.

Às vezes a rota não é fixa, mas, de forma geral, esse é o padrão.

Ah e nessa área você não tem escala de faturamento. Para ser sincero, o valor é praticamente fixo por dia. Não existe segredo de faturamento. Eu até comento isso com minha esposa. Essa é uma área em que ou você roda 100 km e ganha R$ 350, ou roda 200 km para ganhar R$ 700. São essas as opções.

Já usei várias estratégias. Uma delas era fazer uma plataforma pela manhã, como Shopee, e à tarde trabalhar no Mercado Livre. Até uns três meses atrás, essa era minha rotina: Shopee de manhã, Mercado Livre depois das 14h.

Dá para combinar as duas. Muita gente faz isso, especialmente quem trabalha como motorista de aplicativo. A pessoa pode fazer uma rota de entrega pela manhã e, à tarde, dirigir pela Uber tranquilamente até umas 20h ou 21h.

É viável combinar, mas a verdade é que não dá para escalar. O valor médio gira entre R$ 300 e R$ 350. Acima disso, é difícil.

Você acha que vale a pena ser entregador em 2025? Indicaria para alguém?

Indicaria, com certeza. Mas tem um ponto muito importante: antes de fazer qualquer cadastro, a pessoa precisa verificar se existe um galpão próximo da casa dela.

Infelizmente, aqui no Espírito Santo, o maior fluxo de entregas está concentrado na cidade da Serra, onde eu moro. O estado tem várias cidades, mas esse trabalho só funciona bem em algumas específicas, com maior volume de entregas.

Então, eu recomendo, sim. Mas a pessoa tem que avaliar a logística. Por exemplo, se mora a 50 km do galpão, não compensa. Ela vai ter que ir até o galpão, fazer a rota e depois voltar mais 50 km. O custo total inviabiliza o trabalho. Agora, se mora perto, sem dúvidas, vale muito a pena.

E o que você diria para alguém que está começando agora ou que pensa em começar na área de entregas? Tem alguma dica?

Além de verificar se tem um galpão por perto, é entender que os primeiros dias são difíceis.

Sempre conto a minha experiência. Meu primeiro dia foi maravilhoso. Voltei para casa animado, falei: “É isso que eu quero”. Foi numa sexta-feira, 13 de maio de 2022. Deu tudo certo.

Mas o segundo dia foi um desastre. Chorei no carro. Fiquei super frustrado, não consegui entregar tudo. Comecei por volta das 10h ou 11h da manhã, fui terminar quase meia-noite. Cheguei em casa com o celular descarregado. Foi tenso.

Por isso eu sempre digo: tenha paciência. Os primeiros dias são desafiadores. Vão acontecer situações fora do seu controle. O carro pode quebrar, pode chover, o celular pode falhar. Mas, com o tempo, tudo melhora.

Hoje, por exemplo, pego uma quantidade de pacotes e entrego com muita facilidade. As pessoas até se surpreendem: “Já terminou?”. A experiência faz muita diferença. No começo, é mais complicado, mas depois você se adapta.

Entrega, no fim das contas, é simples. Não é fácil, mas também não é difícil. Como eu costumo dizer nos meus vídeos: entrega é tipo 1 + 1 = 2. É direto, objetivo.

E agora, para finalizar, queria que você me falasse: imagino que nas redes sociais você receba muitas perguntas. Quais são as dúvidas mais comuns em relação às entregas? Qual é a principal dificuldade relatada por quem trabalha na mesma área que você?

O principal questionamento das pessoas hoje é o excesso de motoristas para pouca demanda de entregas. Há uma procura muito grande por trabalho, mas a quantidade de rotas não acompanha esse número. Por exemplo, na Shopee, às vezes aparecem 60 rotas disponíveis, mas há 400 motoristas cadastrados esperando. O rodízio fica muito grande.

Antigamente, os entregadores mais antigos conseguiam fazer até seis rotas por dia. Hoje, muitos fazem apenas duas ou três. No Mercado Livre, funciona como um aplicativo de transporte: a rota toca hoje para ser feita amanhã ou no mesmo dia. Só que, muitas vezes, quando se aproxima o horário de carregar no galpão, a rota é cancelada.

Essa é uma grande dificuldade para quem está começando. A quantidade de veículos disponíveis é muito maior do que a demanda, dependendo da região.

Eu ia perguntar isso: será que essa situação é só aí na sua região? Porque, por exemplo, aqui em São Paulo, tem muito mais entregador. Mas talvez a demanda também seja maior.

Tenho muitos seguidores de São Paulo, de diferentes perfis. Tem gente que manda print mostrando o faturamento, dizendo que está fazendo duas rotas por dia. Mas também recebo mensagens de pessoas que não conseguem nenhuma. Então, varia muito.

Há galpões em São Paulo com rotas sobrando, precisando de motorista. Em contrapartida, em outros locais está saturado. No Sul, por exemplo, se não me engano, em Santa Catarina, tá com falta de entregadores e motoboys. Lá, dá para trabalhar com moto, carro de passeio, Fiorino e até caminhões pequenos, como o VUC. Existem regiões com muita demanda e outras em que o mercado já está saturado.

Mas a tendência é melhorar. As compras online só aumentam. Ontem mesmo, aqui em casa, comprei uns cinco itens: presente para minha filha, coisas no Mercado Livre, na Shopee. Hoje em dia, ninguém quer mais ir a lojas físicas. Você compra pela internet e recebe em casa, com conforto e praticidade.

Por exemplo: dependendo de onde a pessoa mora, se quiser comprar um fone de ouvido como esse que você está usando, é mais rápido pedir pela internet do que sair de casa e ir até um shopping. O produto pode chegar no dia seguinte.

Isso mostra como o custo-benefício da entrega é vantajoso. E, quando chega o fim do ano, a demanda aumenta ainda mais. Tem entrega para todo mundo.

Comecei a gravar vídeos há pouco tempo, acho que em outubro do ano passado. Quando chega outubro, com o Dia das Crianças, e depois vem novembro com a Black Friday, até dezembro, é uma correria. Você não para. A Black Friday então? É uma loucura.

Todo mundo quer ganhar dinheiro nessa época. Por isso, digo sempre: quem estiver com o cadastro ativo vai aproveitar. Agora estamos numa fase de baixa, mas já está começando a melhorar. De janeiro até agora, o movimento caiu porque as pessoas estão viajando, curtindo carnaval e aproveitando os feriados.

Nessa fase, muitos aplicativos pausam, seguram rotas. Mas quando chega setembro, eu recomendo que todo mundo faça o cadastro e comece a rodar. Porque no Mercado Livre existe um sistema de níveis, e ele influencia diretamente na quantidade de rotas que você recebe.

Os níveis são Bronze, Prata, Ouro e Platina. Quem está no Platina, por exemplo, chega na terça-feira e já tem a semana toda programada com rotas disponíveis. Quem está no Bronze não tem essa vantagem, fica esperando disponibilidade.

Por isso, quem começa a rodar no fim do ano já sobe de nível e, quando chega janeiro, tem muito mais acesso a rotas. Esse nível é definido com base em três fatores: a quantidade de entregas feitas, a conclusão das rotas sem devolução de pacotes e a ausência de reclamações.

Esses são os critérios que o Mercado Livre utiliza para classificar os entregadores e liberar mais rotas.

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